O Guardian convidou um intelectual muçulmano, Ziauddin Sardar, para fazer a sua leitura do Corão num blogue do jornal. Sardar defende que os textos sagrados devem ser lidos à luz da época em que se vive - e diz que o vai fazer sem evitar partes polémicas. No blogue participa também uma não-muçulmana, que tentou ler o Corão e já confessou não ter percebido nada.
Alexandra Prado Coelho
(Newsletter Público)
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Quando li esta noticia, tempos atrás, logo me interroguei: “À luz da época em que se vive”?
Creio que é exactamente o contrário daquilo que se deve fazer. A leitura deve sempre ser feita no contexto da sua cultura porque, esta é a única maneira de podermos compreender a mensagem, qualquer mensagem. O texto, qualquer texto, mas neste caso particular em que Deus não escreveu nenhum livro e, o que temos, são interpretações e interpretações de interpretações de parâmetros particularmente dilatados, necessita ser interpretado no contexto da sua cultura pois, uma vez que foi composto há muitos anos e foi transmitido de uma forma mais ou menos fixa, contém agora muita coisa que à primeira vista é obscura, irrelevante ou desconcertante. Isto significa que, os leitores têm tendência para abordar o texto com as pressuposições e preocupações do nosso tempo, e podem incorrer no erro de procurar adaptar o significado do texto de acordo com ele.
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