A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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quarta-feira, 26 de agosto de 2009

É A VIDA

Portugal Hoje - O medo de Existir
José Gil
Editora Relógio d'água
11ªedição Maio de 2007

(...) Os portugueses são particularmente sensíveis à ausência, o que os faz constantemente ansiar pelo pleno. (...) Pleno de palavras, pleno de pensamentos, pleno de agitação, pleno de movimentos (...) "uma estranha semiótica rege este país. Um português pergunta a outro: "Aonde vais este fim-de-semana?" O outro responde: " Fico por aí..." (...) " É a vida." Esta frase com que o apresentador da RTP termina amiúde o Jornal da Noite dá o tema do ambiente mental em que vivemos (...) Depois de assistirmos às notícias sobre raptos, assassinatos, acidentes de viação, mortos palestinianos e israelitas (...) surge uma notícia que, como uma luz divina, redime todo o mal espalhado pela Terra: nasceu um bebé panda no Zoo de Pequim! (...) É a vida, pois. Que mais quereis? É a vida lá fora, não há nada a fazer, é assim, vivei a vossa com paz e serenidade, não há nada a temer (...) ide, ide às vossas ocupações que a vida continua.
(José Gil)
Às dez da manhã a agência bancária já se encontrava cheia. Nervosa por ir "pedir batatinhas", ainda mais ficou ao ver tanta gente. A seu lado, a filha, com pouco mais de sete anos, insistia que lhe doía a barriga e queria comer bolachas. A mulher, visivelmente nervosa, revirou pela centésima vez a sua carteira em busca de moedas perdidas. Nada. Nada de nada. Niente. Zero! Nem umas moedas para o raio das bolachas nem para o que quer que fosse. Chegada a sua vez, expôs o seu caso, em surdina envergonhada, a um dos caixas. Sabia que tinha esgotado e ultrapassado o plafond da conta ordenado e que tinha ficado com o cartão de crédito retido e o empréstimo da casa em atraso... "sim! SIM! eu sei disso tudo.... as prestações o cheque do pediatra devolvido etc.etc. etc. muitos etecéteras na minha vida!" A mulher, típico recorte de classe média, à beira da bancarrota, com um divórcio de permeio, tentava levantar cinquenta euros que, garantia, viria depositar na manhã seguinte, acrescida das prestações em atraso, logo que o patrão lhe adiantasse o vale. Recostando-se na cadeira, o caixa, com ar triunfalmente idiota, levantou a voz para mostrar a toda a gente ser detentor da razão. " Não podia... não podia, estava a cumprir ordens... a senhora já esgotou todos os limites e, para além disso, encontra-se inibida do uso de cheques!" - Olhando ainda em redor para aferir do impacto das suas palavras.
A filha insistia de modo irritante que tinha fome e queria comer uma bolacha. A chapada, seca de raiva, se a calara com a história das bolachas fizera-lhe soltar os soluços e as lágrimas numa torrente de choro convulsivo. À minha frente, a fila, impaciente pela demora no atendimento, insistia no fim da conversa e apelava à mulher para que se desviasse. Indiferente ao drama, enquanto o outro caixa convidava o colega para o pequeneo almoço logo que se despachasse, o sujeito que me antecedia virou-se para trás e encolhendo os ombros, abriu a boca com um sorriso matreiro e despejou: É a vida!...

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