Ascende ao profundo
a epiderme do mundo
a ilusão da distância
a música o silêncio
na morte a culminância
a ferida de tudo ao rubro
transfiguração
de mãos dadas antes de ter
se nada se agarra nada se perde
sonhar é o avesso de ter que viver
nada se tem nada extravasa a promessa
de nos vermos soltos de querer
não ter pátria outra que a Perdição
a vida revolta de dentro feita canção
a seiva a voz sempre recém-nascida
não pode ser colhida
nectarina pura e bela
bebida na fonte
com a frescura de não ter sido
no Longe a festa não é um fim
o beijo em visão
a esperança em agonia
resumo de toda a presença
na percuciência da luz
instantes de esquecimento
sem espaço ou tempo ou demora
o impossível a ser agora
impreterível e abrupto
Um belo poema de Paulo Feitais em homenagem a Lhasa de Sela, artista transcultural que recentemente partiu. Que permaneça na Luz!
Publicado em:
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