A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

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Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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segunda-feira, 4 de maio de 2009

O complexo de esquerda



Por: João César das Neves


Permitam um desabafo gostava de ser de esquerda.
Quando ouço os líderes falar sobre os seus objectivos, sinto uma identificação sincera e atenta. A sua preocupação declarada são os mais pobres, os que menos têm e menos podem.
Que propósito político é mais digno e elevado? Reformados, imigrantes, operários, trabalhadores em geral são a sua luta, de uma forma que nenhum outro partido iguala.
Então não tenho dúvidas sou de esquerda.
Depois passam aos meios para esse objectivo, e aí começam as divergências. Divergências que são entre esses meios e os interesses que dizem defender.
Existem cinco grandes contradições na esquerda.
Primeiro, uma questão filosófica. Um pobre é sempre pragmático. A necessidade aguça o engenho e os carenciados são astutos gestores dos magros haveres, com uma lucidez e imaginação que ultrapassa a dos grandes empresários.
Mas não existem forças políticas mais dogmáticas que as de esquerda. Presas a conceitos abstractos e modelos arcaicos, ligam à retórica ideológica e não à eficácia concreta.
O que interessa são "direitos adquiridos", "conquistas inalienáveis", mesmo que isso atrase o de-senvolvimento e aumente a pobreza e o desemprego.
Segundo, uma questão económica. Na análise económica os disparates são esmagadores.
Dominados por teorias obsoletas e desqualificadas, insistem em chavões populistas, em geral desmiolados, sem qualquer eficácia na defesa dos reais interesses dos mais pobres.
É incrível como o modelo intelectual da esquerda continua a responder à situação industrial de Oitocentos.
Os exemplos aqui são miríade.
A imperiosa luta contra o capital e a visão conflituante da empresa são impostas independentemente dos reais interesses dos trabalhadores.
Essa fúria espanta o capital nacional e externo e contribui poderosamente para a paralisia e atraso.
A defesa da intervenção do Estado, toda paga com impostos dos trabalhadores, tem criado e mantido enormes desperdícios e abusos.
A ignorância das radicais mudanças recentes, por exemplo na natureza do capital, leva-os a atacar a poupança dos pobres, que compõem os famigerados fundos mobiliários que popularizaram o mercado financeiro.
Estas não são questões de opinião. São simples erros técnicos.
Terceiro, uma questão mundial. A esquerda nasceu aberta e internacionalista. Enfrentando a tacanha cobiça nacional das potências, afirmava uma visão transversal e solidária da humanidade.
Depois deixou que esse internacionalismo fosse capturado pelo interesse nacional de potências particulares, URSS ou China, pervertendo a generosa inspiração inicial.
Agora, paradoxalmente, virou proteccionista numa luta míope e retrógrada contra a globalização, mais uma vez sem atenção aos reais interesses dos menos favorecidos.
A abertura dos têxteis chineses, por exemplo, beneficiaria muito todos os pobres nacionais, que se vestiriam muito mais barato. Porquê insistir na manutenção de indústrias obsoletas e dispendiosas?
Em quarto lugar aparece a recente opção da esquerda na luta contra a família.
Depois do seu falhanço económico, que fez esquecer velhos mitos da "sociedade sem classes" e "ditadura do proletariado", passou a promover o aborto, eutanásia, uniões de facto, prostituição, casamento e adopção por homossexuais, etc. Estas não são causas dos pobres, mas bandeiras de burgueses debochados em juventude retardada.
Pelo contrário, os mais desfavorecidos precisam de uma política clara de apoio à família, a mais antiga e segura forma de segurança social. Mas esta é a única medida omitida no palavroso programa do actual Governo socialista.
Finalmente, surge a velha opção da esquerda contra a religião.
Também aqui se trata, não de interesse dos pobres, mas de manias de intelectual pedante. Por causa desta irritação espúria contra a fé, a esquerda tem perseguido e até chacinado milhões de pobres e destruído a base cultural e social da sua vida.
Por todas estas razões mantenho a discordância. Mas sinto que não sou de esquerda por razões de esquerda.

10 comentários:

Ariana Lusitana disse...

Imparcialidade. Não nego o valor de ninguém só por acreditar naquilo em que não acredito.

Casimiro Ceivães disse...

Permitam-me um desabafo: gostava de ser de direita...

Edson Pelé disse...

Eu gostaria de ser do cimo, como um anjo e defecar nesses mortais sem jeito rsrsrs

Renato Epifânio disse...

É uma fatalidade: ser demasiado inteligente para se ser idiota...

Maria disse...

Bravo pela escolha escolha do texto!

Maria disse...

Casimiro Ceivães, tem capacidade que chega e sobra para responder taco a taco ao texto do JCN num debate sério... não se fique por frases engraçadinhas sem efeito!

Maria disse...

"Imparcialidade. Não nego o valor de ninguém só por acreditar naquilo em que não acredito":
Parabéns, também, por isto!

Casimiro Ceivães disse...

Maria, ainda me estou a rir com os "fundos mobiliários compostos pela poupança dos pobres". Mas quando conseguir ficar sério talvez responda.

Maria disse...

Ontem, já não sei em que canal, foi entrevistada uma senhora que tem por missão informar os velhinhos sobre o rendimento social de inserção: Essa senhora tinha chegado à conclusão que muitos dos que tinham direito o recusavam (como não são burros, têm medo do estado; como não têm instrução, não sabem que, neste caso, não precisam de ter medo). A tal senhora explicou que têm medo de ter que declarar o dinheiro que pouparam ao longo da vida. Dirigindo-se aos jornalistas, dizia: "não fazem ideia das poupanças que estas pessoas conseguem juntar!".

Bem sei que eram velhinhos de aldeias do interior - com toda a certeza que esta não é a realidade das nossas cidades, mas aqui parece-me ver o resultado
da acção do estado - tão do agrado da esquerda - que os encaixotou no bairro do Aleixo,
da política de educação completamente de esquerda, que tem como resultado que só lhe resista quem tem pais cultos, etç.

Essas suas gargalhadas levam-me a crer que nunca teve uma empregada doméstica: uma vez saí de uma situação desesperada graças à empregada - e amiga! - da minha irmã, que me emprestou dinheiro... mãe solteira a cujo duro trabalho e férrea disciplina nos gastos a filha deve a licenciatura e, por isso, uma excelente situação profissional (mas que, nessa altura, estava desempregada).

Casimiro Ceivães disse...

Espero que essa senhora empregada da sua irmã não tenha investido o seu dinheiro em fundos mobiliários.