
"Tomar consciência de que a religião nos governa pode ser efeito de razão ou de intuição, mas é talvez o que mais importa para interpretar a nossa liberdade. Em plano mais largo vemos, e com ver sofremos, a crise religiosa a explicar a difusão do mal no mundo moderno. Estou cada vez mais longe de pensar que a crise religiosa se resolve pela politização, pois sempre me pareceu erróneo o caminho proposto à Igreja de imitar o Estado ou de formar partido. A solução da crise está em dar aos actos religiosos, desde a simples prece à mais complexa liturgia, a interpretação filosófica do nosso tempo. Não vejo que seja essa a opção preferida em Portugal. Fala-se de mais em justiça, e de menos em Verdade. A Igreja transigiu perigosamente com hipóteses que abalam a fé, ou que se proclamam contrárias aos artigos da fé. O espectáculo público do Natal, neste ano de Cristo, é bem triste para quem tome consciência da vida religiosa que os Anjos mais significam que os Animais. (…)"
excerto