A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

PARA CHORAR DE VERGONHA

Eduardo Prado Coelho, antes de falecer (25/08/2007), teve a lucidez de deixar aos portugueses a reflexão que se segue. Por isso, façam uma leitura atenta e ponham a mão na consciência.

Precisa-se de matéria-prima para construir um País
A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como Cavaco, Durão e Guterres.Agora dizemos que Sócrates não serve. E o que vier depois de Sócrates também não servirá para nada. Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates.O problema está em nós. Nós como povo. Nós como matéria-prima de um país.
Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro. Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais.
Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.
Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos ....e para eles mesmos.
Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo; onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos.
Pertenço a um país:
-Onde a falta de pontualidade é um hábito;
-Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano.
-Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e, depois,reclamam
do governo por não limpar os esgotos.
-Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros.
-Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é 'muito chato ter que
ler') e não há consciência nem memória política, histórica nem económica.
-Onde os nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só
servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar alguns.
Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser 'compradas', sem se fazer qualquer exame.
- Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou
um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para
não lhe dar o lugar.
- Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão.
- Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos
governantes.
Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de trânsito para não ser multado.Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas.
Não. Não. Não. Já basta.
Como matéria-prima de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que o nosso país precisa.Esses defeitos, essa 'CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA' congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até se converter em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real e honestamente má, porque todos eles são portugueses como nós, ELEITOS POR NÓS.
Nascidos aqui, não noutra parte...
Fico triste. Porque, ainda que Sócrates se fosse embora hoje, o próximo que o suceder terá que continuar a trabalhar com a mesma matéria-prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos.E não poderá fazer nada...Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá.Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, nem serve Sócrates e nem servirá o que vier.
Qual é a alternativa?
Precisamos de mais um ditador,para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror?Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa 'outra coisa' não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados....igualmente abusados! É muito bom ser português. Mas quando essa portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda...Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um messias.Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer.Está muito claro... Somos nós que temos que mudar.Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a acontecer-nos: desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e, francamente, somos tolerantes com o fracasso. É a indústria da desculpa e da estupidez.
Agora, depois desta mensagem, francamente, decidi procurar o responsável, não para o castigar, mas para lhe exigir (sim, exigir) que melhore o seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido. Sim, decidi procurar o responsável e
ESTOU SEGURO DE QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO.
AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO NOUTRO LADO.
E você, o que pensa?.... *MEDITE*!
Eduardo Prado Coelho, in "Público"

6 comentários:

Renato Epifânio disse...

Julgo que esse texto já havia aqui sido publicado. Não garanto - confio na minha memória, mas já são mais de 5 MIL textos publicados...
Mesmo assim, ele permanece actual. Ainda que, convenhamos, o Eduardo Prado Coelho não tenha sido grande exemplo. Apesar de ter sido um óptimo cronista...

julio disse...

Grande e potente direto no fígado.
Aqui também é assim, multiplicado pelo número de habitantes.

Ana Margarida Esteves disse...

Nao havera um fio condutor entre essa "chico-espertice" e certos habitos criados na epoca dos "descobrimentos" aquem e alem mar, na producao em zonas onde o Estado nao chegava e comercializacao a sombra da proteccao estatal?

E entre o "desenrasca", a hipocrisia e o preconceito anti-intelectual e um dos regimes inquisitoriais mais longos da Europa?

Nao teremos por isso ainda muito a aprender oom a Europa, a tradicao Iluminista e os derivados da Reforma Protestante (que nomeadamente propulsionou o erradicar do analfabetismo) ao contrario do que Agostinho da Silva e outros autores afirmam?

AAG News disse...

A visão do EPC será verdadeira, mas resvala para o atestar da incapacidade genética dos portugueses em ser educados e polidos como os outros europeus que não tiram mais de um jornal ou não jogam lixo no chão...mas a verdade é que o exemplo nos vem de cima, dos políticos, dos empresários,dos admnistradores do erário público.
Com dirigentes tão corruptos, como querem que sejam os cidadãos a dar os bons exmeplos, mas apesar disso dão, basta ir a uma aldeia e ver as formas comunitárias de interelação social.

Os defeitos que EPC aventa são também as nossas virtudes, a eperteza, o desenrascanço, a capacidade de sobrevivência a corjas sucessivas de políticos e malandros que têm dirigido(mal)este País.

EPC esquece-se neste texto de pseudo moralidade, enaltecer as nossas maiores virtudes, a hospitalidade, a amizade, a aceitação dos outros povos, se esses valores estão esquecidos pelos que subiram na vida à custa da exploração e humilhação dos outros e agora conseguiram estar nos poderes, os outros, o Povo, não esqueceu a boa vizinhança e o espírito de entre ajuda.

Por isso este texto retrata uma parte dos portugueses que tanto podem ser portugueses como poderiam ser espanhóis ou alemães ou angolanos ou brasileiros ou qualquer coisa, pois a canalhice não tem Pátria nem conhece a palavra humanidade ou solidariedade.

O(s) Povo(s) não se revêm nestes casos perdidos e a solução será retirar a esta classe parasitária, que existe em todos os partidos e estratos sociais, as benesses, os compadrios e as facilidades que têm vindo a usufruir devido a todo o esquema social defensivo que criaram para construir a sua fortaleza de mediocridade a que nos obrigam a prestar vassalagem.

Luís Cruz Guerreiro

julio disse...

Mas se assim alguém se atreve a julgar um povo é muito sábio, ou muio atrevido.

Osiris disse...

O texto que publiquei hoje de manhã
já esclarece a minha posição sobre algumas dúvidas levantadas nos comentários anteriores.
Concordo, plenamente, que o EPC não foi um grande exemplo.Mas mesmo as "confissões" dos pecadores podem ter o mérito de nos pôrem a pensar.
Creio ser pouco objectivo
relacionar "o desenrasca" com um regime inquisitorial, como espero que os portugueses não aprendam mais nada com a Europa, a não ser coisas boas, visto que, no que se refere às más,já aprenderam todas.
Ou será que na tradição iluminista e na Reforma não há coisas más ? Alguns derivados da Reforma Protestante não são muito aconselháveis!
Quanto a educação e polimento os portugueses nada têm a aprender com os europeus; talvez o contrário seja mais acertado.Quem já pediu informações na Europa Central e na do Norte compreende muito bem o que quero dizer. Penso que o erro do EPC tenha sido considerar que cultura e civilização se medem pela forma como se respeita a venda de jornais.
Em tudo o resto, concordo, inteiramente, com a opinião de AAG News.