Seguindo uma clara movimentação dos votos para a Extrema Direita, o partido independentista Inuit Atagatigiit groenlandês conquistou o poder na Groenlândia, expulsando assim do governo da ilha o partido social-democrata Siumut, com um resultado de 44%.
A Groenlândia é um território semi-autónomo da Dinamarca e em Referendo, rejeitou recentemente integrar a União Europeia.
O resultado eleitoral é consistente com o desvio para a Direita que ocorreu nas últimas eleições europeias - com exceção do luso PNR, que continua com votações ridículas - e sobretudo com a duplicação de votos que se verificou em quase todos os partidos nacionalistas europeus. De certa forma este desvio para o radicalismo é, ele próprio, sinal dos tempos e da exaustão do modelo partidocrata batido e exausto contra o qual nos batemos NESTA petição. Existe, contudo o risco que aquilo que interpretamos como uma expressão de enfado e de desilusão por um sistema bipartidário e redutor ("Esquerda-Direita") produza a ascensão ao poder de um destes partidos radicais. É um risco muito real, como a História da Segunda Grande Guerra nos ensina...
O sistema democrático tem que se renovar, para que não permita a sua tomada por extremistas, de qualquer sinal: estalinistas ou nazis, e não se pode renovar, extremando-se e reforçando a representatividade dos partidos situados nas franjas dos partidos do "Grande Centrão". O sistema da Democracia Parlamentar Representativa que nas palavras de Winston Churchill era o "menos imperfeito de todos os sistemas imperfeitos" tem que se renovar de forma a curar este tumor lento, mas progressivo e poderoso que o vem corroendo desde à décadas, pelo menos desde o fim da Guerra Fria e que se traduz na sua expressao mais visível pelo aumento constante dos números da abstenção em praticamente todas as eleições.
Com efeito, a credibilidade da partidocracia é hoje muito reduzida. Não será exagerado afirmar que a maioria daqueles que ainda expressam o seu voto o fazem por razoes mais ou menos pessoais, quer porque estão mais ou menos ligados a uma qualquer burocracia partidária, quer porque estiveram no passado ou, talvez sobretudo, porque por tradição era ali que votavam os seus país. Outros são seduzidos pelas eficientes e oleadas máquinas de "marketing político" que nos vendem políticos e campanhas políticas como se se tratassem de sabonetes ou perfumes.
Fonte:
http://aeiou.expresso.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/518538
5 comentários:
Isto vai acabar tudo em violência e novas formas de tirania, mais assumidas e por isso mais frágeis do que esta, que se disfarça de o não ser. A tirania, democrática ou não, é a condição transcendental de haver política.
Esses partidos acabam por ganhar destaque, pois a Europa está a confundir uma união baseada na multiculturalidade, por uma cultura uniforme, esquecendo que cada país tem uma identidade própria e que muito dificilmente as populações quererão abdicar dela. Em Portugal a população não sente que a sua cultura esteja ameaçada, e esse possa ser um dos factores do baixo índice de votação do PNR. Mas para as populações dos países nórdicos, devido aos grandes fluxos de imigração, essas sentem que a sua cultura pode estar ameaçada, acabando estas por se refugiar em partidos com ideais extremistas, uma vez que são os únicos que não se integram no discurso oficial da UE.
Eu não conheço muito bem o partido, mas parece-me um pouco excessivo classificá-lo de "extrema direita". O que se passou foi que eles quiseram tornar-se independentes e a Dinamarca aceitou isso sem qualquer azedume. Não vejo grande mal...
Também não creio que a Groenlandia se debata com grandes fluxos de imigração... até o clima mudar, se mudar.
Referia-me ao norte da Europa em geral e não exclusivamente à situação da Gronelândia e Dinamarca. Quanto ao clima não creio que sol e palmeiras seja a primeira preocupação de quem opte por emigrar.
Enviar um comentário