A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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quarta-feira, 8 de julho de 2009

Cadernos de Agostinho da Silva (excertos e notas): 10ª série

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No primeiro Caderno desta série, VIDA DE VIVEKANANDA, reconstitui, Agostinho da Silva, a vida deste célebre religioso hindu, salientando o quanto nele, na sua espiritualidade, se unem idealismo e pragmatismo: “depois de se ter compreendido, qualquer que seja a nossa religião, que a dos outros não é fatal­mente má, depois de se ter compreendido que o espí­rito sempre ajuda o espírito, mesmo quando parece exercer-se em domínios diferentes, falta, segundo Vivekananda, que tentemos o passo que é talvez o mais difícil: o de aliar a um idealismo inabalável um per­feito senso prático. Em geral, as duas qualidades têm andado dissociadas, mas parece a Vivekananda que é possível uni-las”[1].
No segundo, AS ESTRELAS, salienta, Agostinho da Silva, uma vez mais, o papel pioneiro dos gregos: “Segundo parece, foram os gregos que primeiro ten­taram organizar o conhecimento do céu unindo as estrelas existentes em grupos que tornassem mais fácil distinguir as estrelas umas das outras; é possível, no entanto que este primeiro trabalho não tivesse por móbil nenhum impulso científico, mas apenas tivesse sido o resultado da imaginação de quem olhava para o céu nas límpidas noites da Grécia; as constelações tiveram o nome de deuses ou de personagens relacio­nadas com a história dos deuses e, na maior parte dos casos, torna-se bem difícil descortinar os motivos que levaram a dar às constelações ou grupos de estrelas as designações que ainda hoje conservam; as do hemisfé­rio sul são menos estranhas, mas quase sempre há bas­tante falta de ligação entre o nome e o aspecto da constelação no céu. Ao mesmo tempo que tentavam realizar uma carta celeste, propuseram os gregos, mo­vidos pelo seu infatigável espírito científico, várias teo­rias das estrelas que, por não repousarem em ne­nhuma noção segura e provirem muito mais de considerações metafísicas, tiveram de ser totalmente postas de parte”[2].
No terceiro, O SISTEMA NERVOSO, o mote é similar, ainda que aqui se admita expressamente a fonte egípcia, a par da grega – nas palavras de Agostinho da Silva: “A primeira documentação segura que possuímos acerca da anatomia do sistema nervoso provém da Grécia, embora seja muito possível que os médicos e embalsamadores egípcios tivessem já noções bastan­tes completas sobre o assunto; os médicos e os naturalistas gregos e também alguns dos filósofos sabiam alguma coisa da disposição geral do sistema nervoso, mas, segundo parece, ignoravam totalmente o funcio­namento dos órgãos. Galeno, do século II, deixou a primeira descrição do conjunto do sistema nervoso e os seus ensinamentos foram seguidos, quase sem discrepância e sem progressos, durante todo o tempo do domínio dos romanos e durante toda a Idade Média, isto é, durante cerca de catorze séculos”[3].
No quarto, LITERATURA PORTUGUESA, é difícil salientar algo, tal a profusão e profundidade das observações – atentemos, por exemplo, nesta tão breve quanto brilhante síntese, com a qual Agostinho da Silva encerra o Caderno: “A partir de 1890, e sobretudo pela influência de eruditos como Teófilo Braga (1863-1924), autor de es­tudos numerosos de história literária, embora seja ine­gável a importância de Garrett para o movimento, desenha-se uma literatura de reacção às tendências internacionalistas e críticas da geração de Antero. An­tónio Nobre (1867-1900), lança no os modelos poé­ticos, com a sua sensibilidade doentia, o seu apartado regionalismo, mas também com a compreensão de muito do que tinham desprezado os escritores da geração an­tecedente e a tentativa de ritmos novos, de formas de expressão que melhor se adaptavam ao hesitante pen­samento do autor. Silva Gaio (1860-1934) tenta uma doutrinação, com o seu neo-lusitanismo, mas apesar de todas as qualidades reveladas nas Canções do Mon­dego, nos Torturados não havia nele o fundo real de um grande poeta ou de um grande pensador. Depois, o nacionalismo cinde-se e dá por um lado o saudo­sismo da Águia, órgão do movimento A Renascença Portuguesa, por outro lado, o Integralismo de Antó­nio Sardinha (1887-1925)./ Fora de todas estas escolas, porventura mais apa­rentadas à política do que à literatura, aparecem poe­tas como João Penha (1839-1919), notável pela perfei­ção da forma, e como Gonçalves Crespo (1846-1883), cujos Nocturnos e Miniaturas encerram poesias que, se são fracas pelos temas, são de grande valor formal; dramaturgos como D. João da Câmara (1852-1908) re­gionalista e sentimental (Os Velhos) ou como Marcelino de Mesquita (1856-1919), autor de dramas históricos (O Regente, Pedro o Cru); finalmente, e com muito mais valor, prosadores como Raul Brandão (1876-1930) e Teixeira Gomes (1862-1942); o primeiro, em Os Po­bres, Húmus, O Gebo e a Sombra, Os Pescadores, sen­tiu como nenhum outro prosador o trágico da vida, a presença angustiante da morte; exprimiu-se a grandes pinceladas, com uma forte emoção lírica, mas não hesitou, quando se tornava necessário, em recorrer a quadros feitos, a fórmulas em que já se fixara; Tei­xeira Gomes, no Agosto Azul, no Inventário de Junho, em Gente Singular, nas Cartas sem moral nenhuma, em Maria Adelaide, revelou todo o seu temperamento de artista, todo o sensualismo da sua natureza, mas ao mesmo tempo o seguro gosto crítico, a inteligência disposta à reflexão e à ironia./ Modernamente, a literatura portuguesa não parece com tendência a fixar-se em correntes nítidas, embora pudessem concorrer para essa fixação circunstâncias várias, na sua maior parte alheias à literatura; cada artista procura acima de tudo exprimir-se, sem grande atenção a qualquer espécie de fórmulas que apenas poderiam limitá-lo.”[4].
No quinto e último Caderno desta série[5], MOTORES DE EXPLOSÃO, saliente-se, uma vez mais, a capacidade de Agostinho da Silva para coligir dados científicos e históricos, aqui a respeito do motor de explosão, sem o qual, como começa desde logo por salientar, “teria sido im­possível grande parte do progresso industrial da época moderna”[6].

[1] Vida de Vivekananda, Lisboa, Edição do Autor, 1944, p. 19.
[2] As Estrelas, Lisboa, Edição do Autor, 1944, p. 3. Ainda que saliente: Só, porém, a partir do século XIX, com a adopção de processos rigorosamente científicos, com o progresso da técnica, e com a colaboração internacional de observatórios, se conseguiu ter do mundo estelar um conhecimento mais seguro” (pp. 3-4).
[3] O Sistema nervoso, Lisboa, Edição do Autor, 1944, p. 3. Ainda que também aqui seja “do século XIX que datam os gran­des progressos dos conhecimentos sobre o sistema ner­voso” (p. 4.)
[4] Literatura Portuguesa, Lisboa, Edição do Autor, 1944, pp. 22-24.
[5] Em que o anunciado título História do Veleiro nunca se chegou a publicar.
[6] Motores de explosão, Lisboa, Edição do Autor, 1944, p. 3.

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