Ao fechar os olhos, ao deitar-me pela noite já avançada, não dormi de imediato como pensei dormiria, devido o cansaço mental e físico; nem sonhei como desejei sonhar paisagens mais agradáveis, que aquelas que sempre povoam os meus pensamentos.
Não sonhei nem dormi, apesar de cansado e farto de estar de olhos abertos a ver o nada, com os olhos mentais, de portas fechadas. Levantei-me de pronto, quando me vi ainda deitado sobre a cama; e sem entender a razão daquilo, pensei em voltar; mas algo me puxou para longe dali; foi quando me dei conta que havia atravessado a montanha e me encontrava dentro da rocha bruta, que aquela altura era tênue como as nuvens e transparente como o vidro.
Sem sentir medo nem sentimento algum, deixei-me ir até o outro lado e voei pelos campos verdejantes, em manhã calma, quando ainda agora era noite avançada em meu leito de dormir, cansado e com o sono físico e mental ausentes.
Mas despertei e senti-me outra vez pesado e preso a um corpo pegajoso sem qualquer atrativo, a não ser o fato de através de ele sentir; mas de que vale sentir se o que sinto não guarda qualquer relação com o sentimento agradável!
Mas também sonhar fugindo sem peso e sem corpo de que vale se não confere qualquer experiência, palpável?
Quando era criança, passei por semelhante aventura, através de processo febril chamado “delirium tremens”, que antecedia um indescritível mal estar. Não resta dúvida de que se tratava de uma extraordinária experiência, principalmente sendo eu ainda criança e entrava irresistivelmente num túnel luminoso, fantástico, como se fosse um prêmio pela angustia e o paladar horrível, na boca, que antecedia aquela viagem...
Mas hoje diante das viagens que se apresentam, prefiro quedar-me a um canto de meu pensamento; ou num canto do meu cárcere de carne, mesmo que muitas vezes sonhe com a desagradável mudança de casa, ainda que não tenha casa de onde possa ser despejado, para daí me mudar.
Todavia a grande e derradeira viagem que hei de fazer e ninguém pode determinar nem decidir, impedir ou saber quando se dará, será feita como a grande maioria das viagens que fiz ao longo do tempo; tanto de caráter mental quanto terrestre, sempre sozinho. Águia solitária diria que já me senti, mas hoje só um pequeno pássaro sem asas, se ainda valer a metáfora das asas e de voar, para quem já não voa.
De algum modo, os espaços por onde poderia voar preenchi-os durante esses anos todos de pensamentos; e como creio ter ultrapassado as barreiras físicas, estou presente nesses espaços metafísicos, numa dimensão de consciência.
Mas dói ainda assim o pé dói ainda assim a alma. Pena doa-me vez ou outra a região física do coração, e isto não é um bom sinal, nesta altura de meus dilatados anos carnívoros, e outras gorduras mais...
A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português".
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terça-feira, 16 de junho de 2009
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1 comentário:
Caro Amigo Júlio: estava a ler esta bela prosa e a pensar em Fernando Pessoa; só no fim... é que vi que era sua!
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