A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

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Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Da Filosofia Portuguesa como via para o Reino do Espírito

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Há um duplo paradoxo que assiste a todo o ideário de uma filosofia nacional, seja qual for a pátria de que se fale: a universalidade como meta/física de todo o saber filosófico e o saber filosófico como um ir-se fazendo em imanência.

Paradoxo, este, que não releva de um erro do pensamento, mas da própria essência de todo o pensar, dimensão humana em que o homem, no uso da sua razão natural, almeja superar os limites temporais e circunstanciais da sua própria racionalidade e inscrever no texto da história do mundo uma transcendência: enquanto duração para além deste espaço e deste tempo – aquela em que a razão, pensando, é legislada pela ontologia do mundo, acima de parcelares sistemas e pequenas ideologias, em que a humanidade se digladia e perde.

Na aporia de questões complexas progride-se assentando acordo em chão simples. Há uma Filosofia Portuguesa porque há uma Língua Portuguesa e, no paradoxo que referimos, é a língua que nos permite esclarecer de que chão partimos. Nenhum linguista ou teórico da Literatura colocaria em causa a existência de literaturas nacionais, ou seja, de uma visão do mundo circunstancial, inscrita nas possibilidades semânticas e sintácticas de uma língua.

Na língua, em qualquer, se encontra o mesmo paradoxo do pensar. Por um lado, a língua é um modo do tempo histórico, perecível e parcial, matéria que serve o pensamento, na sua existente expressão acidental. Por outro lado, a língua é fala do ser, que abre a razão individual à ontologia do mundo que a faz ser pensamento e espírito: o Verbo, a língua como sopro vivo, o perturbador Rouach criador.

Ao tomarmos a língua como matéria activa – que, ao servir o pensamento, não pode senão fazer-se ser, e esse fazer-se ser tornar-se a forma do pensamento –, só poderemos esclarecer o aparente paradoxo metafísico colocando-o na diferença concreta entre âmbito nacional e âmbito civilizacional de uma língua. É esse âmbito civilizacional que acontece como universalidade mensurável. A Língua Portuguesa é um modo nacional da Civilização Mediterrânica, nas suas componentes helénica, latina, judia e islâmica. A etimologia o demonstra, muito para além do campo estritamente semântico e até onde cada sema é uma coluna modelar de uma civilização específica: ideias; sentimentos; ciências; política; moral; estética; etc.; ou um epocal pendor para o espanto, o temor, ou a confiança.

As filosofias nacionais existem porque as línguas nacionais existem, condicionando visões do mundo, históricas, efémeras, e intrinsecamente tão perecíveis quanto as Culturas. Atenas não é mais e, em rigor, o que os Gregos antigos pensaram, só é compreensível para nós a partir do que reconhecemos na sua sabedoria como ainda actual, na medida em que continua a ofertar respostas e questionamentos ao nosso tempo histórico. Ou seja, a Filosofia Grega, nacional e sua, conserva-se enquanto pensar, para o homem contemporâneo, por tudo o que, na sua substância própria, alcançou a universalidade. Contudo, esta universalidade não é o território metafísico de uma verdade absoluta, mas uma extensão maior, sígnica, simbólica e ideal, a que hoje chamamos Civilização Ocidental – como contributo de diversas sabedorias nacionais que se fundiram numa sabedoria civilizacional.

A realidade de uma Língua Portuguesa (se outras provas não houvessem) é o garante da existência de uma Filosofia Portuguesa, enquanto pensar específico, que compete com outras filosofias nacionais, no afã humano de determinar o que será a civilização do futuro. Porém, no que concerne à Filosofia Portuguesa, podemos estar já certos do seu lugar na universalidade: porque há uma Civilização Portuguesa, enquanto etapa da transformação da Civilização Mediterrânica na vindoura Civilização do Mundo – que não aceitamos que seja a hegemonia da Civilização Ocidental, mas o Reino do Espírito.


Jesus Carlos


Publicado:
http://mil-hafre.blogspot.com/2010/08/da-filosofia-portuguesa-como-via-para-o.html