A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

"VIDAS DE HOMENS CÉLEBRES" (IX)

IX - FRANKLIN

Benjamin Franklin (1706-1790) foi uma das marcantes personalidades da História dos Estados Unidos. Na sua Biografia, Agostinho da Silva dá conta da sua personalidade multifacetada – ele foi jornalista, editor, autor, cientista, diplomata e inventor, entre muitas outras coisas –, salientando como em Franklin todos os esses múltiplos interesses se conjugavam de forma harmoniosa em prol da “felicidade comum”: “Quereria Franklin ter todo o tempo livre para se dedicar aos seus tra­balhos de electricidade, embora sentisse muitas vezes que uma parte da sua natureza se não estava realizando, que não nascera apenas para sábio especializado, mas que as suas qualidades e os seus interesses exigiam mais amplos contactos; a ciência devia ser uma das suas ocupações, não a única; o julgar que seria capaz de ano após ano não pensar em mais nada senão nas suas hipóteses, de não realizar mais nada senão as suas experiências de garrafas de Leyde e de pontas de ferro, era apenas um erro da sua imaginação, que lhe pintava uma vida sossegada, afastada das agitações do mundo, como o que mais lhe poderia convir; mas era­-lhe impossível isolar-se, não lançar mão ao que na cidade precisava de fazer-se: depois, nada lhe aparecia mais interessante do que as relações humanas, os negócios públicos, a actividade social que vai permitindo realizar-se a um tempo o bem dos outros e o nosso, que vai educando lentamente, habituando-nos a reprimir os defeitos próprios e a supor­tar os dos outros, sempre com bonomia, sempre com simpatia, sem as exigências que poderíamos ter para espíritos puros; trabalhando pela cidade, Franklin pretendia sempre realizar o maior bem possível com o mínimo de inconvenientes; a subtileza, por vezes a manha, não lhe apa­reciam com aspectos repugnantes; eram concessões à fraqueza dos homens; não percebia que se tomassem com eles atitudes de severida­de, quando a humanidade não podia deixar de ser o que era, dadas todas as circunstâncias que rodeavam a sua vida, quando ainda se estava tão perto do animal primitivo de que todos descendemos; ia fazendo o que podia, resignando-se à inevitável reacção, ao fatal diminuir de todos os projectos; não tinha pelos homens um amor lírico e exaltado que lhos fizesse ver com altíssimas qualidades e, portanto, o levasse a exigir-lhes o que não lhe poderiam dar; não pregava ascetismos, renúncias, nem marchas gloriosas para regiões angélicas; temos acima de tudo de organizar bem a vida da terra, com o máximo de conforto e de facilidade, de possibilidades de satisfazer o gosto de todos; achava que seria exce­lente que toda a humanidade pudesse estar um dia na sua situação, se tivesse também retirado dos negócios, e fosse, sem excessos, sem pres­sas, mantendo perfeitas relações de vizinhança, tentando penetrar o des­conhecido, tentando surpreender, para os utilizar, os segredos da natureza; sabia também, por outro lado, que os homens não podem ser melhores enquanto as coisas não o forem e que é dever, mas dever agra­dável, do que se viu com mais inteligência, ou melhores circunstân­cias, cuidar do progresso material, ou inventando novas comodidades de vida ou lutando por que as já conhecidas se possam estender ao maior número de pessoas; quem trabalhasse simultaneamente nos dois campos maiores serviços prestaria, ao mesmo tempo que, enchendo plena­mente a sua vida, poderia manter a igualdade de espírito, o bom humor, a risonha ironia, a compreensão sempre desperta, a humanidade sem a qual nem poderemos ser felizes nem poderemos fazer a felicidade dos outros.”.
Como escreveu ainda Agostinho, “todos deviam estar contribuindo para a felicidade do Universo”[1]

[1] “tinha de tomar o mundo tal como ele estava, não como poderia apresentar-se um dia: como havia povos que atacavam, era necessário que houvesse povos que se defendessem; de resto, achava perfeitamente bem que existissem após­tolos, como havia soldados, tipógrafos, carniceiros; todos deviam estar dum modo ou outro contribuindo para a felicidade do Universo”.

1 comentário:

Ana Margarida Esteves disse...

A diversidade de autores, de interesses, de actividades e de "inclinacoes" ideologico-politias e deveras impressionante.

Acho optimo que estejas a difundir esta faceta menos conhecida do Agotinho - a de biografo.

Continua!