A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

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Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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segunda-feira, 15 de junho de 2009

Trans-Pátria - Um Portugal que padece do problema de se ver como problema

Um dos aspectos mais notáveis que ressalta da observação atenta da cultura e da vida portuguesa é a inflação de Portugal nessa mesma cultura e vida. Portugal tende a assumir uma presença incontornável no modo como pensamos a nossa própria existência, a nossa presença no mundo e a natureza da própria realidade. Isto não só naqueles autores paradigmáticos, como Camões, Vieira, Pascoaes, Pessoa e Agostinho da Silva, que fizeram ou tenderam a fazer de Portugal, por vezes obsessivamente, a mediação por excelência para o divino ou a universalidade – atribuindo a uma nação ou a uma pátria funções que só parecem poder pertencer às consciências individuais - , mas também no comum dos cidadãos, que aparentam não conseguir falar de si, do mundo e da existência sem falar de Portugal e da sua relação feliz ou infeliz, sempre mais emocional do que racional e quase sempre traumática, com o mesmo. Como notou Eduardo Lourenço, padecemos não de falta, mas de excesso de identidade nacional. Creio que deriva daí, como aponta o mesmo autor, o irrealismo prodigioso da imagem que fazemos de nós próprios.

Com efeito, e embora se constate que isso tende e provavelmente tenderá a diminuir nas gerações mais jovens, é um facto que um dos temas mais destacados da cultura portuguesa é o da própria identidade nacional. Portugal como Problema, título de uma antologia de Pedro Calafate, designa aquilo em que a nação se tem convertido para os portugueses em geral: um problema, decerto sem solução, porque carente de real fundamento.

Do mesmo modo que não parece razoável considerar que todos ou a maior parte dos nossos males e bens se relacionem com Portugal, também não se afigura razoável esperar que Portugal venha a ser a solução ou parte da solução de todos os nossos problemas. Isto pela simples razão de que, antes de sermos portugueses, somos homens, seres vivos conscientes e sensíveis, cuja existência e presença no mundo antecede e excede os limites da história, da língua e da cultura que recebemos pela educação e pela imersão no mundo social que nos acolhe. Considerar a nação, enquanto organismo cultural, social e político, o factor determinante da existência e da solução dos nossos problemas existenciais, éticos e intelectuais, individuais e colectivos, é condenar-nos a reproduzir o que tem sido a nossa constante relação de amor-ódio com ela e a sua inevitável frustração contínua: esperando da nação o que ela não pode dar e alienando na identificação com ela o fundo mais íntimo e responsável do nosso ser, julgamo-la de acordo com expectativas irreais e tornamos dependente das suas vicissitudes a nossa felicidade ou infelicidade. Em particular, por essa compenetração entre indivíduo e nacionalidade, o nosso egocentrismo assume dimensão nacional e precipitamo-nos no constante e pendular complexo de inferioridade-superioridade que nos faz sentir ora os piores, ora os melhores do mundo, no círculo vicioso do autocentramento umbilical que caracteriza a hipertrofia do sentimento de identidade, neste caso individual-nacional. Daqui resultam as nossas anedóticas e contrapolares tendências, grosseiramente irrealistas, para nos vermos no centro do mundo ou na sua periferia, como a sua cabeça ou a sua cauda, como os eleitos ou os danados da sua história. Daqui resulta o gosto mórbido de nos maldizermos e depreciarmos constantemente, frustrado reverso do apego onírico e onanista a uma delirante auto-imagem de sucesso e glória planetários – fruto do apogeu dos Descobrimentos - , a qual, sempre desiludida pela natural indiferença da história e da realidade, se compraz na expectativa de sermos pelo menos campeões mundiais ou europeus em futebol ou no facto de termos o melhor jogador do mundo, a maior ponte, o maior ou segundo maior centro comercial, a maior feijoada (ao longo de toda a Ponte Vasco da Gama), etc…

Disto resulta o facto grave de muitos portugueses continuarem a fazer da nação e do seu sentido a principal questão da sua existência, para além do nível relativo em que legitimamente se coloca, relativizando a ela as grandes questões eternas e actuais com que se defronta universalmente a humanidade, como as do sentido da existência, da vida e da morte, a natureza e possibilidades da mente, a relação ética do homem com a natureza, o ambiente e os seres vivos, humanos e não-humanos. Isto configura, quase um século e meio após as Conferências do Casino, um Portugal ainda adormecido, alheio e marginal, pelos piores motivos, às encruzilhadas e dilemas da civilização contemporânea. Um Portugal que padece do problema de se ver como problema e que, assim, não pode ter solução.

33 comentários:

Ariana Lusitana disse...

Falemos das coisas de modo que eu lhes possa tocar, porque Portugal é um nome, e até o poderíamos ter feito em Marrocos. Mas nisto não o percebo, os indivíduos portugueses e a nação portuguesa, fala como se fossem realidades diferentes, e não são, porque a nação portuguesa é, em todas as épocas, o conjunto dos indivíduos portugueses e do que foram, cada um. O Padre Vieira e outros de que estão sempre a falar, foram indivíduos. Além disso há nações que "falam muito mais de si", e os resultados disso têm sido um desastre, veja a Alemanha. O nacionalismo português, ou o que lhe quiser chamar, até tem sido civilizador e relativamente pacífico.
Os portugueses não têm um problema de identidade, têm um problema de miséria alimentado por políticos.

Eurico Ribeiro disse...

Interessante este texto, que merece um aplauso pela antítese que cria num blog como este...
Mas independentemente da ousadia é obvio que não posso estar em maior desacordo com a mensagem do mesmo. E nem necessito de detalhar.

Ora padecemos de um problema de excesso de portugalidade? Interessante, mas onde e quem?
Ora se nos lamentamos sempre que somos atrasadinhos, que tudo lá fora é melhor do que o quer quer que façamos, que não gostamos de trabalhar, que somos corruptos (mas ainda por cima maus corruptos, porque os outros são melhores), que deixamos destruir os monumentos, que temos estradas em mau estado, que estamos a perder (ou já perdemos toda a indústria), que os nossos vizinhos são chatos...etc, etc, etc! Dizemos mal de tudo! Como é que temos excesso de patriotismo? Digo patriotismo já que nacionalismo é para aqueles países mais xenófobos de indivíduos de olhos azuis, pele branca e cabelo louro, não para nós que até temos uma tez morena e adoramos o exótico sem preconceitos.

Nós desde as "amigáveis invasões Francesas" (sim porque inicialmente nem houve guerra, já que era a Liberdade a Igualdade e a Fraternidade que nos entrava porta a dentro... como se delas necessitássemos com a nossa forma de ser e de estar no mundo) que deixámos de olhar para nós e passámos a ter uma vergonha tremenda de sermos portugueses. E isto desde as elites políticas e intelectuais às classes médias ou aburguesadas. Apenas o povo agrícola (e uns malucos como nós), alguma aristocracia e alguns indivíduos lusofalantes dalém mar, têm vindo a defender a nossa forma de ser e de estar... o grande apoio ao Fernando Pessoa e porque não a Agostinho da Silva vieram não de portugueses mas dos nossos irmãos brasileiros!!!

Se olhar bem você verificará que não faz parte da excepção dos portugueses pretensamente consciêntes da sua mediocridade, mas da esmagadora maioria, já que muito poucos são aqueles (infelizmente) que pensam como nós (MIL e Nova Águia). Para isso aconselho-o a viajar por outros países e verá depois onde se vive melhor: onde se come melhor, onde se bebe melhor, onde a interajuda funciona quando está perdido na rua, onde ainda existe alguma liberdade individual, onde a segurança ainda não se mete consigo restringíndo-lhe os seus movimentos, onde ainda não há muita poluição, onde há este Sol e um mar espantoso, e onde a nossa forma de ser e de estar ordenada mas caótica permite o crescimento de todos... Já reparou a percentagem de cretinos que pairam lá fora? Compare-os com os nossos cretinos (que a meu ver são muito menos) e veja bem se somos afinal um problema, ou se o queremos ser por mera protecção...

Meu amigo aconselho-o por saúde mental a deixar deste fadinho do desgraçado, lá porque caímos (e será que caímos mesmo??) da nossa posição mundial de 1500. Temos reaprender a saber o que somos realmente: o lado bom e mau (Pascoaes na "Arte de Ser Português" inumera as nossas virtudes e os nossos vícios), para não nos autocastrarmos continuamente convencidos que estamos ainda a sim a ser benevolentes!

Paulo Borges disse...

Ariana, a nação portuguesa é o conjunto dos indivíduos portugueses mas estes não se reduzem ao que os adjectiva... Essa é uma das nossas divergências.
Quanto ao que digo, da hipertrofia identitária, é claro que não somos excepção. A Alemanha e a Rússia, num determinado momento da sua história, acompanharam-nos. Os resultados exteriores disso foram de facto desastrosos, como o são os nossos, só que, felizmente, apenas para nós, não para os outros.

Eurico, acho que ficou preso ao que mais imediatamente o incomodou no texto e não o leu bem. A vergonha de ser português é um dos efeitos mais evidentes do excesso de se sentir português, acima de tudo. Não critico o patriotismo, mas o que nos impede de ter um patriotismo salutar, isso mesmo que logo o converte no seu aparente oposto.

Pode crer que viajo, dentro e fora da Europa, no Ocidente e no Oriente, e é também aí que vejo e sinto o que é Portugal: para mim o melhor país do mundo para se viver, sem dúvida, como digo a todos os meus amigos estrangeiros; mas também um país que se converte num desnecessário e inexistente problema para os portugueses, que não cortam o cordão umbilical com o terrunho...

Curioso você achar que este texto é uma antítese neste blog... Não é pensar Portugal o primeiro objectivo da Declaração do MIL!? Ou acha que deveriam todos obedecer aqui ao coro dominante, pelo menos enquanto outras vozes não se manifestarem!?...
O patriotismo que parece defender é, a meu ver, o que de mais anti-patriótico existe e a raiz de muitos dos nossos problemas.

Ariana Lusitana disse...

"Que os adjectiva", não sei se percebi mas os indivíduos resultam de atributos das nações a que pertencem. Se tivessemos nascido na Tailândia nem eu nem você estavamos a "perder tempo" com isto.
"Indivíduo" e "nação" são interdependentes, e só poucos indivíduos vão mais longe que esse determinismo de "ter nascido num lugar cultural". E mesmo esses são parte "as suas circunstâncias". Além de que a "revolução individual das consciências" leva muitas décadas a ter influência nas pátrias. Como um dia ouvi a uma senhora numa manifestação para que não fechassem uma maternidade "Não posso esperar pelo governo, o meu filho está quase a nascer!"

Ariana Lusitana disse...

Ou fomos nós que acompanhamos a Alemanha, a Rússia, a França, e toda a "porcaria" que não tem nada connosco?
Eu sei do que falo, conheço racistas fanáticos que estão cheios de sangue mouro e judeu. O nosso maior problema é a falta de informação, educação sem complexos e cultura "à borla", e menos pedantismo intelectual de quem o é. Que desçam ao povo e vão educar as pessoas! Não era disso que falava o filósofo Leonardo Coimbra? E até o Rolão Preto?

Casimiro Ceivães disse...

O terrunho tem essa coisa simpática que é dar-nos o pão, embora seja certo de que nem só de pão vive o homem.

Mas - "Qual de vós, se um filho vos pedir pão, lhe atira uma pedra?", disse o Cristo. Em versão moderna - qual de vós lhe atira com um tratado de Schopenhauer, uma meditação de Bruno ou um pingo de chuva oblíqua?

Paulo, há outras coisas que só com uma análise minuciosa do texto (que sem dúvida a merece) poderemos discutir. A seu tempo, que agora não o tenho...

Ariana Lusitana disse...

Não fale em pedras...

Ariana Lusitana disse...

E sim, a diferença entre a política e a sabedoria, só "o fazer" assume os riscos do erro como cidadania. O resto são "torres de marfim" mesmo que iluminem muito.

Casimiro Ceivães disse...

o 'erro como cidadania' por si só dava mais do que um post.

claro que é disso que se trata. Mas quando se fala em 'fazer', os políticos pensam na construção civil.

Casimiro Ceivães disse...

Aliás, e agora relendo o primeiro comentário da Ariana. O Portugal do Afonso Henriques fez-se desde o primeiro momento na aliança de dois lugares bem diferentes, a terra portucalense e a Coimbra moçárabe. Depois vieram outros lugares, e não há razão para que o Tejo seja mais 'português' do que Timor a não ser porque milhões de homens fizeram coisas e desfizeram coisas em algum momento. Muitas vezes fazer foi uniformizar o que deveria ter-se mantido diferente; outras foi tratar diferentemente o que era igual.

A 'trans-pátria' assemelha-se demasiado à energia universal - o que quer que seja essa simpática intrujice - para ter um coração a bater, mesmo que seja só nas palavras dos poetas.

Ariana Lusitana disse...

Tudo o que é "trans" me deixa de pé atrás (isto sem bocas sexuais), parece-me sempre algo que está a fugir para algum lado, ou entre uma coisa e outra, ou que não quer ser deste mundo.
Eu acho que somos "mestiços" desde sempre, nisto refiro-me à nação e não aos povos, porque se "descermos" aos povos não há "povo português", isso é uma invenção "nacionalista", num sentido de nacionalismo que não gosto.
E depois ainda há aquela "coisa" que não consigo definir de nos sentirmos de Portugal para sempre, onde quer que estejamos mas de nos sentirmos ao mesmo tempo dos lugares para onde vamos, e "contaminamos" os outros com isto. Uma vez uma amiga minha holandesa disse-me que em Portugal se sentia na Holanda e em Espanha no estrangeiro, apesar de eu saber que ela gosta muito de Portugal, há mais qualquer coisa no que me disse, essa "coisa"...

Casimiro Ceivães disse...

isso é muito engraçado. Até há pouco tempo (em termos históricos) falava-se dos 'povos' de Braga, de Setúbal ou de Viseu, daqui ou dali. 'Povos' era uma palavra plural.

A unidade estava no Reino.

Quando se terá começado a dizer 'o povo português é assim e assado'? Desconfio de que com os intelectuais emigrados, os Garrett e os Eças. Quando Paris e Londres eram uma espécie de Oriente, quando não uma espécie de Grande Oriente.

Ariana Lusitana disse...

Olhe se eu tivesse poder para isso proibia a construção civil (além da prioritária e de interesse público) durante 5 anos nas grandes cidades do litoral. Falo muito a sério, e seria um bem para todos nós, e para a dignidade da política.

Ariana Lusitana disse...

Acerca disso já tenho poucos conhecimentos mas acredito que foram ideias importadas, via "francesismo expansionista" pós revolução francesa. Isso ainda está hoje no discurso republicano. Eu sou mas acredito na pequena "res", no "concílio de aldeia", na lei dos forais.

Ariana Lusitana disse...

Uma vez um velhote campino de uma família de campinos disse-me "Sou português quando vou a Lisboa, lá não há campinos" e desatou a rir-se. Fala dos campinos como se fossem uma etnia aparte.
Não digam que o povo é estúpido! Devíamos mandar campinos, cavadores e pastores para o parlamento europeu, e o mesmo deviam fazer os outros, mandar cantadores do Tirol, tocadores de gaita da Irlanda e mandar os políticos todos trabalhar!

Ariana Lusitana disse...

E assim talvez tivessemos uma "Europa", que também não quer dizer nada, a não ser a "terra prometida" dos nómadas caucasianos, e ainda foi violada pelo caminho...

Casimiro Ceivães disse...

Ah, e antigamente os 'povos' iam directamente às Cortes, apresentar as suas reclamações e procurar vetar novos impostos...

Casimiro Ceivães disse...

tanta coisa a fazer.

Ariana Lusitana disse...

Nem mais, e quando se chateavam até proibiam a entrada aos reis.
(Isto é verdade.)

Ariana Lusitana disse...

Quero dizer, proibiam a entrada nas vilas, nos municípios.

Casimiro Ceivães disse...

a questão é: como refazer isso sem refazer isso? já não há reis, e as vilas não têm muralhas. já não há 'povos'. há gente, políticos, e predios no litoral. e nem sempre se pode regressar, como os navegadores descobriram.

Ariana Lusitana disse...

Não foi para isso que fizeram o Mil? Já ando aqui quase há um ano à espera de respostas... E nem vou dizer mais.

Casimiro Ceivães disse...

Não sei para que foi feito o MIL...

Mas quando se tem a pergunta certa há já meia resposta dada.

José Pires F. disse...

Sabe bem entrar numa caixa de comentários assim.
Uma delicia.

Casimiro Ceivães disse...

Mil. E uma noite, como diria a Sheherezade.

Um abraço, meu caro JPires!

José Pires F. disse...

:))

Forte abraço, Casimiro.

Paulo Borges disse...

Meus amigos, o que dizem confirma o que disse no post, o falso problema de nos vermos insistentemente como um problema. Aliás, o meu post também, tal como o post reactivo da Ariana.

O que penso sobre Portugal funda-se numa filosofia baseada na experiência e na razão, por esta ordem. Numa metafísica, numa ontologia e numa ética, em que primeiro que tudo há uma Pátria única, o Infinito, alheia a diferenças ônticas e nacionais. Aí se enraízam os indivíduos, como potências pré-existentes e pré-mundanas, anteriores à constituição dos vários planos e mundos espácio-temporais. Isso os torna anteriores às nações, que na melhor das hipóteses são saudosas derivas dessa Pátria na grande errância chamada história. Por isso não devem viver para si nem para as nações, mas para o comum e universal reencontro da grande Pátria anterior, onde se reintegram o deus e o demónio, o homem e o animal.

Como é óbvio, para mim ser não é ser-no-mundo, ser não é ser-aí (Dasein), essa heideggeriana banalidade. Ninguém tem de concordar, mas desafio-vos a que fundem a vossa visão de Portugal numa teoria geral do ser, livre de pragmatismo emocional e de historicismo e culturalismo acrítico.

O MIL e a Nova Águia são projectos plurais, destinados a pensar criticamente Portugal, a Lusofonia e o mundo. Quem achar que são movimentos de sentido único está gravemente enganado.

Ariana Lusitana disse...

"Aí se enraízam os indivíduos, como potências pré-existentes e pré-mundanas, anteriores à constituição dos vários planos e mundos espácio-temporais. " Pois sobre isso não consigo falar, nem quero. É para mim uma fantasia.

Casimiro Ceivães disse...

O MIL como Academia (no sentido das Luzes) é uma ideia estranha, Paulo.

O resto ( a parte citada pela Ariana) implicaria nem sequer uma Academia, mas uma Escola Iniciática ao modo da versão 'hard' da Filosofia Portuguesa.

Não estou a dizer que esses caminhos (especialmente para mim o segundo) não sejam uma boa maneira de passar a vida. Especialmente se, como creio, isto a que chamamos 'vida' seja um prelúdio.

Entretanto, os filósofos têm-se mostrado medíocres distribuidores de pão, e medíocres guardas das searas. Salvo os que se confundam com espantalhos, mas já não abundam os filósofos desgrenhados... Mas também não penso que devamos ser uma escola de economia, nem uma academia militar. Estamos, a meu ver, no meio - se quiser, com uma asa para cada lado para que o voo se sustente.

Casimiro Ceivães disse...

No anterior, refiro-me só ao MIL, e não à NA propriamente dita.

João de Castro Nunes disse...

Que treta! Para despedida...

Paulo Borges disse...

Muito prezo a ideia/imagem do duplo bater de asa, aliás tradicionalmenre budista: a asa da sabedoria, que vê as coisas como são, vazias; a asa da compaixão, que age espontaneamente em função do que as circunstâncias exigem como mais benéfico para todos. Inseparáveis.

Casimiro Ceivães disse...

Não sabia. Mas todas as Tradições são ramos.

Eu penso que a asa da sabedoria deve voar em silêncio, ou em murmúrio. À Arrábida o que é da Arrábida, ao Rossio o que é do Rossio.