A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

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Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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segunda-feira, 13 de abril de 2009

Novas da Crise


Crise provoca aumento de desistências no Superior

É cada vez maior o número de estudantes do ensino superior que não conseguem pagar as propinas de 800 a 900 euros e que têm de recorrer a prestações, que podem ir até dez mensalidades. Mas o problema também se estende às universidades privadas.

As universidades estão a registar um aumento das desistências de alunos, ao mesmo tempo que são cada vez mais os que falham o pagamento das propinas e pedem apoios extraordinários. A situação atravessa tanto o ensino superior público como o privado, em universidades ou politécnicos, garantem ao DN dirigentes e alunos.

|Diário de Notícias, 13/04/2009. Pode consultar a notícia completa aqui.

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Em vez de se estar a fomentar a estupidez, através do que, muito caridosamente o Estado chama de “Novas Oportunidades”, essa campanha fraudulenta que visa, segundo a imprensa mais qualificada, aumentar a auto-estima dos portugueses, não seria mais lógico, e proveitoso, apoiar a educação, a todos os níveis, de forma a que os cidadãos deste país se pudessem tornar mais conscientes e mais aptos a enfrentar a realidade?

Não seria melhor investir numa verdadeira qualificação dos portugueses?

Esse esforço deveria passar, em primeiro lugar, por instituir, de facto, o direito à educação como direito inalienável de cada ser humano, nascido ou criado em Portugal.

Só nalguns casos, sobejamente conhecidos, não será chocante o recurso a estratagemas para obtenção deste ou daquele canudo, uma vez que há personagens de per se já ilustres, mas que necessitam, apenas e só, do lustro dum título (dantes compravam-se títulos nobiliárquicos, hoje há outras formas de conseguir a ilustração).

Agora, no que se refere às crianças e aos jovens deste país (para não falar da praticamente desmantelada educação de adultos) o que se deve exigir é uma educação de qualidade, universal e gratuita (sem que haja aqui desqualificação, uma vez que os bens mais essenciais à vida devem estar acima de qualquer valoração de sentido material ou monetário).

Sendo assim, o ensino superior deveria ser gratuito e deveria estar aberto a um número maior de alunos. Deveriam instituir-se formas de frequência não necessariamente ligadas a graus académicos: cada cidadão deveria ter acesso à frequência de cadeiras, seminários, cursos sob qualquer regime, de forma livre e de acordo com a sua curiosidade, o interesse profissional ou académico, apenas para se “ilustrar” com o saber adquirido porque sim. Os únicos constrangimentos deveriam ser de carácter operacional: a lotação das salas, o número de professores, etc.

E deve ter-se em conta que o processo de Bolonha instituiu uma nova forma de discriminação económica dos alunos, uma vez que a obtenção do grau de Mestre, salvo, creio, algumas excepções, é demasiado onerosa para que se possa, a este nível, falar em justiça social, tendo também em conta que a acção social escolar, se não estou enganado, não abrange o segundo ciclo de Bolonha.

Por esta ordem de razões, a notícia supra citada é escandalosa e a realidade nela retratada é inaceitável, uma vez que a Cultura é o máximo que um país consegue alcançar enquanto colectividade e deve ser uma prioridade nacional o garantir o acesso aos meios que permitam que cada cidadão se torne, por um lado, capaz de Cultura e, por outro, criador cultural.

Aqui se pode ver como a “crise” está a servir para legitimar situações civicamente inaceitáveis e, também, como um mecanismo dissuasor da discussão livre e límpida e, até mesmo, da conflitualidade transformadora da realidade. Por causa da crise, esse fenómeno apolítico, amoral, devemos ficar caladinhos e quietinhos. Os estudantes que paguem as propinas a prestações que o dinheiro dos impostos deve ser posto ao serviço da crise: há que segurar os BPNs, os BPPs, e as demais instituições do monturo bancário e capitalista.

E que tal a supressão das propinas? As ajudas aos estudantes desprovidos de rendimentos? A assistência às instituições de ensino para que não tenham que despedir funcionários e professores? E o financiamento da investigação? A “crise” é um pretexto para calar a contestação e a busca de mais Cultura, mais cidadania, mais felicidade, posto que é disso, também, que se trata. Em nome da crise fomenta-se o aumento das desigualdades sociais, à espera do que este monstro capitalista parirá dentro em breve: mais infelicidade, mais desigualdade, mais inanição e mais lucro e maior derramamento de sangue, quer por via do fomento do aumento da criminalidade, quer por via, directa ou indirecta, das guerras que garantem a coerência mediática do sistema.

A verdadeira crise não é de hoje: ela situa-se ao nível da ética e da consciência dos cidadãos. Essa que deveria ser o templo da liberdade e do pensamento, encontra-se hoje obscurecida pelos muitos véus com que se deturpa o sentido autêntico da vida humana e da cidadania. Em vez de se assumir, em cada homem, como a fonte da soberania, na sua expansiva capacidade para a fraternidade, abdica da sua missão e entrega o poder de decisão, a agentes eticamente incapazes, moralmente doentes e impróprios para a vida colectiva, verdadeiros psicopatas políticos, porque incapazes de viver a política como o horizonte cultural que tem por função a dignificação do ser humano e do saber viver.

E para o que os que se espantaram com a entrada em greve de fome do presidente boliviano Evo Morales (a este tema voltarei em breve), é espantoso que não se espantem com a greve de zelo que o presidente português, Aníbal Cavaco Silva, mantém desde o início do seu mandato. É verdade que o cargo esteve em vacatura desde o último dia do magistério de Mário Soares (não estou a dizer que gostei da sua prestação) e que, por essa via, as expectativas eram muito baixas e o povo até se contentaria com muito pouco. Mas o que se vê é ainda pior do que se poderia prever de mau.

2 comentários:

Paulo Borges disse...

Partilho dos teus princípios, embora me pareça que as propostas concretas tenham de ser bem pensadas, pois verifica-se que, infelizmente, tudo o que é absolutamente gratuito não é tão valorizado quanto o que exige dispêndio de esforço e dinheiro...

Gostei da expressão "psicopatas políticos". Ainda no outro dia, no Colóquio sobre Agostinho da Silva, referi a doença e a anormalidade de muitos dos nossos políticos.

Um Abraço e grato por te rever por aqui.

Paulo Feitais disse...

É Paulo.
Eu acho que terá que se constituir um grupo de trabalho sobre o ensino superior. Essa não é a minha área, mas penso que a ressaca do que tem sido feito no últimos anos é capaz de ser catastrófica.
Quanto aos psicopatas políticos... na psiquiatria fala-se em psicopatas sociais, acho que o conceito pode ser alargado e poderá abranger todos os que não são capazes de viver-com e de assumirem como seu o destino da(s) colectividade(s) a que pertencem.

Um abraço!