A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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domingo, 19 de abril de 2009

Canarinhos do Brasil - Tantos Garrinchas





C A N A R I N H O S D O B R A S I L
(TANTOS GARRINCHAS)

O futebol é o ópio do povo
João Saldanha

Quanto garrincha branquelo
Pobrezinho, pé-de-chinelo
Pelos extravios da vida em desvario se perdeu?
Quantos Rivelinos ou Pelés
Entre Ronaldos entre Manés
Nunca em verdade chegaram a realizar o sonho seu?

Quantos Garrinchas e Ronaldos
São pela vida penalizados
Vicissitudes entre as trilhas, na vida real, a fome?
E a cada ótimo craque Rivaldo
De tristeza resta um saldo
Pois entre tantos outros um montante de craque some

Quanto jogador excepcional
Ou mesmo craque fenomenal
Pela vida aqui e ali se desvia... ou é predado?
Quantos milhões de Robinhos
Ficam aniquilados pelos descaminhos
Entre a miséria e a violência é desviado?

Quase duzentos milhões de brasileiros
Jogando bola, craques artilheiros
Mas quantos ficarão sem terra e sem pão?
Quantos pretos, mestiços, mulatos
Sofrem diversos maltratos
Pelo racismo, descaso do estado, discriminação?

Já vi grande goleiro deficiente
Que pegava tudo, voava e diferente
Com um pé torto até o impossível defendia
Já vi artilheiro bem valente
Mesmo que penso, seguia em frente
Fintava como ninguém dito normal fazia?

Tantos são os excluídos
Pelos descaminhos destruídos
Nas periferias, vitimizados em dor e judiação
No Brasil, Pátria de Chuteiras
Manés, Garrinchas, nas feiras
Catam lixo, traficam, vendem sal, limão

Quanto garrincha banguelo
Fica na vida sem rumo ou elo
Nunca vai ter um time, um brilho ao sol...
É assim mesmo a nossa história
Nem todos vivem a glória
De serem vencedores com o futebol

Porque há uma outra seleção
Além da glória, do lucro, do campeão
Há a seleção dos excluídos sociais
Manés, Rivelinos, Romários, Garrinchas
Milhões em arrebaldes, pelas frinchas
Sofrendo suas tristices, seus ais

Há uma seleção de coitados
Tantos excluídos, descamisados
Famintos, perdidos, coitadinhos
Nunca terão suas vitórias
Não terão sucesso ou glórias
São outros brasileiros, outros canarinhos

Seleção de Canarinhos sem escola
Sem diploma, sem fama com a bola
Brasileiríssimos...antes, brasileirinhos

Que formam uma outra triste seleção
Mas à margem da história, na exclusão
Poderiam ser outros Pelés, Kakás, Robinhos

-0-

Silas Correa Leite
Torcedor do Clube Atlético Fronteira, Itararé-SP
E-mail:
poesilas@terra.com.br
Blogue:
www.portas-lapsos.zip.net
Autor de Campo de Trigo Com Corvos, Contos
Editora Design, à venda no site
www.livrariacultura.com.br

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