A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
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Donde vimos, para onde vamos...

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Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

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sábado, 2 de maio de 2009

O fim da sociedade baseada no trabalho?

O trabalho ocupa, desde o século XVII, o centro da nossa visão do mundo. “ O trabalho não é um meio, existente desde toda a eternidade, que a Humanidade sofredora herdou ao sair do Paraíso, meio natural que nos serve simplesmente para a satisfação das nossas necessidades também naturais. O trabalho é o nosso facto social total. Estrutura por inteiro não só na nossa relação com o mundo, mas também as nossas relações sociais. É a relação social fundamental”(1).

Num momento em que a sociedade atravessa um período de crise, devido à quebra do ritmo de crescimento económico, começam a aparecer vozes chamando a atenção para o facto de estar a chegar ao fim um período de dois séculos, o da sociedade baseada no trabalho. Habermas, numa passagem, do seu livro O Discurso Filosófico da Modernidade(2) escreve “ o fim, historicamente previsível, da sociedade baseada no trabalho”. Também Claus Offe, sociólogo alemão, na mesma época, escreveu um artigo cujo tema era “ implosão da categoria trabalho”, no qual era colocada em causa a capacidade do trabalho como base estrutural da sociedade do futuro: “ É pouco verosímil, escrevia C. Offe, que o trabalho, a produção e os rendimentos possam desempenhar um papel central como elementos normativos de uma maneira de conduzir a existência e de uma integração social da personalidade. Também não é muito verosímil que seja possível reivindicá-los politicamente como normas de referência. Por estas razões, as tentativas de revalorização ‘moral e espiritual’ renovada da esfera do trabalho já são apenas, ao que parece, empreendidas em situação de crise aguda”(3).

A “invenção” do trabalho e da produção como centro da nossa vida individual e social levou à confusão existencial actual, em que o trabalho se constitui como meio privilegiado de realização dos indivíduos e como núcleo do laço social. Daí o alarme social perante a possibilidade do desemprego, ou da falta de emprego. Na sociedade actual o desempregado assume o papel do marginalizado, do segregado pela sociedade; por outro lado os governos tudo fazem para manter as pessoas a trabalhar, mesmo que isso signifique não produzirem nada de significativo ou necessário.

Neste contexto, a sociedade passa a trabalhar para alimentar a chama do consumo, transforma as suas capacidades em serviços susceptíveis de serem vendidos, entrando num circulo vicioso condenado à auto-destruição. Esta “materialização” total do homem, levá-lo-á à experimentação de um vazio interior camuflado pelas pseudo-recompensas do mundo organizacional que o circunda.

Este ser social, amputado da sua dimensão espiritual, é gerador de uma sociedade conflituosa e insatisfeita. Daí, podermos intuir que criando condições para que o indivíduo opte pela sua totalidade ( material e transcendental) ; e em que trabalho, como vocação, seja gerador de satisfação e reconhecimento, porque útil, leve à harmonização da sociedade e do indivíduo.

C.O.


1) MÉDA, Dominique. O Trabalho – Um valor em vias de extinção.Trad. Miguel Serras Pereira. Fim de Século: Lisboa, 1999. pp. 30-31
(2) HEBERMAS, Le Discours philosophique de la modernité. Gallimard, 1988,p.97. in: MÉDA, Dominique. O Trabalho – Um valor em vias de extinção.Trad. Miguel Serras Pereira. Fim de Século: Lisboa, 1999. p. 31
(3) C. OFFE, “Le travail comme categorie de la sociologie”, in Les Temps modernes, 1985, nº. 466,pp.2058-2095.In: MÉDA, Dominique. O Trabalho – Um valor em vias de extinção.Trad. Miguel Serras Pereira. Fim de Século: Lisboa, 1999. pp. 31-32

Bibliografia consultada
Obra: MÉDA, Dominique. O Trabalho – Um valor em vias de extinção.Trad. Miguel Serras Pereira. Fim de Século: Lisboa., 1999.

4 comentários:

Oestrímnia disse...

Certeiro. O problema é esta dolorosíssima transição entre o que já finda e o que ainda mal começa. Vivemos tempos de crepúsculo e metamorfose. E Portugal e a Lusofonia não podem ser pensados fora desta visão mais ampla, que exige uma profunda transformação de todas as formas tradicionais de conceber o lugar do homem no mundo.

coalvorecer disse...

Toda a transição que vise um bem maior requer vontade e esforço. Quando o mar se agita, o exercício de pensar para além das ondas e da espuma pode levar-nos à percepção de quão grande e rico de possibilidades é o oceano.

Saudações MIL

Paulo Borges disse...

É precisamente isso de que necessitamos: visão oceânica, ampla e profunda.

JSL disse...

Necessitamos de uma visao oceánica mas sem trabalho. O trabalho é uam forma de escravidao. mas um dia teremos o mundo a dizer:

A pre-historia - antes do escrever
A historia - o pós escrever
Hoje - o pós trabalho

O trabalho é o maior inimigo da civilizaçao por quanto é o que faz com que a humanidade nao esteja ao nível do seu ser ...o mano