A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

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Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O Quinto Império: universalismo e multiculturalismo

O conceito de Quinto Império não radica o seu significado naquilo que simboliza a palavra latina "imperium", tida como símbolo da capacidade militar de impor uma determinada vontade a um conjunto alargado de povos. Essa é a visão tardo-romana do destino de Roma, mas não é a do fundador do Império, Octavio/Augusto nem é a visão sobre a qual assenta a ideia de um "Quinto Império".

Porquê, "Quinto"? Se haverá um Quinto Império, quais foram os quatro precedentes? Existem diversas listas, divergindo todas elas num ou noutro ponto. Uma das listas mais comuns seria esta: Assíria, Babilónia, Roma e Macedónia. Sendo judaica a primeira referência aos Quatro Impérios, a lista pressupõe naturalmente a aparição de um quinto, que seria judaico, naturalmente, e de âmbito universal. E foi precisamente aqui que se encontrava a semente para a sua não concretização. É que o conceito de "império universal" só é compatível com a noção de universalismo e multiculturalismo que os judeus - devido às suas constantes guerras de sobrevivência - não puderam conceber, sendo ainda hoje uma das culturas mais autocentradas e intolerantes que se conhece. Não é concebível a existência de um império universal sem a existência de uma regra de tolerância e multiculturalismo, um vez que nenhum Estado ou Nação é capaz de reunir forças militares ou económicas suficientes e por tempo suficiente para suster um império universal. Foi esse o erro da maioria dos fundadores de impérios do passado, desde Roma a Átila, e desde Vitória a Bush. Confundir universalismo com predomínio do Um sobre Todos é arrastar o império para o seu reino das possibilidades perdidas. Foi esse o erro dos impérios do passado e será este o oposto prometido pelo Quinto Império de Bandarra, Vieira e Agostinho (que não apreciava o termo e que preferia o de "Reino do Espírito Santo").

Dito isto, o "Quinto Império" é tanto mais puro quanto menos português for. E tanto mais real, quanto maior for o espírito de tolerância e multiculturalismo, inatos, mas adormecidos no seio da Alma Portuguesa.

4 comentários:

Paulo Borges disse...

O V Império tem muitos níveis de leitura e essa dimensão histórica e mundial é apenas uma delas, a meu ver a mais exterior, problemática e improvável. Noutro sentido, mais subtil, é o centro transmundano do mundo espácio-temporal, o centro transmundano de cada uma das nossas mentes, onde elas coincidem com o que é, com o Real, desde sempre presente e consumado. É o 1 no centro do quadrado (4), símbolo do mundo aparente. Também é o 5, símbolo pitagórico do matrimónio entre o primeiro número feminino (2) e masculino (3), o símbolo da integração e transcensão de todos os opostos.

Seja como for, o importante é proclamá-lo desde já, viver num estado de consciência não-dual, trans-antinómica, multicultural e universalista e transcender todas as pátrias e nações. Para mim, Portugal já acabou. Já não me considero português. Por fidelidade a Portugal, aboli-o.

Vida Nova.

Casimiro Ceivães disse...

Gostei do texto e gostei do comentário, no sentido em que ambos são claros e coerentes. Não sigo alguns dos pressupostos de ambos, e por isso não partilho as conclusões.

No essencial, nenhuma noção de V Império faz sentido fora do quadro de uma religião, cosmovisão, etc, semelhante à judaico-cristã-muçulmana: a de um 'interventionist god' (para citar o Nick Cave) que seja também um 'benevolent god', e a quem está reservada a consumação da História, que é o que o V Império é. É um sonho teológico, ou uma crença mística, e nunca um programa político. Supõe e assenta num 'advento', numa 'chegada', num 'aguardar' facilmente sebastianista (veja-se a posição de Vieira), ou é delírio de poetas ou revolta e ambição de guerreiros.

Fora desse quadro mental e ontológico das Religiões do Livro (o Paulo dirá talvez que simplifico, mas não sei como possa não o fazer num mini-texto como este), das duas uma:

- ou cada um se baseia nos 'dados imediatos da razão' à maneira dos agnósticos-ateus da modernidade ocidental, e nesse caso o V Império é apenas o símbolo poético de um mundo possível mas infinitamente distante que há que construir no quotidiano (e esse não abandonará o primado da 'política'),

- ou cada um se crê em contacto directo e imediato com o 'centro' em que mente e realidade suprema se confundem, não sentindo pois necessidade de aguardar (a simbólica 'descida do Espírito' dos cristãos é aqui substituída por uma 'elevação' do próprio, aparentemente na linha do preconizado pela gnose); ora, esse 'elevado' ou 'perfeito' poderá 'proclamar' para si e em si o V Império em vez de o aguardar, e com ele proclamar desde já 'abolidas' todas as distinções e dualidades (mas ao fazê-lo, pois que a sua afirmação é individual, deixa intacto o primado da política, que respeita à colectividade). A menos que se sinta legitimado a erguer a Espada de Deus, e a intervir na História.

Clarissa disse...

Aplaudo, Casimiro.
:)

Paulo Borges disse...

Proponho uma leitura não providencialista nem judaico-cristã do V Império na introdução do meu livro "A Pedra, a Estátua e a Montanha. O V Império no Padre António Vieira".

Será uma visão tendencialmente "gnóstica", se tivermos de a rotular. E o que mais me interessa é gerar e ampliar uma comunidade que comungue dessa visão de que nada há a temer ou esperar, pois tudo é já Presença (sem Pres-ente). Comunidade naturalmente trans-nacional e trans-cultural. Uma comunidade de pessoas tão livres e despertas quanto possível. Isso é para mim o V Império, que nada tem a ver com o jogo triste e sempre frustrante e frustrado da história e da política e economia mundiais. Quem aposta nele, morre sempre sem ver os seus melhores ideais realizados. Porque o problema reside justamente em haver ideais, políticos ou outros. Quem idealiza não vê o Real, exila-se na vontade de futuro e perde o presente. O que não quer dizer que não se lute, no plano relativo, por diminuir a imperfeição do mundo aparente. O que só vale se a compaixão for o único móbil.

Está prestes a sair o último livro de François Jullien que vai mostrar as limitações da tradição política ocidental à luz do confronto com a tradição chinesa.