A minha Pátria é a língua portuguesa; podia ter sido a inglesa, a língua com que cresci, em que comecei a escrever, em que pela primeira vez disse a balbuciação do indizível - a língua inglesa das máquinas, do canto triunfante e agudíssimo das máquinas. Talvez a alma que não sei se oculte sob o aço e o vapor. Ainda hoje prefiro o inglês para escrever sobre certos temas ocultos. Ainda hoje parte de mim é o Alexander Search.
Às vezes penso que nada vale a pena pensar. Nem escrever. Escrever é poder ser lido. Lido? Talvez um dia me leiam (quem me lerá se não o deus que inventou o deus que inventou os deuses?). Talvez um dia leiam esta frase que escrevi ainda agora, 'a minha Pátria é a Língua Portuguesa'. As coisas que dirão por causa disso, tantas coisas. Alguns dirão que eu disse que esta terra portuguesa, lusitanamente portuguesa, não é uma Pátria. Outros que não há Pátria que não seja uma língua, outros que não há Pátria que não seja Babel. Alguns dirão que eu disse, como se dissecassem.
Uma Pátria é uma escolha ou é um escolho.
2 comentários:
ver acima
Olá Renato... de certa forma, realmente, isto foi escrito para ti.
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