A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português".
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra).
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa).
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sábado, 15 de agosto de 2009
PORTUGAL DOS PEQUENINOS
Nascera numas águas furtadas esconsas, pequenas e obscuras numa zona mal-frequentada, divisando os esparsos raios de luz através das frestas na madeira e de uma nesga de janela esconchavada. Escorado mais na força bruta do que no reduzido número de neurónios, porfiara alcançar o expoente máximo da sua ambição. Seguindo uma tradição ancestral de linhagem de esbirros do Rei, acabara, através de uma troca de presuntos, chouriças, garrafões de azeite, um par de notas de mil e uma entrevista farrusca, o almejado lugar de agente da Polícia Internacional de Defesa do Estado. Entre cacetadas, pontapés e outros mimos, por entre buscas domiciliárias, despedaçando telefonias sintonizadas na rádio Moscovo ou detenções por murais contra Salazar, a sua carreira seguira a bom ritmo, sempre solícito e fiel à voz do dono e fazendo tudo em prol da defesa do Estado. Apanhado na euforia da Revolução, andara acoitado no Brasil onde o filho prosseguira os estudos. Após o sopro revolucionário a poeira assentara e decidira regressar ao “seu” Portugal onde, rapidamente, fora repescado, reciclado e reaproveitado. Entre uma pensão por trabalhos prestados à Pátria, arranjara um biscate nos Serviços de Informação e Segurança, onde ministrava umas aulas de formação de operacionais. O filho cursara Letras, mais propriamente História… Estudara noites a fio, decorara datas, vomitara compêndios e regurgitara teorias e correntes de pensamento. Findos os estudos, não escapara à tradição de família… E entre favores, pressões e em atenção ao pai, lá fora ele imbuído do mais fino espírito de missão ingressar no SIS para perseguir terroristas e outros perigosos meliantes que atentassem contra a segurança e dignidade do Estado. Entre a vigilância aos sindicalistas, estudantes e manifestações de professores, não lhe sobrava grande tempo para amizades; mantinha uma dos bancos da faculdade, seu colega de curso, inacabado por sinal, por força da volúpia em excesso e das mesadas gastas a esmo. Farto de tanto dispêndio de dinheiro, o pai chamara-o à sua beira e entregara-lhe o negócio de família. Numa terra onde ignorância, aliada a estupidez, é uma mistura mortal para a cultura, fulminante se completada com poder, o pai, que sempre andara escondido pelos livros subversivos que trazia à socapa de França, sempre fora liberal e de mente aberta. Na senda do seu progenitor, decidiu o amigo prosseguir o negócio promovendo fóruns, encontros e tertúlias. Numa dessas ocasiões, o destino, pródigo em pregar partidas, fizera-os tropeçar num mosaico de recordações e desencanto com o rumo do país. Se, por um lado, o agente do SiS se mostrava desmotivado com as ordens de serviço e se deixara filmar ostensivamente pelos telejornais na vigilância ao protesto dos professores, dado que tal tarefa estava muito aquém na geografia de espionagem e defesa da Democracia, por outro lado, o amigo além da crise, invectivava os poderes instituídos e a mentalidadezinha barroca de estado novo que se manifestava em atitudes espúrias tais como apreender livros com reproduções de pinturas de Courbet. A distância mínima entre a noite de cristal ou o lápis azul era mínima. Ou andavam a ver Goddard ou então que se pusessem a pau que ainda confiscariam a Vénus de Milo por atentado ao pudor… No meio da risota o agente recordou-se fugazmente da excursão da escola primária ao Portugal dos Pequenitos... Quando o professor dissera que fora construído para mostrar os grandes feitos da Pátria. Era um Portugal para os pequenitos onde, porventura, poderiam viver todos os pequeninos de Portugal...
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