É preciso poemas em vez de luas
é preciso um cravo na lapela em vez da morte biográfica
é preciso cinco mil reis numa batalha de flores
cinco mil raparigas à espera de serem mães
e outras tantas à espera de serem filhas
É preciso um relógio com um cuco bem atinado
uma eléctrica emoção para nos acordar
um colchão com predicados de amor
um cântaro de fina sabedoria para beber
Uma casa bem ou mal decorada
mas uma casa vinte e quatro horas aberta
e nela me deite de olhos para baixo
e me lembre que o sal grosso não cura feridas
É preciso uma firme roldana a segurar o tempo
este tempo que mal levanta o tampo
Um deus do tamanho da aceitação
um diabo fácil muito fácil de subornar
um abismo para o que pouco nos importa
pois o que importa é inspirar e expirar o poema
É preciso cantar ainda que submersos
é preciso alguém mais do que ninguém
como um pedaço de carne para o estômago
precisamos de poemas à prova de fogo e água
uma nota de vinte para um santo é que não
Não é preciso contribuir para o banquete
para que amanhã haja de novo Sol
porque é a dor dos homens que puxa a claridade aos dias.
o meu blog: teoria dos calhaus
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