1. O MIL: MOVIMENTO INTERNACIONAL LUSÓFONO nasceu no primeiro dia de 2008, enquanto o movimento cultural e cívico prefigurado no Manifesto da NOVA ÁGUIA (cf. nº 1, pp. 7-13, ponto 9), procurando ser pois, no século XXI, o que foi o MOVIMENTO DA RENASCENÇA PORTUGUESA, agora a uma escala lusófona, como desde logo se infere pelo nome, procurando repensar Portugal no contexto da Lusofonia e erguer um Portugal novo que seja um modelo de justiça, desenvolvimento e fraternidade entre os homens. Logo no seu primeiro ano de existência, o MIL tomou várias posições em prol de uma real convergência lusófona: quer defendendo uma "Força Lusófona de Manutenção de Paz", para acorrer às situações vividas em Timor-Leste e na Guiné-Bissau, por exemplo, quer defendendo o princípio do "Acordo Ortográfico", a nosso ver um instrumento importante para essa convergência lusófona que almejamos, quer ainda defendendo o "Passaporte Lusófono", uma das mais marcantes bandeiras de Agostinho da Silva, uma das personalidades cujo pensamento mais inspira o nosso ideário, em prol da livre circulação de pessoas no espaço lusófono.
2. No segundo ano de existência, o MIL lançou mais três petições: a primeira defendendo as candidaturas independentes à Assembleia da República Portuguesa, de modo a revitalizar a nossa democracia; a segunda apelando a um maior envolvimento da comunidade lusófona em relação à grave situação que se viveu, e vive ainda, na Guiné-Bissau, petição que teve como primeiro subscritor Francisco José Fadul, ex-primeiro-ministro deste nosso país irmão (e membro do Conselho Consultivo do MIL); a terceira, por fim, apelando a que o Governo Português providenciasse a distribuição dos livros que em Portugal não tivessem distribuição comercial para todo o espaço lusófono, em alternativa à sua destruição. Para além dos vários Comunicados que fomos emitindo sobre as mais diversas questões ligadas à convergência lusófona, promovemos ainda três debates públicos: o primeiro sobre o futuro da CPLP, em que foram oradores Lauro Moreira (Embaixador do Brasil na CPLP) e Miguel Real (Membro do Conselho Consultivo do MIL); o segundo sobre a situação na Guiné-Bissau, em que o orador foi Francisco José Fadul; o terceiro sobre a condição lusófona da Galiza, em que foram oradores Alexandre Banhos Campo e José Manuel Barbosa, vindos expressamente da Galiza, membros do Conselho Consultivo do MIL e da AGAL (Associação Galega da Língua). Promovemos ainda duas recolhas de livros: uma para Timor-Leste, em parceria com a Associação de Apoio da Diocese de Baucau; outra para a Guiné-Bissau, em parceria com a ONG Ajuda Amiga. Igualmente publicitámos iniciativas da AMI e da Amnistia Internacional, com as quais também nos reunimos e estabelecemos parcerias. Organicamente, neste segundo ano procedeu-se ainda à reestruturação dos nossos órgãos dirigentes: de uma Comissão Coordenadora de 15 elementos passámos para uma Comissão Executiva de 6 (mais pequena e por isso mais coesa e operativa), acompanhada por um Conselho Consultivo, neste momento constituído por 25 elementos, de todo o espaço lusófono, incluindo a Galiza, Goa, Macau e Malaca. O número de adesões cresceu igualmente – neste segundo ano passámos a fasquia das duas mil adesões, de todos os países da CPLP –, tendo-se a tendência de crescimento acentuado nestes últimos meses.
3. Sem crises de identidade, o MIL avança para o ano de 2010 centrando-se naquilo que para si é, desde sempre, o essencial: o reforço dos laços entre os países lusófonos – a todos os níveis, como sempre expressamente dissemos: não só no plano cultural, mas também social, económico e político. Neste último plano, não antecipamos as formas em que se poderá concretizar a convergência lusófona que almejamos. Sabemos que o caminho será longo e que falta quase tudo: desde logo, o sentido de uma cidadania lusófona. Por isso, é também desde logo isso o que queremos cimentar. Esse será o chão a partir do qual depois se construirão as paredes deste edifício. Para tal, importa também que cada país arrume antes a sua casa, criando sociedades mais justas, reais Estados de Direito, onde todos possam viver com dignidade, usufruindo da liberdade e da justiça, que só Estados fortes podem proteger, no cumprimento das suas constituições, doa a quem doer – só assim será possível, no aprofundamento da CPLP, criar uma verdadeira comunidade lusófona, uma casa comum da lusofonia. Ainda que de forma demasiado lenta, sabemos que a história, na sua lógica pendular, vai nesse sentido – para aí apontam múltiplos sinais: depois de mais de três décadas de costas voltadas, por um amontoado de traumas e ressentimentos, todas essas feridas estão agora, finalmente, a cicatrizarem-se, assim abrindo caminho para a recriação do espaço lusófono enquanto um verdadeiro espaço cultural e civilizacional. Sabemos que ainda há quem agite fantasmas do passado, mas o nosso paradigma é um paradigma novo, de futuro.
Queremos que esse espaço lusófono seja o lugar, a casa comum, onde todos os lusófonos tenham, numa base de liberdade e fraternidade, uma vida digna, sem mais adjectivos. Para mais, no caso dos portugueses, se de novo nos viramos para o Atlântico, não é para de novo virar as costas à Europa – somos europeus e por isso manteremos todos os laços: desde logo com a Galiza – ainda que, como salientámos no debate que promovemos, seja aos galegos que cabe decidir o seu futuro –, depois, com os demais povos ibéricos (sem procurar ressuscitar guerras do passado); por fim, com todos os outros povos europeus, em especial os do Sul (com os quais partilhamos uma história milenar). Mas esses laços não são para nós amarras que impeçam o reencontro com a nossa vocação desde logo mediterrânea e atlântica; por fim, por tudo aquilo que nos liga aos demais países lusófonos, universal. Por isso também defendemos o trans-nacionalismo lusófono – mais do que um sistema, uma dinâmica, através da qual, sem pôr em causa a soberania dos diversos países da CPLP, estes escolham, livremente, cooperar, de modo crescente, nos mais diversos níveis, para benefício de todos (para tal, uma das nossas últimas propostas, o "Banco de Desenvolvimento Lusófono", pode ser um bom instrumento). Por esse caminho, quem sabe se, mais à frente, não se criará um bloco cultural, social, económico e político – em suma, civilizacional –, que seja um exemplo para outros povos do mundo, num tempo em que o sistema económico e político que nos tem desgovernado se apresenta cada vez mais exangue. É esse o caminho que o MIL pretende trilhar, mobilizando cada vez mais cidadãos lusófonos e estabelecendo parcerias com as mais diversas entidades que partilhem a nossa visão. Ainda e sempre, tomando posição pública sobre todas as questões que promovam a convergência lusófona (por isso, de resto, em Portugal e nos demais países da CPLP, somos cada vez mais reconhecidos como a entidade que, de forma mais coerente e consequente, no plano por vezes político mas sempre trans-partidário, tal defende). Ainda e sempre, lançando, para o espaço público das ideias, propostas concretas e tomando nós próprios iniciativas para que essa convergência lusófona seja cada vez mais real.
Eis, em suma, o caminho que continuaremos a trilhar durante esse novo ano de 2010. Quer juntar-se a nós? Para partilhar este nosso caminho, para propor iniciativas e tomadas de posição, para difundir esta visão – contamos consigo. Em 2 anos, somos já mais de 2 MIL. Mas queremos ser muitos mais…
MIL: MOVIMENTO INTERNACIONAL LUSÓFONO
(www.movimentolusofono.org)
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O MIL: MOVIMENTO INTERNACIONAL LUSÓFONO é um movimento cultural e cívico que conta já com mais de dois milhares de adesões, de todos os países da CPLP.
Se quiser aderir ao MIL, basta enviar um e-mail: adesao@movimentolusofono.org
Indicar: nome, e-mail e área de residência.
MIL-COMISSÃO EXECUTIVA:
António José Borges, Casimiro Ceivães, Eurico Ribeiro, José Pires F., Renato Epifânio (porta-voz) e Rui Martins.
MIL-CONSELHO CONSULTIVO:
Alexandre Banhos Campo (Galiza), Amândio Silva (Portugal), Amorim Pinto (Goa), Artur Alonso Novelhe (Galiza), Carlos Frederico Costa Leite (Brasil), Carlos Vargas (Portugal), Fernando Sacramento (Portugal), Francisco José Fadul (Guiné-Bissau), Jorge Ferrão (Moçambique), Jorge da Paz Rodrigues (Portugal), José António Sequeira Carvalho (Portugal), José Jorge Peralta (Brasil), José Luís Hopffer Almada (Cabo Verde), José Manuel Barbosa (Galiza), Lúcia Helena Alves de Sá (Brasil), Luís Costa (Timor), Luísa Timóteo (Malaca), Manuel Duarte de Sousa (Angola), Miguel Real (Portugal), Miriam de Sales Oliveira (Brasil), Nuno Rebocho (Portugal), Octávio dos Santos (Portugal), Paulo Daio (São Tomé e Príncipe), Paulo Pereira (Brasil) e Vitório Rosário Cardoso (Macau).