
DA MEMÓRIA…JOSÉ LANÇA COELHO
Wolfgang Amadeus Mozart nasceu a 27 de Janeiro de 1756. Com seis anos, estreou-se no mundo da música, ao lado da sua irmã Maria Anna, com concertos de piano, primeiro, na corte de Viena, e depois, numa ‘tournée’ entre 1763 e 1766, por várias cidades alemãs, a que se seguiram Paris e Londres, onde foi fortemente influenciado por Bach.
A precocidade é uma característica da sua personalidade, assim, aos nove anos escreveu a sua primeira ópera, intitulada Apolo e Jacinto. Com onze, a pedido do imperador José II, compôs a ópera La Finta Semplice e a ópera cómica Bastien et Bastienne, que se estrearia em Viena em 1768. Com treze, o arcebispo de Zalzburgo nomeou-o seu concertino.
No ano seguinte, 1769, realizou nova ‘tournée’, desta vez a Itália, donde voltou impressionado com a ópera italiana.
Doze anos depois muda-se para Viena e, no ano seguinte, 1782, após a estreia da sua ópera O Rapto do Serralho, casa-se com Konstanze Weber, de quem terá seis filhos, de que apenas sobrevivem dois varões. Durante este período, as condições económicas do casal Mozart agravam-se, no entanto, é a ele que correspondem a produção das suas obras-primas como: o Requiem, As Bodas de Fígaro 1786, Don Giovanni 1787, A Flauta Mágica 1791.
Em termos musicais o mérito principal de Mozart é o desenvolvimento da sonata, do quarteto de cordas, do concerto instrumental e da sinfonia.
Relativamente à ópera, libertou as formas herdadas da ópera séria, ópera-bufa e Singspiel vienense dos seus esquemas rígidos, transformou em actores as figuras simbólicas, e forneceu uma importância dramática à música através da expressão referenciada ao texto, da ampliação das cenas finais e da acentuação das cenas de conjunto.
O índice temático das obras de Mozart, para além do Requiem e das óperas, engloba 40 sinfonias, 40 canções, 31 serenatas, 43 concertos instrumentais, mais de 30 quartetos de corda, entre outras inúmeras e variadas composições musicais.
Amadeus Mozart faleceu em Viena a 5 de Dezembro de 1791.
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DIÁRIO DO ESCRITOR
RENOVAÇÃO
Vim ao Alentejo
no início da Primavera
reabrir o grande livro da natureza,
mas foi esta que mais uma vez
me desflorou os olhos,
desfolhando-me as folhas das árvores,
dando-me o chilrear duma multidão de pássaros,
mandando-me o balir das ovelhas aguilhadas pelo Sol,
colorindo-me os pés com as flores silvestres,
enquanto o quente do vento me ciciava
- ‘volta para o ano que a eterna renovação
da vida cá te espera’ -,
e eu, na minha mesquinha finitude,
deixei-me iludir e acreditei que regressarei.
Para o ano se verá,
se a natureza me concede esse supremo dom,
que tão naturalmente é dado aos mortais.
JOSÉ LANÇA-COELHO, 27 de Janeiro de 2010