
Lusitânia ante a Ibéria
Parece estar fora de dúvida a presença de uma forte tendência iberista no regime instaurado em 1910. Um século depois, sentimos renovadas lufas de iberismo, sem pejo de dissolver o nosso nome próprio no nome de Ibéria, como se esta fosse o Eldorado, a solução para acabar com o desemprego e para melhorar as execuções económico-financeiras. Chegámos ao ponto de os meios de comunicação social procederem à alteração das nomenclaturas protocolares. Outrora, as cimeiras entre Portugal e Espanha eram designadas luso-espanholas, mas agora o adjectivo dúplice vê-se anulado no adjectivo unicista. Há quem seja incapaz de aludir aos povos evitando o nome Ibéria, e até no futebol, caso que julgamos derivado, não de ideologia, mas de ignorância político-cultural. Todavia, também temos venerados grandes pensadores do Regime que não se cansam de erigir altares à Ibéria, cujo pé de altar é, eventualmente, pago por entidade portuguesa.
(excerto)