A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Ainda sobre a sessão de Sábado, em Amarante

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Teve lugar no Sábado, dia 12 de Dezembro de 2009, na Biblioteca Municipal Albano Sardoeira, a apresentação do número 4 da revista Nova Águia cuja edição é maioritariamente dedicada a Teixeira de Pascoaes. Esta publicação apresenta como temas principais: Pascoaes, Portugal e a Europa. Foi ainda assinalada a proximidade da comemoração do aniversário do falecimento do reconhecido autor que perfez 57 anos no dia 14 de Dezembro.

Dirigida por Paulo Borges, Celeste Natário e Renato Epifânio, a revista pretende retomar o caminho de uma das mais importantes revistas do panorama cultural e literário do início do séc. XX intitulada “A Águia”, que contava, então, com a colaboração de importantes figuras da cultura como Teixeira de Pascoaes, António Sérgio, Fernando Pessoa e Agostinho da Silva.

Este número conta com a participação de vários autores e inclui um CD com uma palestra de Teixeira Pascoaes, gravada em 1952, no Porto, com os contributos de nomes como Adriano Moreira, António Cândido Franco, António Telmo, Joaquim Domingues, Manuel Ferreira Patrício, Manuel Gandra, Miguel Real e Pinharanda Gomes, entre outros. A Câmara Municipal de Amarante prestou, também, o seu contributo ao ceder texto e desenho únicos de Ilídio Sardoeira, conhecedor da obra de Pascoaes.

Estiveram presentes nesta iniciativa Armindo Abreu, Presidente da Câmara Municipal de Amarante; Salvato Trigo, Reitor da Universidade Fernando Pessoa; o ex-deputado Pedro Baptista; João Mota, da Associação Marânus; Celeste Natário, directora da publicação e o jornalista Carlos Magno na função de moderador.

Esta sessão teve como intuito abordar a relevância do pensamento do filósofo num Portugal geograficamente encostado à Europa, mas aparentemente arredado do espírito da modernidade ocidental, apelando à participação das elites intelectuais na redescoberta do homem e do escritor.
O legado de Pascoaes revela-se no contexto actual, revestindo-se na ânsia, e cada vez mais necessidade, de um Portugal europeu, mas sem se alienar da sua identidade, da sua alma.

Pedro Baptista exaltou a dimensão criativa da alma lusitana, advertindo sobre a necessidade de reclamar a importância da intuição e do génio criador, aspectos já referentes em Teixeira de Pascoaes. Por entre passagens da obra, traçou a linha da continuidade entre o passado e o futuro, entre a Saudade e o Desejo. Salientou a ideia de que o pensamento do autor, mais do que o pensamento de um homem, é o pensamento do Homem. Salientou a obra colectiva que Pascoaes advogava, tecendo uma crítica às elites enquanto entrave à emergência e afirmação de uma alma nacional.

Pascoaes evoca a urgência do excesso ou desmesura para a transcendência diante da esterilidade e apatia do senso comum. Aos jovens atribui-lhes a responsabilidade de encetarem este trajecto, esta luta. É preciso ir buscar as raízes e projectá-las no futuro, no sentido de construir uma alma, simultaneamente, lusitana e universal.

Também aos organismos políticos está reservado um papel não menos preponderante: o dever de veicular esta alma nacional, através de “leis modernas, breves e claras”.

Pascoaes, qual visionário, antecipa o debate sobre a regionalização, perspectivando o Estado como uma Confederação de Municípios autónomos quanto à sua própria vida, mas intimamente ligados na vida comum nacional. O intelectual amarantino anui ao Manifesto-Programa Federalista de Teófilo Braga e Jacinto Nunes, entre outros, sendo rejeitado posteriormente em favor da concepção de uma República unitária parlamentar. Pascoaes deseja um povo livre de intermediários autocráticos que promovem a alienação burocrática, retalhando a identidade nacional.

O “regionalismo” de Teixeira de Pascoaes assume-se como a solução para o problema da articulação entre identidade nacional e diversidade criativa porque livre. Uma república unitária e centralista anula as tendências e potencialidades do povo português.

Pedro Baptista realça a necessidade de Portugal definir o seu caminho, a partir da reflexão do que é ser português. Geograficamente, Portugal não é periférico, mas sim uma porta para o mundo.

Teixeira de Pascoaes propunha o conceito de raça no sentido espiritual ou até intelectual do termo. Apesar da conotação pejorativa que este termo assumiu, é evidente no poeta a sua referência: Portugal é uma Raça porque existe uma Língua Portuguesa, uma Arte, uma Literatura, uma História. A actualidade do pensamento pascoliano evidencia-se até a um nível genético pois, segundo alguns estudos recentes, o português apresenta uma constituição muito própria e praticamente ausente em toda a Europa.

O ex-deputado encontra um paralelo com o pensamento político de Teixeira de Pascoaes, nomeadamente, na defesa do regionalismo; na reabilitação das elites políticas e intelectuais, condição necessária de um espírito republicano e democrático; valorização do carácter humanista de uma educação para a cidadania face aos avanços tecnológicos, necessários, mas não soberanos.

Ainda relativamente a Pascoaes, uma última ideia foi asseverada: na sua juventude, a Europa constitui-se uma necessidade da universalidade do ser português, uma extensão do próprio poeta; numa fase posterior, é nítida a mensagem de esperança proclamada, num governo para a paz, mais de mulheres, do que de filósofos.


Na qualidade de moderador e recordando os seus tempos académicos, Carlos Magno salientou a importância que Teixeira de Pascoaes assumia no campo das letras, importância entretanto diluída com a emergência do génio de Pessoa e do seu baú de heterónimos.

Referiu a necessidade do regresso a Pascoaes, relembrando o interesse e actualidade nos valores compartilhados pela contemporaneidade. Apelidado de homem que pensou à frente do seu tempo, Pascoaes estende-se até aos nossos dias e urge, por isso, ser revisitado. Caberá às elites intelectuais instigar o estudo atento e o reconhecimento definitivo do pensador.

Partilhou a sua convicção de que este regresso só pode augurar um bom prenúncio para a sociedade portuguesa, desde que esta tarefa seja encarada com empreendedorismo pelas novas gerações.

Recordou que Amarante, pela sua localização geográfica, tradição e património cultural, poderá deter um papel destacado na divulgação e estímulo, não só na difusão das suas personalidades, mas também na edificação de uma nova e mais esclarecida mentalidade.

À imagem de Júlio Verne e das suas conjecturas, tão surpreendentes no seu tempo, também o poeta poder-se-á entender como um visionário no modo como projectou a Europa de hoje.

Nuno Freixo