Num ângulo do tecto, ágil e astuta, a aranha,
Sobre invisível tear tecendo a ténue teia,
Arma o artístico ardil em que as moscas apanha
E, insidiosa e subtil, os insectos enleia.
Faz do fluido que flue das entranhas a estranha
E fina trama ideal de seda que a rodeia
E, alargando o aranhol, os elos emaranha
Do alvo disco nupcial, que a luz do sol prateia.
Em flóculos de espuma urde, borda e desenha
O arabesco fatal, onde os palpos apoia
E, tenaz, a caçar os insectos se empenha.
Vive, mata e produz, nessa faina enfadonha:
E, o fascinante olhar a arder como uma jóia,
Morre na própria teia, onde trabalha e sonha.
António Francisco da Costa e Silva
(Amarante, Piauí, 1885 - 1950, Rio de Janeiro)
In DA COSTA E SILVA. ANTHOLOGIA. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1934, p. 137-138
Sobre invisível tear tecendo a ténue teia,
Arma o artístico ardil em que as moscas apanha
E, insidiosa e subtil, os insectos enleia.
Faz do fluido que flue das entranhas a estranha
E fina trama ideal de seda que a rodeia
E, alargando o aranhol, os elos emaranha
Do alvo disco nupcial, que a luz do sol prateia.
Em flóculos de espuma urde, borda e desenha
O arabesco fatal, onde os palpos apoia
E, tenaz, a caçar os insectos se empenha.
Vive, mata e produz, nessa faina enfadonha:
E, o fascinante olhar a arder como uma jóia,
Morre na própria teia, onde trabalha e sonha.
António Francisco da Costa e Silva
(Amarante, Piauí, 1885 - 1950, Rio de Janeiro)
In DA COSTA E SILVA. ANTHOLOGIA. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1934, p. 137-138
Sem comentários:
Enviar um comentário