A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Da Saudade

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A orientação filosófica de um povo reflecte e faz parte essencial da sua identidade, ainda que obviamente a reflexão filosófica apenas a alguns homens possa despertar, seja ela mais ou menos marcante, mais ou menos considerada, por aqueles que elaboram as Histórias da Filosofia. Se os grandes modelos e os grandes exemplos de orientações filosóficas vêm sobretudo da Alemanha, da França e da Inglaterra, o mesmo não invalida que a reflexão filosófica não aconteça noutros países, mesmo que a possamos ignorar pelas mais diversas razões. Como cultores da filosofia, é do interesse vital o estudo e conhecimento da Filosofia em Portugal, e, quiçá, de uma “filosofia portuguesa” como uma filosofia da saudade ontológica, simultaneamente religiosa e metafísica, pela especificidade que advém da cultura de um povo situado no mundo “onde a terra acaba e o mar começa”, por mais anti-filosófico que esse mesmo povo se possa apresentar.
As características próprias e intrínsecas de uma cultura em si considerada configuram depois o pensamento que se gera no seio dessa mesma cultura, não porque a actividade pensante tenha que acontecer ou se desencadeie por causa da cultura, mas porque esta é o solo no qual ela se pode enraizar e encontrar o seu alimento. Desde logo, uma língua, sem a qual nenhum pensamento se pode erguer.
É o pensamento, a reflexão filosófica que em Portugal ao longo dos tempos se foi desenvolvendo, além da iniludível dimensão filosofante do humano, uma consequência de um determinado modo de ser e estar, em que, entre outras, as características de natureza geográfica e de natureza religiosa assumem decisivo relevo.
Junto ao Atlântico e próximo da entrada do Mediterrâneo, entre a Europa e a África, entre a Europa e as Américas, na zona temperada do Norte, vizinhos da zona tórrida, a cultura portuguesa vai emergindo entre a errância, a itinerância de um povo que para lá da terra, tem o e o céu. Terra, Mar e Céu são, pois, os elementos a partir dos quais podemos em certa medida reflectir no sentido de encontrar algumas explicações fundamentais, tanto na ordem cultural como filosoficamente. Uma certa indefinição e consequente desassossego repartido entre o infinito e o finito, o que somos e não somos, traduzem em grande parte o nosso mais íntimo ser, as nossas inquietações e aspirações mais profundas, com as inevitáveis repercussões, nomeadamente de natureza especulativa, que a nossa filosofia apresenta.
Algumas “teorias da esperança”, onde podemos encontrar significativo contributo para a compreensão do perfil espiritual dos portugueses surgem assim mais compreensíveis no contexto geral. Pode dizer-se que não só para o Messianismo, Sebastianismo e Saudosismo, como até para a questão do Quinto Império, que, sobretudo a partir de Padre António Vieira, ganha maior importância, com o messianismo formulado nas Sagradas Escrituras relativo ao Messias Salvador, assim como com a ideia de pecado original, mal e, obviamente, com a ideia de Deus e de morte, pontos matriciais de forte influência não só para estas “teorias da esperança”, como também ideias-noções nucleares das problemáticas fundamentais de grande parte dos filósofos portugueses, intitulem-se eles deístas, agnósticos ou ateus.
Esperança em algo ou nalgum redentor de uma humanidade considerada degradada, quedada ou perdida, seja porque caiu da sua condição original, porque cometeu pecado, porque perdeu a sua natureza sagrada, a sua felicidade, bondade, verdade, sabedoria e até identidade (política ou outra), a cultura portuguesa e a seu modo a filosofia em Portugal está fortemente ligada a estas dimensões da esperança, podendo também traduzir-se a seu modo como dimensões da Saudade.
Será também de referir a tendência de alguns pensadores portugueses que se voltaram para o estrangeiro – daí o nome de “estrangeirados”, como vieram a ser designados a partir do séc. XVIII (como é o caso de Verney) –, procurando adaptar alguns paradigmas apreendidos lá fora à realidade portuguesa (“reino cadaveroso”), ou, noutros casos, pretendendo mesmo moldá-la.Não pretendendo identificar Filosofia e Cultura, ou reduzir a “Filosofia em Portugal” à “Filosofia da Cultura Portuguesa”, no caso português, como noutros, é importante que, para uma melhor compreensão do nosso pensamento filosófico, tenhamos em consideração aquelas que poderão ser as marcas mais relevantes da nossa Cultura. Daí a matriz da nossa filosofia: uma filosofia muito radicada no sentimento, em particular na Saudade.

Maria Celeste Natário

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