A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
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Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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sexta-feira, 31 de julho de 2009

reflexão desconexa - I


Amadeu de Sousa Cardoso, “Procissão do corpus christi”, 1913.


“Não creio que uma sociedade que confortavelmente se admira se possa transformar a si própria; advenha o bárbaro que a inveja e, porque a inveja, a destrói e se destrói; nem a satisfação nem a inveja são criadoras.” Agostinho da Silva, “Pensamento à solta”.

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O desígnio fáustico de pactuar com a História trocando a alma, essa fome de encontro e transfusão, pela afirmação dogmática do que é um umbilical impulso e, por isso, não é para ser vivido como definitivo, é um impulso desiderativo inconsequente, um nado-morto. Acabará como todas as outras tentativas de generalizar ao mundo o inferno do auto-comprazimento e da sobranceria cultural.

Em primeiro lugar, não existe aquilo a que se costuma chamar História com “H”. O “h” nunca se quer grande. Quando um homem assume que arrosta na sua vida com a carga de Humanidade que só é dada aos ‘grandes’, quando a diferença entre ‘grandes’ e ‘pequenos’ é uma questão de mais ou menos dioptrias por corrigir na miopia de quem assim vê, quase tudo está perdido. É que a vida, ao contrário das calças do pronto-a-vestir, já nos é dada com a dimensão certa, ou seja, não é dimensionável. É, somente, o que nós nos fizermos dela, entrelaçado com o que ela de nós fizer, o mais certo é que ela nos desfaça.

É feita dum emaranhado de histórias, (não gosto da palavra ‘estórias’, mas todas as histórias participam da ficção, são criacionalmente investidas da sua continuação aquém e para além do que, pouco realisticamente, assumimos como o real), essa quimera a que pomposamente se atribui um ‘H’. As tendências longas dos Annales, a imperiosa sucessão de Impérios e regimes de dominação, as sístoles e as diástoles da economia, esse monstruoso coração negro que irriga o mundo de miséria e devastação, mais não serão do que simples mecânica dos fluidos, um gigantesco escorrimento em direcção ao buraco negro da temporalidade da desgraça. Mas chega de escatologia. Com ‘E’, não, para que o ar continue respirável.

Sigamos, pois, a deriva destinal da Língua que dá sentido à ideia de que, individualmente e colectivamente, há um destino. Essa Língua é falada por povos tão diversos, tão vários, tão profusamente diferentes, mesmo se olharmos de perto veremos amplificar-se, em fractal, a diversidade desses povos, mesmo dentro dos respectivos territórios, e isto é indesmentível. Esse destino só tem duas coordenadas: aqui e agora. Esta língua tem uma temporalidade que a anima, o presente e um referente por excelência, a presença. O que não for assumido como presente e não for vivido em presença, é pretérito.

Este o segredo das diacosmeses da saudade. Um ‘outro’ mundo se possibilita pela Língua que saúda os seres, que os acolhe e os libera na sua indefinição, na sua impossibilidade de se esgotarem, de se verem engolidos pela objectivação mercantil e industrial, os entrega à presença do Futuro, posto que outra coisa não é o presente. Trata-se duma Língua que não admite fronteiras nem exporta barbárie, isto se a encararmos na sua autenticidade. Talvez seja a única Língua em relação à qual não há bárbaros, todo o linguajar, do seu seio, é encarável como fala dos Eleitos, nada de criativo, profundamente humano, lhe é estranho ou dissonante. A sua influência não é invasiva, como um vírus ou qualquer outra causa de moléstia, porque a sua alma é a disseminação, a superação contínua de si, a absolução do insuficientemente visto como insuficiente ou deficitário. E é sabido que geralmente é no Outro que projectamos estas categorias da senilescência judicativa.

O Mundo não precisa de ‘nós’. Querer ser solução é um sintoma do problema. Deixemos o Mundo em paz em nome da Paz no Mundo. Vivamos o destino: sejamos autênticos na nossa vida, construamos uma comunidade de rosto humano, uma comunidade sem limites, mas que tem que ser vivida aqui e agora para que tenha uma amplitude verdadeiramente humana. E há que ter em conta que este 'aqui e agora' é permeado pelo infinito e pela eternidade. Deixemos que os que atiram os foguetes vão atrás das canas. O que precisamos, aqui e em qualquer parte, não é de fogos de artifício, de manhas e desmandos.

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