Saturno

A Cosmogênese de Fernando Pessoa não coloca Saturno como "carro na frente dos bois"

No alto da cidade de Porto Nacional, Tocantins, norte do país onde eu moro estou agora de pé, à porta, olhando lá fora o sossego de uma cidade pacata a anunciar com o carro de som uns milagres, que uma bispa da igreja deus é amor promete fazer.

Quando não se oferecem milagres se fazem ofertas de alguns produtos em promoção, de supermercado, ou coisa do gênero, mas o mais frequentemente anunciado é mesmo a deus e a milagres desta ou daquela igreja mais nova...

É Porto Nacional onde vivo, com seus por volta de quarenta mil habitantes, oitenta ou mais vezes mais numerosa do que a pequena Bodiosa, onde nasci e a deixei quando ainda adolescia e era ainda airosa, naquela infância tão distante, a minha pequena Bodiosa!

Bodiosa com registro, certamente, mas quase despovoada de gente, de tão pequeno lugar.

Mas assim como Pessoa tinha no rio da sua terra, o maior rio do mundo, eu também tenho a pequena Bodiosa, a maior e melhor aldeia do mundo, e o meu supremo ninho.

Posso pelo menos nisso comparar-me a Pessoa, e só me falta para igualar-me a ele o gênio, o talento e o Ser Poeta...

Bem, há mais alguma coisa em comum, que nos pode unir: a Teosofia. Também sou Teósofo como ele foi e é.

E o que não lhe faltou foi mesmo o conhecimento Teosófico, para fazer dele um dos Bons entre os Bons, sem jamais renunciar a nenhum de seus Eus Poetas.

Pois é certo que o rio da terra do Poeta tem um curso e no curso do eixo de Pessoa há Saturno no lugar exato, como deixou claro a marcar o tempo, enquanto o Avô do Universo; e por isso, e também sendo nisso profundamente ele iniciado e versado, não colocou Júpiter olhando para trás, nem Saturno como carro na frente dos bois...