A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Português

Homem Português


Homem português, que fizeste de teu passado?
Não te conheço mais!

Plantavas favas ervilhas batatas couves tomates, plantavas abóboras melões etc. semeavas centeio cevada trigo milho linho e tal, e agora, que fizeste de teu olival?
Já extirpaste as oliveiras alienígenas de alta produção? Teu azeite era até pouco tempo atrás um dos melhores do mundo!

Ainda é?

Tens ótimo rebanho de ovelhas e por isso grandes queijos, boa lã, boa carne,
Tens dos ancestrais arianos e mantendo a fidelidade desde que nasceste os carvalhos... e até um cavalo magnífico e vários cães!

Olha ao que tens, pois és um homem trabalhador e do campo!
Os doutores sabem discutir filosofias e cultuar idéias mentais; e alguns só as estantes, e dos livros a letra morta sem atinarem com a vida que das entrelinhas lhes escapa por entre olhos.

Não chores o medo que te meteram por herança, nem te escondas atrás dos feitos de teus heróis, que foram poucos os homens, e não é justo que se diluam na ideia de conquista de um povo...

Os heróis foram, e o resto do povo, ficou por medo.

O medo leva a desconfiar do vizinho e a fomentar certa covardia que explode facilmente como a pólvora.

Dos teus símbolos tens a cruz a dar-te o compasso quaternário e as cinco chagas o que deve ser superado e sublimado em quinto império...

Mas escuta bem: o quaternário que te diz respeito compõe-se desse corpo: mantém-no sadio.

Da vida que o anima e soma a segunda ponta da cruz.

O teu sentimento é o terceiro elemento. E o deves então refinar e não manter explosivo e quase instintivamente a ditar as regras, de mau humor, vociferando impropérios e más querenças.

A quarta virtude pode ser uma mancha no cérebro ou um traço mental, com o quê muitos se dizem cheios e chamam razão.

Homem português, este és tu na cruz da qual fizeste teu signo, mas o mundo gira e das cinco chagas renasce, pois e vai além cumprir-te!

Alguns muito poucos de teu seio saídos cumpriram o mar.

E tu, homem português?

Falas tanto em quinto quando queres cultuar e conceber o sagrado e continuar sonhando o teu sonho divino, mas será que tu sabes

Que foi feito das cinco chagas do martírio, e depois das cinco quinas, da cruz de malta de aviz, todas ordens assim com a de mariz por serem três,

A Quintessência divina haverá de ser um mental para além da razão e que já se faz presente, em algumas pessoas...

São os mesmos de sempre; no passado foram e descobriram e os outros ficaram cultivando com medo do mar, de Roma, do pai rigoroso e da mãe submissa cobrindo a cabeça com lenço preto, e na alma uns medos que a tornavam incapaz de se manifestar e de ser pessoa.

Hoje navegam o quinto mar uns, enquanto outros (muitos) continuam com medo e outros com muita razão e cátedra a exaltar da construção o que vai se deixando, e de lado outros... em vez de apontarem o ritmo e o giro da roda e a essência que aponta adiante, por que sabem e o podem dizer...
Mas preferem ainda as rodas nos cafés, nos bares e até nos sites da vida...

Mas! Onde estás, homem português, ainda preso?

Faz do refluxo que promoveste um influxo, que retornará a orla com a mansidão tupi, com a malevolência africana, com a sabedoria indiana e chinesa, e assim sai um pouco de ti, ainda muito tenso, dentro desse quaternário, que já o cumpriu os teus heróis...

Não te julgues, enquanto povo, senhor também desses feitos, que não é justo para com os poucos que não temeram e foram...

Deixa de ter medo e assim poderás dizer que venceste e foste também...

Entendeste o símbolo da cruz que levaste mundo afora para além da fé que pregaram teus missionários?

A gênese do quinto império nasceu com as quinas, pelo sacrifício em chagas e agora é o quinto império já edificado para além dos olhares nas vitrines e armários da história.

Isso é coisa digamos para os intelectuais, e tu és povo que lavras a terra e pescas no rio, no mar...

Cultiva os teus valores reais, teus frutos, teus legumes, teus cereais e deixa que apodreçam os dos vizinhos... Tanto os frutos reais quanto os abstratos em forma de modelos mentais e outras coisas efêmeras e sem duração

Tens grandes autores e grandes interpretes nas sete artes que se fazem e duram a eternidade da alma de um povo!

E além e acima de tudo tens sangue vigoroso, e és forte.

Não sejas pretensioso se por acaso te ocorrer teres ido aonde não foste.

Desarma teu braço e teu espírito que de teu valor não podes ufanar-te que é ingênito e não se vê, por maior seja a estrada da escola e a leitura que tenhas.

Deixa-te de guerrilhas...

Nasceste para as grandes descobertas e não fica bem perderes tempo às turras com os teus vizinhos.

Não cria inimigos ocultos, como muitos de teu seio fazem por onde passam.
Sê português, como foi o mais simples e humilde foi Camões e outros dessa envergadura...
E o faz sendo pequeno, e só tu.

Pois se tu não és desse tamanho dos grandes, porque pretendes tão alto levantar tua bandeira?
Mentiram-te quando te disseram buscar dentro?

Não! Tu é que entendeste errado e não quiseste olhar fora e longe; ficaste aí amuado e desconfiado de teu visinho.

As cinco chagas e as cinco quinas... são já outra coisa. E não adianta nada ficares a chorar por elas.
O modelo mental é que vai determinar a dimensão em que cada um pretenda expandir-se...
Ser português é ir indo a desvendar e empurrando para longe os limites e horizontes... “Dilatados”.

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