A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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sábado, 9 de maio de 2009

O Poeta do Amazonas

(Google - Rio Amazonas)

«Mas dito seja, de uma vez por todas,
que nada faço por literatura,
que nada tenho a ver com a história,
mesmo concisa, das letras brasileiras.
Meu compromisso é com a vida do homem,
a quem trato de servir
com a arte do poema. (...)
Não basta ser bom de ofício.
Sem amor não se faz arte.

Trabalho que nem um mouro,
estou sempre começando.
Tudo dou, de ombros e braços,
e muito de coração,
na sombra da antemanhã,
empurrando o batelão
para o destino das águas.


A couraça das palavras
protege o nosso silêncio
e esconde aquilo que somos.

Que importa falarmos tanto?
Apenas [nos] repetiremos.

Ademais, nem são palavras.
Sons vazios de mensagem,
são como a fria mortalha
do cotidiano morto. (...)

Muitos verões se sucedem:
o tempo madura os frutos,
branqueia nossos cabelos.
Mas o homem noturno espera
a aurora da nossa boca.

Se mãos estranhas romperem
a veste que nos esconde,
acharão uma verdade
em forma não revelável.
(E os homens têm olhos sujos,
não podem ver através.)

Mas um dia chegará
em que a oferenda dos deuses,
dada em forma de silêncio,
em palavra transformaremos.

E se porventura a dermos
ao mundo, tal como a flor
que se oferta - humilde e pura - ,
teremos então cumprido
a missão que é dada ao poeta.
E como são onda e mar,
seremos palavra e homem.»
Thiago de Mello

5 comentários:

julio disse...

É, "Faz escuro mas eu canto"
anoitece mas eu sigo.

Unknown disse...

Pois somos a Noite que quer Amanhecer.

julio disse...

Somos o Sol ainda atrás da montanha, mas somos também a montanha onde ele se esconde e depois aos poucos Subindo no horizonte rela a nossa sombra que já não nos surpreende nem assusta.

Unknown disse...

E no curso deste rio surgiu este poema:

«Amanhece.
O poeta de penas já cantou.
Já nos seus altos versos adormece
O fantasma da noite que passou.

Como um halo de sonho acontecido,
A luz das coisas vai nascendo em nós;
Desenha-se na sombra o pressentido,
E a vida já tem gestos e tem voz.

Já novamente o sol doira a frescura
Da relva verde e do lençol de linho.
Outra vez há ternura
De gente a ver-se e de se ver caminho.»
Miguel Torga, 'Diário II'

julio disse...

E que arte e que caminho!