Cantata a Terra-Mãe Ancestral
“Ah que saudades que tenho
Da aurora de minha vida... “
(Casimiro de Abreu)
Dedicada ao Amiguermão de Portugal, Frassino Machado
Ah Portugal quando eu te vejo
Num fado, numa foto, num realejo
Sinto-te em meu íntimo fulgurar
Uma casa no rochedo, sobre o mar
E ali se aninha um marinheiro
Que no passado fui em causa tua
Onde tinha boêmios no terreiro
À luz de lampiões, clarão da lua
Mas minh´ alma migrou um dia
Na portabilidade, um corpo que
Ainda a terra-mãe de ti havia
Que o espírito em plagas longe lê
E sou de Portugal, este menino
Plantado às barrancas do Paraná
No arquivo neural ressoa um sino
Com lágrimas que trouxe de lá
Ah Portugal, há uma saudade
De uma outra vida, outra condição
Que noite a dentro de mim há-de
Ser o teu céu, nau e constelação
Pois sou Portugal, aqui no peito
De Bocage, Camões ou de Pessoa
E vou te levando; como te enfeito
De uma lembrança-luz que abençoa
Ah Portugal distante e em mim
Um lusonauta que, em Itararé
Ainda viça um cheio de alecrim
Por tua honra, tua glória e fé...
E sendo um caminheiro, Portugal
Levo-te comigo por me onde for
Porque és encantário, és ninhal
Terás de mim sempre imenso amor!
-0-
Silas Correa Leite, Santa Itararé das Artes, São Paulo, Brasil
Patriarca descendente de Cristãos Novos oriundos de Ilha da Madeira Portugal
E-mail: poesilas@terra.com.br - Blogue: www.portas-lapsos.zip.net
Autor de O HOMEM QUE VIROU CERVEJA, Crônicas Hilárias de Um Poeta Boêmio, Giz Editorial, São Paulo, no prelo, Prêmio Valdeck Almeida de Jesus, Salvador, Bahia, 2009
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