A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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domingo, 30 de agosto de 2009

ALÉM DA CAVERNA

Física e misticismo, física e misticismo, física e misticismo... Na década passada foram lançadas, literalmente, dúzias de livros de físicos, filósofos, psicólogos e teólogos com o objectivo de descrever ou explicar a extraordinária relação entre a física moderna, a mais dura das ciências, e o misticismo, a mais suave das religiões. A física e o misticismo estão rapidamente a aproximar-se de uma notável visão comum do mundo, dizem alguns. São aproximações complementares para uma mesma realidade, afirmam outros. Não, nada têm em comum, anunciam os cépticos; os seus métodos, objectivos e resultados são diametralmente opostos. Na verdade, a física moderna vem sendo usada para apoiar ou refutar o determinismo, o livre-arbítrio, Deus, Espírito, a imortalidade, a causalidade, a predestinação, o Budismo, o Hinduísmo, o Cristianismo e o Taoísmo.
O facto é que cada geração tem usado a física para provar ou negar o Espírito - o que é significativo. Platão declarou que toda a física era, usando as suas próprias palavras, nada mais do que uma "história plausível", uma vez que ela dependia, em última análise, da evidência de sentidos fugidios e vagos, enquanto que a verdade residia nas Formas transcendentais além da física (daí a "metafísica"). Por outro lado, Demócrito acreditava somente em "átomos e no vazio", desde que, sentia ele, nada mais existia - uma noção tão desprezível para Platão, a ponto de levá-lo a expressar o mais forte desejo de que toda a obra de Demócrito fosse queimada imediatamente.
Quando a física newtoniana passou a reinar, os materialistas agarraram-se a ela para provar que uma vez que o universo era, obviamente, uma máquina determinística, não havia espaço para livre-arbítrio, Deus, graça, intervenção divina, ou qualquer outra coisa que, mesmo vagamente, se assemelhasse ao Espírito. Este argumento, aparentemente impenetrável, não causou o menor impacto nos filósofos espiritualistas ou idealistas. Realmente, estes argumentavam, a segunda lei da termodinâmica - que, inequivocamente, anuncia que o universo está a gastar a corda - significa somente uma coisa: se o universo está a gastar a corda é porque, previamente, algo ou alguém deu corda ao universo. A física newtoniana não refuta Deus; pelo contrário, afirmavam, ela prova a absoluta necessidade de um Divino Criador!
Ao entrar em cena a teoria da relatividade, repetiu-se o mesmo drama. O Cardeal O'Connell de Boston preveniu os bons católicos que a relatividade era "uma confusa especulação produzindo uma dúvida universal sobre Deus e a Sua criação"; a teoria era uma "hedionda aparição do Ateísmo". Por outro lado, o Rabino Goldstein anunciou, solenemente, que Einstein tinha conseguido nada menos do que produzir "uma fórmula científica para o monoteísmo". Similarmente, os trabalhos de James Jeans e Arthur Eddington foram saudados efusivamente nos púlpitos de toda a Inglaterra - a física moderna sustenta a Cristandade em todos os aspectos essenciais! O problema era que tanto Jeans quanto Eddington não concordavam com esse entendimento e muito menos concordavam entre si, o que inspirou o famoso chiste de Bertrand Russel de que "Sir Arthur Eddington infere a religião do facto de que os átomos não obedecem às leis da matemática; Sir James Jeans infere-a do facto de que eles obedecem-lhes".
Hoje ouvimos falar da suposta relação entre a física moderna e o misticismo oriental. A teoria "bootstrap", o teorema de Bell, a ordem implicada, o paradigma holográfico - supõe-se que tudo isto prova (ou refuta?) o misticismo oriental. Em todos os aspectos essenciais, repete-se a mesma história com personagens diferentes. Os prós e os contras apresentam os seus argumentos, mas o que resta de verdadeiro e inalterado é que, simplesmente, o assunto em si é extremamente complexo.
No meio de toda esta confusão, então, parece ser uma boa ideia consultar os fundadores da física moderna sobre o que eles pensavam a respeito de ciência e religião. Qual é a relação, se é que existe alguma, entre a física moderna e o misticismo transcendental? A física dá suporte a temas como livre-arbítrio, criação, Espírito, alma? Quais são os respectivos papéis da ciência e da religião? A física trata mesmo da Realidade (com "R" maiúsculo) ou está necessariamente confinada a estudar as sombras na caverna?
Ken Wilber

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