29 de Outubro de 2008, 13:18
Lisboa, 29 Out (Lusa) - O alegado financiamento de partidos com dinheiro proveniente do narcotráfico tem marcado a campanha para as legislativas guineenses, tal como aconteceu em eleições anteriores em Cabo Verde, onde peritos internacionais discutem o combate ao tráfico.
Depois de um prolongado silêncio, os líderes políticos guineenses têm utilizado o narcotráfico para fazer campanha para as legislativas de 16 de Novembro com promessas de acabar com aquele crime e com acusações indirectas sobre a utilização de fundos provenientes do tráfico de droga por partidos.
As acusações começaram sábado, primeiro dia de campanha para as legislativas, no comício do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).
"Só não vê quem não quer. Há dinheiro do narcotráfico nesta campanha eleitoral", afirmou Carlos Gomes Júnior, líder do PAIGC, maior partido político guineense.
A mesma estratégia foi utilizada pelo líder do Partido Republicano para a Independência e Desenvolvimento (PRID), do antigo primeiro-ministro guineense Aristides Gomes, que lembrou terça-feira em comício que as únicas apreensões de cocaína foram feitas durante o tempo que esteve no poder.
Já para o líder do Partido para o Desenvolvimento, Democracia e Cidadania (PADEC), o também antigo primeiro-ministro Francisco Fadul, é "claro" que o dinheiro da droga circula na Guiné-Bissau, ameaçando expulsar todos os envolvidos no tráfico de droga das estruturas de Estado.
O Partido de Renovação Social (PRS) de Kumba Ialá também prometeu combater a droga domingo no lançamento oficial da sua campanha eleitoral.
As declarações não passam de acusações indirectas, até porque nunca ninguém foi condenado por tráfico de droga na Guiné-Bissau, tendo quase todos os suspeitos sido postos em liberdade e abandonado o país, após pagarem caução.
Em Cabo Verde, as legislativas de Fevereiro de 2006 e as autárquicas de Maio último também ficaram marcadas por suspeitas, mas nunca concretizadas.
Em declarações aos jornalistas depois de votar para as legislativas, o primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, disse que havia partidos financiados com dinheiro proveniente do tráfico de droga.
Na altura, o principal partido da oposição, Movimento para a Democracia (MpD), pediu ao chefe do Governo para concretizar e para apresentar provas, o que nunca aconteceu.
Em Maio passado, o candidato do PAICV à Câmara da Praia, Felisberto Vieira, disse o mesmo num comício, na presença do primeiro-ministro, mas também sem concretizar.
A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) assina hoje um documento estratégico de luta contra o narcotráfico, numa reunião, que termina hoje e juntou especialistas na área, organizações internacionais e políticos.
Segundo António Maria Costa, director do escritório das Nações Unidas contra a Droga e Crime (UNODC), as apreensões de cocaína na costa ocidental africana duplicaram em cada ano desde 2005, passando de 1,3 toneladas, para 6,5 toneladas em 2007.
Na Guiné-Bissau, entre 2006 e 2007 foram apreendidos pouco mais de 1000 quilogramas de cocaína, metade dos quais "desapareceram" e a falta de meios continua a ser apontada como a principal razão para a quase ausência de combate ao narcotráfico.
António Maria Costa, que visitou a Guiné-Bissau em 2007, referiu que o valor do comércio da droga no país é maior que todo o rendimento nacional, e acusou os traficantes de se estar a infiltrar nas estruturas do Estado e a actuar impunemente.
MSE/FP.
Fonte LUSA: http://noticias.sapo.pt/lusa/artigo/35433f79237aad6088f3e0.html
Lisboa, 29 Out (Lusa) - O alegado financiamento de partidos com dinheiro proveniente do narcotráfico tem marcado a campanha para as legislativas guineenses, tal como aconteceu em eleições anteriores em Cabo Verde, onde peritos internacionais discutem o combate ao tráfico.
Depois de um prolongado silêncio, os líderes políticos guineenses têm utilizado o narcotráfico para fazer campanha para as legislativas de 16 de Novembro com promessas de acabar com aquele crime e com acusações indirectas sobre a utilização de fundos provenientes do tráfico de droga por partidos.
As acusações começaram sábado, primeiro dia de campanha para as legislativas, no comício do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).
"Só não vê quem não quer. Há dinheiro do narcotráfico nesta campanha eleitoral", afirmou Carlos Gomes Júnior, líder do PAIGC, maior partido político guineense.
A mesma estratégia foi utilizada pelo líder do Partido Republicano para a Independência e Desenvolvimento (PRID), do antigo primeiro-ministro guineense Aristides Gomes, que lembrou terça-feira em comício que as únicas apreensões de cocaína foram feitas durante o tempo que esteve no poder.
Já para o líder do Partido para o Desenvolvimento, Democracia e Cidadania (PADEC), o também antigo primeiro-ministro Francisco Fadul, é "claro" que o dinheiro da droga circula na Guiné-Bissau, ameaçando expulsar todos os envolvidos no tráfico de droga das estruturas de Estado.
O Partido de Renovação Social (PRS) de Kumba Ialá também prometeu combater a droga domingo no lançamento oficial da sua campanha eleitoral.
As declarações não passam de acusações indirectas, até porque nunca ninguém foi condenado por tráfico de droga na Guiné-Bissau, tendo quase todos os suspeitos sido postos em liberdade e abandonado o país, após pagarem caução.
Em Cabo Verde, as legislativas de Fevereiro de 2006 e as autárquicas de Maio último também ficaram marcadas por suspeitas, mas nunca concretizadas.
Em declarações aos jornalistas depois de votar para as legislativas, o primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, disse que havia partidos financiados com dinheiro proveniente do tráfico de droga.
Na altura, o principal partido da oposição, Movimento para a Democracia (MpD), pediu ao chefe do Governo para concretizar e para apresentar provas, o que nunca aconteceu.
Em Maio passado, o candidato do PAICV à Câmara da Praia, Felisberto Vieira, disse o mesmo num comício, na presença do primeiro-ministro, mas também sem concretizar.
A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) assina hoje um documento estratégico de luta contra o narcotráfico, numa reunião, que termina hoje e juntou especialistas na área, organizações internacionais e políticos.
Segundo António Maria Costa, director do escritório das Nações Unidas contra a Droga e Crime (UNODC), as apreensões de cocaína na costa ocidental africana duplicaram em cada ano desde 2005, passando de 1,3 toneladas, para 6,5 toneladas em 2007.
Na Guiné-Bissau, entre 2006 e 2007 foram apreendidos pouco mais de 1000 quilogramas de cocaína, metade dos quais "desapareceram" e a falta de meios continua a ser apontada como a principal razão para a quase ausência de combate ao narcotráfico.
António Maria Costa, que visitou a Guiné-Bissau em 2007, referiu que o valor do comércio da droga no país é maior que todo o rendimento nacional, e acusou os traficantes de se estar a infiltrar nas estruturas do Estado e a actuar impunemente.
MSE/FP.
Fonte LUSA: http://noticias.sapo.pt/lusa/artigo/35433f79237aad6088f3e0.html
1 comentário:
De outubro de 2008 mas tão actual.
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