A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

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Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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quinta-feira, 30 de julho de 2009

Curiosidades sobre a linguagem açoriana

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Ouve-se muitas vezes pronunciar “tesoiras” ou “tisoiras” em vez de tesoira. Bem se sabe que não é correcto:— Á Maria, alcança-me aquelas tisoiras que estão aí im cima da menistra! É ouvido por todas as ilhas nestas formas. Penso que será o equivalente a chamar ‘binóculos’ ao binóculo. Não só nos Açores como por todo o país. Estará correcto?
Quando me criava, meu avô tinha um lindo bonóculo, enviado da América, devidamente acmadado no meio de uns alvarozes, mas sempre lhe ouvi chamar ‘binóculo’. Pela vida fora fui ouvindo as duas formas, singular e plural. Hoje ouve-se frequentemente o plural, mesmo por pessoas que têm obrigação de falar o bom português — refiro-me àqueles que ensinam, os professores, e os que contactam diariamente com o público, nomeadamente através dos meios de comunicação. Vamos ver se estará correcto.
Um ‘óculo’, por definição — pode constatar-se em qualquer dicionário —, é um instrumento equipado com lentes de aumento, próprio para ver ao longe. Um ‘binóculo’, não é mais do que dois óculos unidos, com sistemas de lentes reguláveis. Portanto, a forma correcta deverá ser ‘binóculo’. Deriva, aliás, do francês binocle, e é por isso que na linguagem popular se ouve muitas vezes pronunciar ‘binocle’.
Mas, como toda a Língua é dinâmica e se vai alterando com o andar do tempo, a palavra, dita no plural, tornou-se tão habitual na linguagem de agora que o recente Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea (Academia das Ciências de Lisboa) já a regista, a par da vernácula, como fazendo parte do português de agora. Eu por mim uso a correcta, digo, a dita no singular. Os Galegos também.

E, como as conversas são como as cerejas, esta palavra faz-me lembrar outra, neste caso falando no género. Antigamente a palavra ‘bebé’ só se usava no masculino. Os Professores da Faculdade de Medicina de Coimbra, antes da Revolta do 25 de Abril, eram altamente exigentes quanto à terminologia médica. Tão rigorosos, ao ponto de chegarem a ‘chumbar’ um aluno num exame por apenas usarem uma palavra não registada na ‘memória rígida’ das suas doutas mentes, tal como um computador sublinha a vermelho qualquer palavra que lhe não tenha sido introduzida no vocabulário do disco rígido. Resultado fatal: quem tivesse o azar de usar tal palavra no feminino chumbava logo. Realmente essa palavra deriva do francês Bébé (masculina). ‘Bébé’ era o apelido de um célebre anão da Corte do ex-rei da Polónia Estanislau Leczynski quando, no século XVIII, governou as regiões de Barrois e Lorena. O anão chamava-se Nicolas Ferry e diz-se que pouco mais media do que 60 centímetros de altura, sendo uma verdadeira atracção local. O nome, acabou por ser difundido através do inglês baby, em português ‘bebé’, em brasileiro ‘bebê’. Se alguns dicionaristas ainda a usam apenas no masculino, referindo-se à criança de qualquer dos sexos (José Pedro Machado, por exemplo), a maioria regista as duas formas. Eu, quiçá traumatizado pela rigidez da formação académica, uso-a (tal como os Galegos) apenas no masculino: Aquela menina é um bebé lindo. Sei que não será correcto, ou actual, mas às vezes até me tem dado jeito: aqui atrasado, estando no Serviço de Urgência, apareceu-me uma criança com cerca de 6 meses, olhos lindos, azuis, pele clara e uns lindos brincos de oiro em cada orelha. Pensando tratar-se de uma menina, logo comentei: “Que lindo bebé!” Acertei em cheio: era mesmo um bébé, não uma bebé. Não fiz figura de parvo. Parvos, quanto a mim, terão sido os pais ao enfiar nas orelhas do bebé umas arrecadas, num ser humano ainda sem capacidade de discernir. Quem sabe lá se daqui a poucos anos se aborreçam os rapazes de andarem com brincos nas orelhas. Até que, para certas profissões — ajudante de pedreiro, ou outras —, tal delicado adorno deverá ser incomodativo e eventualmente perigoso, estando sujeito a rasgar o lobo da orelha.

No nosso Continente europeu, pela própria anatomia facial dos seus habitantes, não será fácil o adorno usado pelas velhas tribos africanas, a colocação de um prato no lábio inferior. Se não fosse tal impossibilidade anatómica, com o exagero dos adornos que hoje se vão vendo, já teríamos jovens (no sentido amplo da palavra) de beiçola descaída a passear o prato pelas ruas de todo o país.
Embora não pareça, pessoalmente nada tenho com tais manifestações narcisistas, mas nunca mais me esqueço das palavras de meu avô João Travassos, já lá vão mais de vinte anos: Inda hás-de ver esses monços, de saia e perna rapada, de bandolete na cabeça e arrecadas nas orelhas... E hão fugir das raparigas, tanta há-de ser a fartura. Já nã há-de ser pro mei tempo... E já não foi.

João Barcelos, in Diário Insular

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