A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
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Donde vimos, para onde vamos...

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Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

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terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Granja, uma nova moeda local

Troca de bens e serviços como novo sistema
Primeira mercearia solidária do país abriu ontem na Granja do Ulmeiro

Artigo do Jornal de Notícias

A mercearia solidária inaugurada ontem, sábado, na Granja do Ulmeiro, Soure, pretende criar um novo sistema financeiro, no qual pessoas que não tenham acesso a bens os possam ter por troca com outros produtos. As trocas são mediadas por uma moeda social.

"Muitas senhoras daqui alguma vez pensaram ir à cabeleireira ou fazer uma limpeza de pele? Nunca, até porque são pessoas sem grandes meios que vivem da agricultura", explica Teresa Cunha, presidente da Acção para a Justiça e Paz (entidade promotora da iniciativa). No entanto, prossegue, "este sistema dá acesso a isso, e em contrapartida, dentro do mercado, essas senhoras arranjam produtos hortícolas, ou rendas, por exemplo".

Os produtos cedidos à mercearia solidária são mediados por uma moedas social, as "granjas", atribuídas a cada objecto. À entrada é possível ver a tabela de valores: um blusão custa 10 granjas, umas calças cinco, vinagre, sal, chá ou cereais duas. "Cada coisa que a pessoa põe ao serviço da comunidade é traduzido num valor de moeda. E com esse valor vai comprar outra coisa que tenha necessidade", afirma Teresa Cunha. A troca pode também ser feita em serviços, como cuidados médicos básicos ou até mesmo companhia.

Moradoras gostam

Julieta Rente e Amélia Castanheira são domésticas e vivem na Granja do Ulmeiro. Ontem, na inauguração da mercearia solidária, levaram sacos de laranjas e limões, sem precisarem a quantidade. "Era o que tínhamos e trouxemos", contam. O dia de ontem foi passado a ver o que havia no espaço (na sede da Acção para a Justiça e Paz). "Vamos ver o que é que há aqui e o que podemos trocar", explica Julieta Rente, satisfeita com a ideia. "É inovadora e esperemos que dê resultado".

Noutra sala, ao lado do espaço da mercearia, encontra-se Piombina Aleixo, reformada de 72 anos. "Hoje ainda não trouxe nada, foi só para conhecer. Mas tenho lá em casa bens alimentícios, uns feitos por mim e outros vindos da agricultura, que conto trazer", assegura. O que procura ainda não sabe, mas o que já tem na sede da instituição não tem valor nem em moeda social. "Companhia e amizade. Comprado já não é muito bom", graceja. Piombina considera o projecto da mercearia solidária "belíssimo" e um bom motivo para sair de casa.

Projecto pioneiro

A mercearia solidária da Granja do Ulmeiro é, segundo as responsáveis da Acção pela Justiça e Paz, a primeira do género em Portugal. "Há outro tipo de comércio social no país, mas nestes moldes é o primeiro", explica Teresa Cunha. A instituição tem também colaborado com iniciativas semelhantes, como em São Brás de Alportel, no Algarve. "Há muitas iniciativas de mercado solidário abaixo do Tejo, normalmente em zonas mais rurais, e em que a população tem menos recursos financeiros", justifica.

A iniciativa é apoiada por alguns parceiros locais, como a Junta de Freguesia da Granja do Ulmeiro e a Câmara Municipal de Soure, e por entidades privadas, como a Fundação EDP e os supermercados Lidl e Pingo Doce. O presidente da Junta de Freguesia da Granja do Ulmeiro, António César Gomes, mostra-se esperançado no sucesso do projecto. "Podem contar connosco para estas iniciativas, no que pudermos fazer", revela.

Notícia do Jornal de Notícias - 21 Fevereiro 2010 - link
Secção: País - Coimbra - Soure

Autor: JOÃO PEDRO CAMPOS



Publicado por João Carlos Aguiar em:
http://umoutroportugal@blogspot.com

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