TEOREMAS DE FILOSOFIA
Com a indicação programática inscrita em cada fascículo de se tratar de um ‘Caderno semestral de filosofia portuguesa’, vieram a lume (da Primavera de 2000 ao Outono de 2005) doze números dos Teoremas de Filosofia. Já pela cronologia se vê que a intenção foi a de lançar uma ponte que ajudasse a vencer a usura do tempo, que então se abria para novo ciclo centenar e milenar. O que se fiava da oportunidade para ligar as gerações em presença e favorecer as que se esperava viessem a tomar a seu cuidado a prossecução da via aberta.
Com efeito, desde o número inicial, que abriu com os textos de António Telmo, Dalila Pereira da Costa, Pinharanda Gomes, António Braz Teixeira e Orlando Vitorino, os mais novos assumiram a sua responsabilidade, que mantiveram até ao derradeiro fascículo. O índice geral, publicado no n.º 12, mostra como foi amplo (em função das dimensões da publicação) o leque dos colaboradores e diversificados os temas. Sendo certo que, por não depender de instituição alguma (salvo o apoio da Fundação Lusíada que, a partir de certa altura, adquiriu com regularidade um bom número de exemplares), nunca se guiou por outra norma se não a do livre pensamento.
Cumpre acrescentar que a missão de ligar as pessoas e reanimar o movimento da tradição resultou tão sem esforço como o título, tomado dum exemplar, que me oferecera Afonso Botelho, da revista aparecida em 1969 (já lá vão quarenta anos) e que não passara do primeiro número. Continha apenas um texto seu ― «Apologia do mestre» ― e outro de Orlando Vitorino ― «Notas contra a degradação do espírito» ―; sendo por isso deste último (desaparecido o primeiro Amigo) que recebi autorização expressa para usar o título, que se filiava no de outras publicações, assaz valiosas, saídas com a chancela dos Teoremas de Teatro. Faz agora dez anos que a nova série dos Teoremas de Filosofia começou a ser preparada; e se teve melhor sorte na duração (doze números em seis anos) pouco se terá avantajado no acolhimento suscitado, pois, mantendo a mesma tiragem da primeira série, 500 exemplares, muitas dezenas deles continuam à espera de leitor interessado[1].
Então os promotores alegavam querer evitar «a sonoridade da propaganda habitual às publicações», por entenderem que ela «se não coaduna com a tranquila e discreta reflexão, espelho da verdade que ‘não tem pressa’». Se tem ou não é questão que mal saberíamos dirimir, pois nos falta a ousadia para falar em nome da verdade. Que a quem a busca e ama todo o tempo parece demasiado para a ver brilhar, eis o que afoitamente se pode asseverar.
[1] Caso esteja interessado em adquirir exemplares desta revista, poderá enviar-nos um e-mail: novaaguia@gmail.com
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