não peço que asfaltem a estrada do meu Monte - quase intransitável no Inverno
nem reponham ordem no telhado - que estorninhos e gatos se têm divertido a escangalhar
não vendo meu precioso voto (quem sabe não será ele a decidir) por um lugar de assessoria principesca
no campo, por exemplo, da utopia que anima a população da urbe
não hipoteco
minha cruzinha no quadrado
por um cabaz de benesses de que nunca mais eu desse conta
o meu preço político é barato:
votarei em quem se comprometa
a pôr um casal de esquilos no Jardim.
Sim, leu bem: um casal de esquilos no Jardim
Estou farto de melhoramentos que valem milhões de euros, e poucos benefícios trazem
a quem coze o pão ou vende sapatos na Sapataria
ou mendiga à tarde sob os Arcos uns cêntimos miseráveis
Farto
de Fábricas estrangeiras que prometem milhares de postos de trabalho
e a gente sabe se deslocam repticiamente para o primeiro buraco em que se sintam protegidas
por isso, políticos locais, o meu voto a quem se comprometa
a pôr um casal de esquilos no Jardim
Milhares de cidadãos futuros ficarão felizes
Ninguém melhor para governar adultos
do que
quem saiba estar
atento à felicidade das crianças
3 comentários:
Platero, felicito-te pelo poema e sobretudo pelos quatro versos finais, que são preciosíssimos e dignos de antologia numa súmula da sabedoria intemporal!
Abraço
Paulo
considerando "franjas etárias"crianças e idosos, por quê políticos em cio de eleições dedicam mais tempo a Lares da 3ª. idade do que a Infantários?
Óbvio: idosos votam
abraço
A política como serviço do bem comum desapareceu. Hoje tudo se reduz a técnicas de marketing & publicidade. E as populações só permitem isto porque estão completamente alienadas, com a televisão e a luta pela vida ou pelo seu gozo.
Urge, mais que nunca, uma Revolução. Há que surgir um, dois, três, uma comunidade de insurrectos, que dêem o exemplo de uma vida diferente. Depois se verá quem os segue. Mas isto não é para muitos. Poucos são os que se querem realmente libertar da ignorância e da maldade que devastam o mundo. Continuo a achar que o desafio são novas confrarias de afinidades ético-espirituais, que se associem entre si e criem microsociedades paralelas, em termos culturais, políticos e económicos. Um monaquismo sem mosteiros que assegure o renascimento desta época bárbara em que vivemos.
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