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«Tenho uma sede imensa de beber
os soluços do Sol quando declina,
as carícias azuis do Luar de Agosto,
os tons rosa da Tarde que se fina...
É que eu seria Poeta, se os bebesse...
Não mais seria o cego de olhos limpos
(...)
E, se eu pudesse beber
esses longes de mim que vejo e quero,
em espasmos havia de os mudar
e, num desejo nunca satisfeito,
iria possuir-te, ó Mar!
Havia de cair, num beijo, sobre ti;
despir as minhas vestes de serrano,
tirar de mim aquilo que é humano,
e confundir-me em ti.
(...) um dia o Sol há-de surgir mais cedo
e o bom menino de olhos azuis, (...)
há-de nascer, ó Mar, da nossa noite de Amor!
E tu, Menina que eu chamava,
Menina que eu chamava e encontrei
mas abrasada no amor divino
- tu hás-de ver então que o Céu que idealizas
é o olhar azul desse menino.
Ó meu país do Sol!
Pressentimento da claridade celeste!
Ó fonte de Pureza!
Ó minha Serra toda pintada de Esperança e debruada de azul!
Reveladora maga dos meus cinco sentidos (...)
Ó minha outra Mãe, que, num leito de flores e sorrisos,
me deste à luz de seda das Estrelas!
(...)
Ó Serra aonde a cor é luz extasiada!;
(...)
Ó minha amante sempre virgem
(...)
Ó sorriso do Mar!, ó búzio longo que prolongas a grande voz salgada!
(...)
Pátria do mês de Maio!
Madrugada do Dia que há-de vir p'la mão da Morte!
Trago no sangue o mistério
daquele resto de estrada
que não andei...
A cada verso nasço...
É cada verso o meu primeiro grito
à Vida...
Deixa ser o meu gesto uma grinalda nos teus cabelos, Vida!
Deixa que o meu olhar enflore teus olhos.»
Sebastião da Gama, Serra Mãe, Cabo da Boa Esperança
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