DA MEMÓRIA…JOSÉ LANÇA-COELHO
O REI D. SEBASTIÃO NASCEU HÁ 456 ANOS
O malogrado rei de Portugal, D. Sebastião, nasceu há 456 anos, no dia 20 de Janeiro de 1554, dezoito dias depois da morte de seu pai, o príncipe D. João, ocorrida a 2 de Janeiro de 1554, falecido com apenas dezasseis anos e sete meses incompletos.
A mãe de D. Sebastião, a princesa D. Joana, filha de Carlos V, ausentou-se de Lisboa em 15 de Maio do mesmo ano, nunca mais voltando a Portugal, embora defendesse os direitos do filho na corte espanhola.
Órfão de pai e, tecnicamente, de mãe, D. Sebastião teve como aio, desde os cinco anos, D. Aleixo de Meneses, veterano das campanhas de África e da Índia, como mestre o padre Luís Gonçalves da Câmara, confidente de Santo Inácio de Loiola, e como professor de matemática o célebre Pedro Nunes.
Coroado rei em 1568, quando perfez os catorze anos, mostra-se determinado, apesar da difícil situação internacional. Em 1574, vamos encontrá-lo durante um mês nas praças marroquinas de Ceuta e de Tânger, onde se inteira dos ataques dos piratas berberes, tanto no norte de África como no Algarve.
Em 1577, o papa Gregório XIII concede auxílio financeiro ao rei português, para que este impeça a expansão turca em Marrocos. Ainda neste mesmo ano, D. Sebastião propõe a Filipe II o casamento com sua filha Clara Maria Eugénia, porém, o rei espanhol recusa.
No ano seguinte, a 4 de Agosto de 1578, o rei D. Sebastião morre na batalha de Alcácer Quibir, embora seja esperado com ansiedade em Portugal, devido ao perigo da independência passar para as mãos do rei espanhol Filipe I, daí que o seu cognome seja o Desejado. O facto do rei nunca ter voltado originou, por um lado, que, pelo menos, três aventureiros se tenham apresentado como sendo o verdadeiro monarca, o que lhes valeu a morte e, por outro, exacerbou uma característica da alma portuguesa, identificada desde então com o nome de Sebastianismo.
No seu livro Mensagem, Fernando Pessoa dedicou a este monarca, o seguinte poema:
D. SEBASTIÃO
REI DE PORTUGAL
Louco, sim, louco, porque quis grandeza
Qual a Sorte a não dá.
Não coube em mim minha certeza;
Por isso onde o areal está
Ficou meu ser que houve, não o que há.
Minha loucura, outros que me a tomem
Com o que nela ia.
Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?