A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
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Donde vimos, para onde vamos...

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Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

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sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Lembrando Aljubarrota...

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Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro

A batalha foi travada próximo de estrada que ligava Leiria a Alcobaça, entre as forças de D. João de Castela e as de D. João I de Portugal, motivados estes, respectivamente, pela posse do trono de Portugal e pela salvaguarda da independência nacional.
O exército invasor castelhano seria constituído por 5 mil lanças (cavalaria pesada); 200 ginetes (cavalaria ligeira), 5 mil besteiros 6 a 7 mil peões, num total aproximado a 17 mil homens. As tropas portuguesas, muito inferiores numericamente: 2 mil lanças, mil besteiros, menos de 700 archeiros ingleses e 4 mil peões, num total aproximado de 6.500 homens, ficaram a dever a sua retumbante vitória sobretudo à sua hábil disposição no terreno por parte do condestável D. Nuno Álvares Pereira, sendo o acto principal do confronto disputado apenas entre a maior parte das tropas portuguesas e a vanguarda castelhana. Com esta vitória ficou praticamente assegurada a independência de Portugal e, embora a guerra luso-castelhana tenha continuado até 1.402 limitou-se, a partir de então, a conflitos de fronteira. D. João I mandou construir o Mosteiro de Santa Maria da Vitória, mais conhecido por Mosteiro da Batalha.

Por São Jorge ! Por Portugal
(era o grito do exército português*)

14 de Agosto de 1385: Batalha de Aljubarrota entre tropas portuguesas comandadas por João I de Portugal e castelhanas lideradas por João I de Castela. A vitória portuguesa garante a independência e coloca um fim à Crise de 1383-1385
O Rei de Castela invade Portugal, e poucos eram os que queriam combater pela Pátria. Mas os que estavam dispostos a defender o seu Reino, onde se destacava Nuno Álvares Pereira, iriam defende-lo com a convicção da vitória, pois o país vizinho tinha enfraquecido bastante no reinado de D. Fernando e D. João I era garantia de valor e sucesso e nunca Portugal tinha saído derrotado dos combates contra os Castelhanos.
No início desta batalha, o som da trombeta castelhana causa efeitos não só nos guerreiros, como nas mães, que apertam os filhos ao peito, e também na natureza: o Guadiana, o Alentejo, o Tejo ficam assustados!
Na descrição da batalha, destacam-se as actuações de Nuno Álvares Pereira e de D. João, Mestre de Avis; salienta-se também o facto dos irmãos de Nuno combaterem contra a própria Pátria, acabando por morrer numa batalha em que foram traidores de Portugal.

(*) - O culto de S. Jorge foi introduzido em Portugal nos primórdios da nacionalidade, através dos cruzados ingleses que participaram na Reconquista. Entre alguns dos devotos deste Santo, que nasceu de uma ilustre família cristã de Capadócia (actual Turquia), estão D. João I e o Condestável Nuno Alvares Pereira.
Mestre-de-campo do imperador Diocleciano com apenas vinte anos, o valente S. Jorge insurgiu-se contra a injustiça da perseguição dos cristãos. Por esta razão, o imperador romano mandou-o torturar mas este escapou ileso à roda de pontas cortantes que lhe deveria dilacerar o corpo. Mas S. Jorge acabou por morrer decapitado nos finais do século III.

Tudo começou com a Crise de 1383 / 1385

A Crise de 1383-1385 foi um período de guerra civil e anarquia da História de Portugal, também conhecido como Interregno, uma vez que não existia rei no poder (embora houvesse uma rainha de direito em Beatriz de Portugal). A crise começou com a morte do rei Fernando de Portugal sem herdeiros masculinos e terminou com a ascensão ao trono de João, Grão-Mestre de Avis em 1385, depois da batalha de Aljubarrota.
Prelúdio: Em 1383, o Rei Fernando de Portugal estava a morrer. Do seu casamento com Leonor Teles de Menezes, apenas uma rapariga, Beatriz de Portugal havia sobrevido à infância. O seu casamento era portanto da mais vital importância ao futuro do reino. As várias facções políticas discutiam entre si possíveis maridos, que incluíam príncipes ingleses e franceses. O casamento de D. Beatriz acabou por ser decidido como parte do tratado de paz de Salvaterra de Magos, que terminou a terceira guerra com Castela, em 1383. Pelas disposições deste tratado, o rei João I de Castela (Juan I, daqui em diante), casar-se-ia com D. Beatriz e o filho varão que nascesse desse casamento herdaria o reino de Portugal, se entretanto D. Fernando I morresse sem herdeiros. O casamento foi celebrado em Maio de 1383, mas não era uma solução aceite pela maioria dos portugueses, uma vez que implicava a união dinástica de Portugal e Castela e consequente perda de independência. Muitas personalidades quer da nobreza, quer da classe de mercadores e comerciantes estavam contra esta opção, mas não se encontravam unidos quanto à escolha alternativa. Dois candidatos emergiram, ambos meios irmãos bastardos do rei moribundo:
João, filho do Rei Pedro I de Portugal e Inês de Castro, a viver no momento em Castela
João, Grão-Mestre de Aviz, Outro bastardo de Pedro I (filho de Teresa Lourenço, aia de Inês de Castro), muito popular junto da classe média e aristocracia tradicional
A 22 de Outubro, Fernando de Portugal morre. De acordo com o contrato de casamento de Beatriz e Juan I de Castela, a regência do reino é entregue a Leonor Teles de Menezes, agora rainha viúva. A partir de então, as hipóteses de resolver o conflito de forma diplomática esgotaram-se e a facção independentista tomou medidas mais drásticas, iniciando a Crise de 1383-1385.
1383-1384: O primeiro acto de hostilidades foi tomado pela facção do Mestre de Aviz em Dezembro de 1383. D.João, Mestre de Avis e um grupo de conspiradores entram em Lisboa e assassinam o Conde Andeiro, amante e aliado político de Leonor Teles de Menezes, um dos principais orquestradores do casamento de Beatriz com o rei João I de Castela. Com esta iniciativa, D.João,Mestre de Avis torna-se no líder da facção separatista e chama para o seu lado Nuno Álvares Pereira, um líder militar com provas dadas. Juntos tomam as cidades de Lisboa, Beja, Portalegre, Estremoz e Évora. Como resposta, o rei Juan de Castela entra em Portugal e ocupa a estratégica cidade de Santarém, numa tentativa de normalizar a situação e assegurar o trono de sua mulher. A primeira vítima política é Leonor Teles de Menezes, que se provara uma regente pouco enérgica e incapaz de parar as conquistas da facção independentista. Juan I força a sogra a abdicar da regência e exila-a para um convento.
A resistência portuguesa e o exército castelhano encontram-se pela primeira vez a 6 de Abril de 1384, na batalha dos Atoleiros. Nuno Álvares Pereira soma uma mais vitória militar para a facção de Aviz, mas o confronto não é decisivo. Juan I de Castela retira para Lisboa e cerca a capital, com o auxílio da sua marinha que bloqueia o porto da cidade e controla o Tejo. O cerco era uma séria ameaça à causa de João de Aviz, uma vez que sem Lisboa, sem o seu comércio e dinheiro dele afluente, pouco podia ser feito contra Castela. Pelo seu lado, Juan I precisava de Lisboa não por razões financeira, mas por motivos de ordem política, uma vez que nem ele nem Beatriz haviam sido coroados e sem esta importante cerimónia, eram apenas pretendentes à coroa.
Entregando o comando militar ao seu fiel seguidor Álvares Pereira, João de Aviz procurou concentrar-se em ver a sua posição reconhecida além fronteiras. Em 1384 a Guerra dos cem anos encontrava-se no seu apogeu, com ingleses e franceses a lutarem pela coroa de França. O conflito depressa ultrapassou a questão dinástica inicial e influenciou, por exemplo, o cisma papal de Avinhão. Uma vez que Castela era aliada tradicional dos franceses, a opção lógica para Portugal seria pedir auxílio britânico. Em Maio de 1384, João envia uma embaixada ao rei Ricardo II de Inglaterra, um rapaz de dezassete anos, controlado pelo seu regente e tio, João de Gaunt, Duque de Lencastre. De início, o Duque mostrou-se reticente em aceder ao pedido de ajuda, mas por fim acordou em enviar tropas para Portugal. Uma vez que, por via da mulher Constança de Castela, era pretendente ao trono de Juan I, interessava-lhe que uma vitória de Portugal pudesse enfraquecer a sua posição. Sublinhas políticas à parte, a intervenção inglesa mostrou-se decisiva.
Entretanto, Lisboa encontrava-se a braços com o cerco de Castela, que começava a causar fome e privação. Bloqueada por terra e pelo rio, a cidade perdera as esperanças de ser libertada pelo exército de João de Aviz, demasiado pequeno para arriscar nesta fase um confronto directo com os castelhanos, e ocupado em controlar outras cidades. Foi feita uma tentativa de aliviar a pressão do cerco pelo rio. A 18 de Julho, uma esquadra comandada pelo capitão Rui Pereira rompe o bloqueio e consegue entregar um carregamento de comida em Lisboa. A operação foi um sucesso, mas o custo muito alto, visto que quase todos os barcos portugueses foram afundados e o próprio Rui Pereira faleceu nos combates. O cerco continuou, apesar deste pequeno sucesso português, e semanas depois a cidade de Almada rende-se a Castela. A situação parecia perdida para os lisboetas, quando a providência interveio a seu favor. O cerco estava também a ser complicado nas fileiras castelhanas, sem reforços à mão e também com problemas de abastecimentos, graças às acções de Nuno Álvares Pereira na retaguarda. No fim do Verão uma epidemia de peste negra surgiu no exército castelhano, forçando Juan I a retirar para Castela a 3 de Setembro. Semanas depois, a frota castelhana abandona o Tejo e Lisboa podia respirar de alívio.
1385: Entre o fim de 1384, princípio de 1385, Nuno Álvares Pereira subjugou a maioria das cidades portuguesas que haviam declarado apoio à princesa Beatriz e ao marido Juan I de Castela. Durante a Páscoa, chegaram a Portugal as tropas inglesas enviadas em resposta ao pedido de ajuda feito por João de Aviz. Apesar de não serem um grande contigente, contavam-se à volta de 600 homens, eram tropas na sua maioria veteranas da Guerra dos Cem Anos, bem treinados nas tácticas de sucesso da infantaria inglesa. Entre o contingente inglês, encontrava-se uma divisão de archeiros, que haviam provado o seu valor contra cargas de cavalaria (ver batalha de Crecy, por exemplo).
Com tudo a jogar a seu favor, João de Aviz organizou uma reunião das Cortes em Coimbra, juntando todas as figuras importantes do reino. É aí que, a 6 de Abril, foi aclamado João I, Rei de Portugal, primeiro da Dinastia de Aviz, num claro acto de guerra contra as pretensões castelhanas. Num dos seus primeiros éditos reais, João I nomeia Nuno Álvares Pereira Condestável de Portugal e protector do reino. Pouco depois, rei e general partem para o Norte, para acabar com os últimos focos de apoio a Castela: Em Castela, Juan I não hesita em responder ao desafio, enviando, pouco depois da aclamação de Coimbra, uma expedição punitiva a Portugal. O resultado é a batalha de Trancoso em Maio, onde as tropas de João I obtêm uma importante vitória. Com esta derrota, o rei de Castela percebe por fim que necessita de um enorme exército para pôr fim àquilo que considera uma rebelião. Na segunda semana de Junho, a maioria do exército de Castela, comandado pelo rei em pessoa, acompanhado por um contingente de cavalaria francesa, entra em Portugal pelo Norte. Desta vez, o poder dos números estava do lado de Castela: Juan I contava com cerca de 30000 homens, para os apenas 6000 à disposição de João I de Portugal. A coluna dirige-se imediatamente para Sul, na direcção de Lisboa e Santarém, as principais cidades do reino.
Entretanto, João I e o Condestável encontravam-se perto de Tomar. Depois de alguma discussão, conclui-se que os castelhanos não podem levantar novo cerco a Lisboa, incapaz de resistir a nova provação. João I decide interceptar o inimigo nas imediações de Leiria, perto da vila de Aljubarrota. A 14 de Agosto, o exército castelhano, bastante lento dado o seu enorme contingente, encontra finalmente as tropas portuguesas, reforçadas com o destacamento inglês. O resultado deste encontro será a Batalha de Aljubarrota, travada ao estilo das batalhas de Crecy e Azincourt, onde a táctica usada permitia a pequenos exércitos resistir a grandes contingentes e cargas de cavalaria. O uso de archeiros nos flancos e de armadilhas para impedir a progressão dos cavalos, localizadas em frente à infantaria, constituem os principais elementos. O exército castelhano não foi só derrotado: foi totalmente aniquilado. As perdas da batalha de Aljubarrota foram de tal forma graves que impediram Juan I de Castela de tentar nova invasão nos anos seguintes.
Com esta vitória, João I foi reconhecido como rei de Portugal, pondo um fim ao interregno e à anarquia da Crise de 1383-1385. O reconhecimento de Castela chegaria apenas em 1411 com a assinatura do tratado de Ayton-Segovia. A aliança Luso-Inglesa seria renovada em 1386 no Tratado de Windsor e fortalecida com o casamento de João I com Filipa de Lencastre (filha de João de Gaunt). O tratado, ainda em vigor, estabeleceu um pacto de mútua ajuda entre Inglaterra e Portugal.

Batalha Aljubarrota

O verdadeiro nome pelo qual a batalha ficou conhecida foi o de "Batalha Real", designação que atesta a presença dos dois reis em campo, qual luta travada num tabuleiro de xadrez.
A iniciativa de começar a batalha partiu de Castela, com uma típica carga da cavalaria francesa: a toda a brida e em força, de forma a romper a linha de infantaria adversária. Mas tal como sucedeu na batalha de Crécy, os archeiros colocados nos flancos e o sistema de trincheiras fizeram a maior parte do trabalho. Muito antes de sequer entrar em contacto com a infantaria portuguesa, já a cavalaria se encontrava desorganizada e confusa, dado o medo dos cavalos em progredir em terreno irregular e à eficácia da chuva de flechas que sobre eles caía. As baixas da cavalaria foram pesadas e o efeito do ataque nulo. A retaguarda castelhana demorou em prestar auxílio e em consequência, os cavaleiros que não morreram foram feitos prisioneiros pelos portugueses.
Depois deste percalço, a restante e mais substancial parte do exército castelhano entrou na contenda. A sua linha era bastante extensa, pelo elevado número de soldados. Ao avançar em direcção aos portugueses, os castelhanos foram forçados a desorganizar as suas próprias fileiras, de modo a caber no espaço situado entre os ribeiros. Enquanto os castelhanos se desorganizavam, os portugueses redispuseram as suas forças dividindo a vanguarda de D. Nuno Álvares em dois sectores, de modo a enfrentar a nova ameaça. Vendo que o pior ainda estava para chegar, D. João I de Portugal ordenou a retirada dos archeiros ingleses e o avanço da retaguarda através do espaço aberto na linha da frente. Foi então que os portugueses necessitaram chamar todos os homens ao combate e tomaram a decisão de executar os prisioneiros franceses.
Esmagados entre os flancos portugueses e a retaguarda avançada, os castelhanos lutaram desesperadamente por uma vitória. Nesta fase da batalha, as baixas foram pesadas para ambos os lados, principalmente no lado de Castela e no flanco esquerdo português, recordado com o nome Ala dos Namorados. Ao pôr-do-sol a posição castelhana era já indefensável e com o dia perdido, D. João de Castela ordenou a retirada. Os castelhanos debandaram desordenados do campo de batalha. Soldados e povo das redondezas seguiam no seu encalço e não hesitavam em matar os fugitivos.
Da perseguição popular surgiu uma tradição portuguesa em torno da batalha: uma mulher, de seu nome Brites de Almeida, recordada como a Padeira de Aljubarrota, muito forte alta e com seis dedos em cada mão, emboscou e matou pelas próprias mãos muitos castelhanos em fuga. Esta história é uma lenda popular e o massacre que se seguiu à batalha também não se comprova, já que se sabe que o próprio Condestável terá ordenado a libertação de todos os prisioneiros, a sua não molestação e ordenado imediatamente a punição severa de qualquer soldado português que participasse num saque e agressão aos castelhanos em fuga, tendo recusado, inclusivamente, a aceitar troféus de guerra, os quais deveriam ser imediatamente devolvidos ao inimigo, fossem eles armas, munições ou objectos de outro tipo.
O dia seguinte: Na manhã de 15 de Agosto, a catástrofe sofrida pelos castelhanos ficou bem à vista: os cadáveres eram tantos que chegaram para barrar o curso dos ribeiros que flanqueavam a colina. Para além de soldados, morreram também muitos fidalgos castelhanos, o que causou luto em Castela até 1387. A cavalaria francesa sofreu em Aljubarrota mais uma derrota contra tácticas defensivas de infantaria, depois de Crécy e Poitiers. A batalha de Azincourt, já no século XV, mostrou que Aljubarrota não foi o último exemplo.
Com esta vitória, D. João I tornou-se no rei incontestado de Portugal, o primeiro da dinastia de Avis. Para celebrar a vitória e agradecer o auxílio divino que acreditava ter recebido, D. João I mandou erigir o Mosteiro de Santa Maria da Vitória e fundar a vila da Batalha.

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