A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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sábado, 25 de abril de 2009

Sextina: Altaforte

Loquitur: En Bertrans de Born
Dante Alighieri pôs este homem no inferno por
tratar-se de um provocador de desordens.


Eccovi!
Julgai-o vós!
Será que o desenterrei de novo?


A cena é em seu castelo, Altaforte. "Papiols" é seu jongleur.
"O Leopardo", a device de Ricardo Coeur de Lion.




I

Tudo prós diabos! Todo este Sul já fede a paz.
Anda cachorro bastardo, Papiols! À música!
Só sei que vivo se ouço espadas que ressoam.
Mas ah! Com os estandartes ouro e roxo e vair se opondo
Por cima de amplos campos encharcados de carmim
— Uiva meu peito então doido de júbilo.

II

Se é verão quente, encho-me então de júbilo
Quando a tormenta mata a horrenda paz,
E do negro os relâmpagos reboam seu carmim,
E os tremendos trovões rugindo-me, que música!
Doidos ventos e nuvens ululando e se opondo
Céu rachando e teus gládios, Deus, ressoam.

III

Praza aos diabos de novo que ressoem!
E os corcéis na batalha relinchando de júbilo,
De espigão na peitarra às peitarras se opondo:
Melhor o tremor de uma hora do que meses de paz
Mesa gorda, fêmeas, vinho, débil música!
Não há vinho como o sangue e seu carmim!

IV

E adoro ver o sol subir sangue-e-carmim.
E contemplo-lhe as lanças que no escuro ressoam
E transborda meu peito, dilatado de júbilo,
E rasgo minha boca de ágil música
Quando o vejo zombar, desafiando a paz,
Seu poder solitário contra o escuro se opondo.

V

Esse que teme a guerra e se acocora opondo-
Se ao que digo, não tem sangue carmim,
Só serve pra feder em feminina paz
Longe donde as aspadas trazem glória e ressoam
— Vossa morte, cadelas, recrudesce-me o júbilo
E por isso encho o ar com minha música.

VI

Papiols! papiols! Música, música!
Não há som como espadas às espadas se opondo,
Não há grito como na batalha o júbilo,
Cotovelos e espadas gotejando carmim,
Quando contra "O Leopardo" nossas cargas ressoam.
Deus maldiga quem quer que grite "Paz!"

VII

Que a música da espada os cubra de carmim!
Praza ao diabo, de novo, espadas que ressoam!
Praza ao diabo apagar o pensamento "Paz!"


Ezra Pound traduzido pelo grande e malogrado Mário Faustino.

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