A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
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Donde vimos, para onde vamos...

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Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

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quinta-feira, 18 de junho de 2009

TEXTO PARA A NOVA ÁGUIA 4

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PASCOAES E A ALMA DA EUROPA

Pinharanda Gomes

Um tanto enlaçada no garretismo, ou no romantismo garretiano, projectando o ideal da regeneração, da restauração, ou do «nascer de novo» (renascença), o movimento intitulado «Renascença Portuguesa» demonstra a preferência pela afectiva ideia de «minha terra». Desde que Portugal caminhou no sentido do enfraquecimento do poder que conquistara na época dos Descobrimentos, (quando a Europa se aviltava na Guerra dos Cem anos, ainda sem definidos Estados), Portugal saía, era o ano de 1415, para a expansão no mundo, de algum modo tendo de virar as costas à Europa. O peso de Portugal na «balança da Europa» deveio tão leve, ou menos, que a pena de uma ave. Garrett reflectiu densamente esse problema do peso de Portugal na balança da Europa . Em primeiro lugar ele tinha uma clara e abrangente da ideia de Europa, no seu tempo em crise, a qual ainda vigia no tempo de Oliveira Martins, porventura mais sensível à questão das nações hispânicas, e também na visão de Antero de Quental quando considerava a decadência dos povos peninsulares, sendo necessário que, ao fenómeno da decadência, se aponha o projecto da renascença, ou da reassunção. Em segundo lugar, Garrett considerava que Portugal era tido como um contrapeso necessário ao centripetismo europeu, rompendo as fronteiras, e de certo modo equilibrando as três potências da Europa ocidental, mas acabou por sair dessa posição. Um país novo se anseia, estabelecendo nele uma liberdade verdadeira e real. Face à evolução histórica, ou Portugal retomava um novo valor na orquestra europeia, ou só lhe restava o caminho da junção de facto, e por fim de direito, ao centralismo castelhano , salvo se Portugal fosse capaz da construir um Estado unitário, esparso pelas terras que integrara nos seus domínios, terras essas que ele descobrira, mas que as potências europeias um tanto dividiram entre elas, numa divisão homologada pela Conferência de Berlim (1885) que desfavoreceu Portugal, o descobridor, favorecendo os europeus, que nada tendo feito pela gesta, requisitaram, por força do seu poderio, a parte leonina da herança, ainda usurpando em 1890, a África cor de Rosa. Garrett procede a uma solene admonição: reequilibrar Portugal na balança da Europa é tarefa dos portugueses, desde que sejam capazes de «reconstituir a nossa perdida e desconjuntada Pátria» .
Na ideia do pensamento romântico, a Europa constituía uma forma assimilante e talvez dissolvente da nossa diferença. Depois, na visão de Pascoaes e mesmo de Pessoa, constituía um desordenado conjunto sem forma própria, qual «massa amorfa» esperando a hora de ser tendida.
Se Pascoaes teve uma imagem, em abstracto, de Europa, julgamos que lhe faltou a sua explicitação. Todavia, perante a Grande Guerra, o nome de Europa tem algum significado, mas não considera a Europa una, e corpo moral e cultural de um só rosto. Tende a visionar duas Europas, a constituída pelos povos mediterrânicos (clássicos) e os povos germânicos (bárbaros). Interroga-se como foi possível que «a Alemanha, romântica, revolucionária, europeia, se converteu em Alemanha asiática» .
O que Pascoaes visiona não é uma Europa unicista, mas livre e plural. Professou o desejo de «um mundo latino, germânico, eslavo, apresentando as várias nuances dos Povos, concertadas numa bela harmonia superior, eis o sonho fraterno e pacífico dos Países que se deram as mãos para a defesa da boa causa» , qual seja o ideal latino dos direitos da Justiça e da Liberdade. Todavia, ainda sentiu o risco de a Europa morrer nas garras da Alemanha!
Entende que a verdadeira Europa, se «converteu num grande foco de heroísmo, de sacrifício, de dor, onde as virtudes essenciais do homem se retemperam» . Esta, porventura, estigmatizada pela guerra, a noção mais clara de Europa, cujos povos, um por um, importam mais do que o seu conjunto, sendo eles, tal como no tempo do férreo centralismo napoleónico, os lugares em que o espírito habita, não dissolvido em heteróclita ou convencional mistura. Pascoaes, perante a Europa, ama de modo particular a Inglaterra, a França, a Rússia e a Itália , enquanto a guerra funciona, para os portugueses como um relógio que prenuncia a hora. «Chegou a hora de se não viver de Portugal, mas para Portugal» . Eis um mote para exame de consciência em qualquer lugar e em qualquer tempo.

(continua)