A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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quarta-feira, 18 de maio de 2011

MIGUEL TORGA NA PENA DE MANUEL ANTUNES S.J.


DA MEMÓRIA… JOSÉ LANÇA-COELHO

Quem se debruçar sobre a obra do fabuloso erudito padre Manuel Antunes, - o único professor catedrático da Faculdade de Letras que juntamente com David Mourão- Ferreira não precisou de prestar provas para ocupar a cátedra -, encontrará no seu livro Legómena – Textos de Teoria e Crítica Literária (1), múltiplas referências a escritores portugueses e estrangeiros, nomeadamente, a Miguel Torga.

É sobre as alusões de Manuel Antunes ao poeta de S. Martinho de Anta que nos vamos debruçar.

As primeiras referências a Torga surgem no ensaio intitulado «Panorama Literário Português de 1952» (2) e reportam-se à poesia. Assim, depois de falar de José Régio e do seu irmão Saul Dias, escreve o seguinte: “Outro poeta que também fez parte da ‘Presença’, mas que, breve, se autonomizou pela descoberta e pela adesão a um telurismo agónico, Miguel Torga, deu-nos ‘Alguns Poemas Ibéricos’ onde se encontram das coisas mais significativas da sua maneira, apesar de, pela contextura exterior, o livro se aproximar da ‘Mensagem’ de F. Pessoa. É que, antes de ser europeu – que o é, como demonstram certos fragmentos do seu ‘Diário’ – M. Torga é visceralmente peninsular: do centro, não da orla marítima.” (3) Da apreciação antuniana ressaltam três ideias charneira, a reter: telurismo agónico, semelhança com a Mensagem pessoana, e, visceralmente peninsular do centro. A primeira e a última radicam no simbolismo do seu pseudónimo: Torga, a pequena urze que resiste às inclemências do clima transmontano; Miguel como Cervantes, Molina e Unamuno. A segunda referência tem como tema a produção novelística do autor, isto é, “certos contos de Miguel Torga” (4)

A referência seguinte a Torga encontramo-la no ensaio «Pequena Crónica de Poesia» (5), quando Manuel Antunes ao analisar a poesia de A. Leitão a compara com a do vate de S. Martinho de Anta, escrevendo: “Como Miguel Torga, em certos de seus momentos, fatalista e revoltado: Faço-me altivo ao rumo de acabar/ Já que fui resolvido na matriz/ Num gesto – sorte de moeda ao ar!” (6)

A próxima referência ao autor de Bichos surge no artigo «Aspectos do Panorama Literário em 1953» (7), quando Antunes escreve o seguinte sobre o Diário VI, uma das obras paradigmáticas deste escritor e, que atingirá a edição de 16 volumes:”Miguel Torga prossegue um longo diálogo, em prosa e verso, sobre o destino do homem e o nosso destino de povo. Revolta contra o Absoluto ou aceitação da Transcendência? Europeização ou nacionalismo? E o autor vai optando pelos primeiros termos sem que, no entanto, a decisão final tenha sido dada. É trabalho para mais largo e atento estudo.” (8)

A derradeira referência a Torga aparece no artigo «Aspectos do Panorama Literário Português de 1954» (9) quando Antunes fala do livro da poesia torguiana, Penas do Purgatório, vencedor do Prémio Almeida Garrett, e do de Adolfo Casais Monteiro intitulado Voo sem Pássaro Dentro, afirmando que ambos têm em comum: “o antiteísmo e a vontade crispada de se fincarem na terra, de aderirem à terra; o irrequietismo insatisfeito, atravessado, lá bem no fundo, porquê? Pela nostalgia duma perfeição, dum universo entrevisto melhor. Mas este drama, idêntico na raiz – substancialmente idêntico – diversifica-se. Em Torga, aparece-nos o homem como que talhando-se vivo no próprio ser, criando-o e criando-se a si mesmo como um absoluto: daí a forma rude, descarnada, essencial, mas completa. (…) Dois poetas da revolta, vivos hoje, nestes nossos tempos prometeicos mas, talvez mais vivos ainda pela afirmação de Amor que essa revolta, no fundo, implica.” (10)

1 – Manuel Antunes S.J., Legómena – Textos de Teoria e Crítica Literária, Organização e selecção de Maria Ivone de Ornellas de Andrade, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1987, 587 pp.
2 – Id., ibid., pp. 233-241.
3 – Id., ibid., p. 234.
4 – Id., ibid., p. 238.
5 – Id., ibid., pp. 246-251.
6 – Id., ibid., p. 250.
7 – Id., ibid., pp. 285-292.
8 – Id., ibid., pp. 290-291.
9 – Id., ibid., pp. 363-370.
10 – Id., ibid., p. 364.