Era uma multidão de pessoas a passear ao Sol, a alimentarem-se de restos orgânicos em sacos de plástico e caixas de cartão. Algumas saíam de dentro de uns animais horríveis que rugiam como leões e enchiam o ar de fumo nas suas corridas a grande velocidade. O barulho ensurdecedor das feras, como lhes chamamos, enchia a atmosfera, e de vez em quando uma parava, vomitava pessoas e elas saiam como se não se tivesse passado nada, ainda lhe faziam festinhas e depois dispersavam a palrar alegremente. Andavam aos molhos ao acaso junto ao rio, sem qualquer graça ou adorno de intelecto. Uma imagem desgraçada…
Ficámos a olhar as duas, tentando apreciar a beleza da vida naquelas criaturas, afinal era o único sinal da presença da natureza naquele sítio dominado pelas feras de metal.
Subitamente duas das feras lançaram-se uma contra a outra, houve um estrondo terrível e depois seguiu-se um grande alarido. Algumas pessoas que deambulavam junto ao rio viraram-se apatetadas e foram a correr até aos monstros. Estes fumegavam de fúria, um deles sangrava abundantemente. Juntaram-se feras ainda maiores ao redor que gritavam tão alto que se tinha de tapar os ouvidos, e as pessoas reuniam-se em volta das feras aleijadas. Por muito que olhasse não compreendia como estes dois seres comunicavam, era uma espécie de simbiose entre a pulga e o tubarão.
Algum tempo depois tudo voltara ao normal, o mesmo acaso plácido e sereno, rodeado do zumbido ameaçador do predador.
Ficámos a olhar as duas, tentando apreciar a beleza da vida naquelas criaturas, afinal era o único sinal da presença da natureza naquele sítio dominado pelas feras de metal.
Subitamente duas das feras lançaram-se uma contra a outra, houve um estrondo terrível e depois seguiu-se um grande alarido. Algumas pessoas que deambulavam junto ao rio viraram-se apatetadas e foram a correr até aos monstros. Estes fumegavam de fúria, um deles sangrava abundantemente. Juntaram-se feras ainda maiores ao redor que gritavam tão alto que se tinha de tapar os ouvidos, e as pessoas reuniam-se em volta das feras aleijadas. Por muito que olhasse não compreendia como estes dois seres comunicavam, era uma espécie de simbiose entre a pulga e o tubarão.
Algum tempo depois tudo voltara ao normal, o mesmo acaso plácido e sereno, rodeado do zumbido ameaçador do predador.
Babalith
Tomemos os nossos problemas ambientais, por exemplo. Aqui o conflito de valores é completo: actualmente o expediente económico opera contra a salvação de alguns dos recursos naturais para os nossos netos. Mas sobre esse tema obtemos apenas um monte de tolices e dissimulação por parte daqueles que detêm o poder, enquanto eles não fazem nada no sentido de uma acção clara e consequente, os problemas ambientais com os quais os nossos netos terão de conviver vão-se acumulando. As tentativas de resolver o problema ambiental consistem em lutas e compromissos entre diferentes facções, algumas ascendem num momento, outras noutro momento. A linha de luta muda ao sabor da opinião pública. Este não é um processo racional, nem tampouco apto para conduzir a uma solução conveniente e definitiva do problema. Os principais problemas sociais, se alguma vez são «resolvidos», raramente ou nunca o são através de um plano racional e compreensível. Simplesmente resolvem-se por si próprios através de um processo em que vários grupos antagônicos perseguindo os seus próprios interesses (normalmente a curto prazo) chegam (principalmente por acaso) a algum modus vivendi mais ou menos estável. De facto, os princípios que formulamos nos parágrafos 100-106 fazem parecer duvidoso que os planos sociais racionais de longo prazo tenham a mínima hipótese de obter ALGUM sucesso.
Assim fica claro que a raça humana tem, na melhor das hipóteses, uma capacidade muito limitada para resolver problemas sociais, até mesmo aqueles que são relativamente globais. Então como resolverá o problema bem mais difícil e subtil da conciliação entre liberdade e tecnologia? A tecnologia apresenta avanços materiais bem delimitados, enquanto que a liberdade é uma abstração que significa coisas diferentes para pessoas diferentes, e a sua perda é facilmente ocultada pela propaganda e pela conversa fiada.
A Sociedade Industrial e o Seu Futuro - Manifesto de Unabomber
1 comentário:
Excelente post!
Abraço.
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