"Deram-me para ensinar, eu ainda era muito jovem, deram-me para ensinar uma classe de meninos do quinto ano, plena adolescência, repetentes, eram sujeitos que nunca tinham estudado, uma turma, sabe, a coisa mais tremenda que eu vi na vida. O meu discurso foi simples. Enquanto o empregado fazia a chamada deles, eles estavam em completa desordem, faziam o que queriam, com aquele rapaz novo como professor, ah, para eles tinha de ser uma coisa… Quando aquilo acabou eu fiz uma coisa simples. Olhei para o número um até ele ficar sério, quando ele ficou sério olhei para o número dois. E fui até ao número 31 da classe, um a um. Quando acabei o silêncio era absoluto naquela aula. Não imagina o que era aquilo. E eu depois disse: os meus amigos vão escolher qual é o processo de ordem que querem, eu tenho dois à escolha – o processo da cavalaria da Guarda Republicana que eu sei aplicar como ninguém e o processo das pessoas estarem contentes umas com as outras e a conversar umas com as outras e a vida se levar alegremente – os meus amigos escolhem e na próxima aula não precisam de dizer, eu olho, vejo como é e aplico aquele que os meus amigos escolheram. Ora, foi uma vida deliciosa até ao fim do ano."Agostinho da Silva, inédito
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