A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

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Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

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domingo, 18 de janeiro de 2009

Tendência suicida - Leonardo Boff

Leio os principais comentaristas econômicos dos grandes jornais do Rio e de São Paulo. Aprendo muito com eles, porque venho de outra área do saber. Mas, na minha opinião, eles continuam aplicando a cartilha neoliberal, o que os impede de ter um pensamento mais crítico. Ainda utilizam a interpretação clássica dos ciclos do capitalismo depois da abundância, sem perceber a mudança substancial do estado da Terra ocorrida nos últimos tempos. Por isso, noto neles uma certa cegueira em um nível profundo de seu paradigma. Comentam a crise que irrompeu no centro do sistema e apontam o desmoronamento de suas teses mestras, mas continuam com a crença ilusória de que o mesmo modelo que nos trouxe a desgraça, ainda pode nos tirar dela.

Esta visão míope impede que levem em consideração os limites da Terra, os quais impõem limites ao projeto do capital. Esses limites foram ultrapassados em 30%. A Terra dá claros sinais de que não agüenta mais. Ou seja, a sustentabilidade entrou em um processo de crise planetária. Cresce cada vez mais a convicção de que não basta com fazer acertos. Estamos obrigados a mudar de rumo se queremos evitar o pior, que seria ir em direção a um colapso sistêmico certo.

O sistema em crise, digamos seu nome, é, quanto ao seu modo de produção, o capitalismo. E sua expressão política é o neoliberalismo, que responde fundamentalmente às seguintes questões: como ganhar mais com o mínimo de investimento, no menor tempo possível e aumentando ainda mais seu poder? O sistema dá como óbvia a submissão total da natureza e a desconsideração das necessidades das gerações futuras.Esse pretendido desenvolvimento tem se mostrado insustentável, porque em todos os lugares em que se instalou criou desigualdades sociais graves, devastou a natureza e consumiu seus recursos muito acima do nível de reposição. Na verdade, trata-se de um crescimento apenas material, que se mede em termos de benefícios econômicos, não de um desenvolvimento integral.

O grave disto é que a lógica deste sistema se opõe diretamente à lógica da vida. A primeira é linear, regida pela competição, tende à uniformização tecnológica, ao monocultivo e à acumulação privada. A outra, a da vida, é complexa, incentiva a diversidade, as interdependências, as complementaridades e reforça a cooperação na procura pelo bem de todos. Este modelo também produz, mas para servir à vida e não para servir exclusivamente ao lucro, e tem como objetivo o equilíbrio com a natureza, a harmonia com a comunidade da vida e a inclusão de todos os seres humanos. Opta por viver melhor com menos.aul Krugman, editorialista do New York Times, denunciou valentemente (Jornal do Brasil, 20/12/08) que não há diferença básica entre os procedimentos de B. Madoff, que fraudou 50 bilhões de dólares a muitas pessoas e instituições, e os especuladores de Wall Street, que enganaram milhares de investidores e pulverizaram, também, grandes fortunas. Ele conclui: o que estamos vendo agora são as conseqüências de um mundo que enlouqueceu. Esta loucura é conjuntural ou sistêmica? Penso que é sistêmica, porque pertence à própria dinâmica do capitalismo: para acumular, mantém grande parte da humanidade em situação de escravidão pro tempore e põe em perigo a base que o sustenta: a natureza com seus recursos e serviços.

Cabe a pergunta: será que não existe aí uma pulsão suicida, inerente ao capitalismo como projeto civilizatório, uma pulsão que tenta explorar de maneira ilimitada um planeta que sabemos que é limitado? É como se toda a humanidade sentisse que é empurrada para dentro de uma corrente violentíssima, e não conseguisse mais sair dela. Não há dúvida de que o destino seria a morte. Será que é a marca inscrita em nosso atual DNA civilizatório, rascunhado há mais de dois milhões de anos, quando surgiu o homo habilis, aquela espécie de humanos que, pela primeira vez, começou a usar instrumentos em seu afã por dominar a natureza, que potencializou-se com a revolução agrária no neolítico e culminou no atual estágio de ânsia de dominação completa da natureza e da vida? Se continuarmos nesse caminho, onde iremos chegar?

Como somos seres inteligentes e com um imenso arsenal de meios de saber e de fazer, não é impossível que consigamos reorientar nosso curso civilizatório, dando maior centralidade à vida que ao lucro, ao bem comum em vez de ao benefício individual. Então, poderíamos salvar-nos in extremis e ainda teríamos pela frente um futuro que almejar.

É teólogo e escritor

11 comentários:

julio disse...

Enquanto o capitalismo for o bode espiatório e neoliberalismo o grande mal, o verdadeiro vilão continua à solta, que é o homem.

Mas é mais suave uma tendência suicida de que um assassinato ideológico.

Somos todos culpados.

Todos gostamos muito de dinheiro e principalmente do que ele pode comprar.

A terra é, sim, vítima, mas os culpados não são os outros.
Somos nós, incluindo os teólogos progressistas.

Esse final que defendem, se fosse possível chegar-se lá com este "homem", uns virariam churrasco para outros.

Ana Margarida Esteves disse...

O que acha que e necessario para transformar a humanidade tal como ela existe hoje numa especie melhor?

julio disse...

Prezada Ana,

Cada um melhorar a si mesmo.

Pois se o mais sagrado, - que é a salvação - e no modelo teológico
pode ser comprada, a partir daí tudo se pode comprar e vender.

O individualismo é o grande vilão.

E se o USA é o grande mal capitalista, a raiz está na base calvinista-anglicanista e tal que prega o enriquecimento pessoal a todo custo no modelo pragmático.

Mas não se pode, por outro lado simplesmente destruir o que temos.

É aí que entra cada um fazer a sua parte.

Portanto, acho mesmo que cada grupamento deve harmonizar os seus meios, mas sem destruir nem atacar
os outros, como se tem feito nos movimentos liderados por vingadores e invejosos perdedores.

Mas veja bem, Ana, isto é uma opinião pesoal.
A palavra chave deve ser Fraternidade e seguir do Cristo o "Amar a Deus sobre todas as coisas" mas seguida de perto ou complementada com o pensamento de Einstein: "ninguém ama o que não conhece" e a pouca ciência afasta Deus; e amar ao próximo com a si mesmo.

julio disse...

Mas também penso que o capitalismo não é o agente civilizador, como ele coloca.
Se colocarmos as coisas no lugar seria o capitalismo mantenedor do corpo, a religião da alma, e a escola do espirito.

Tanto uma quanto outra de algum modo lhe dizem respeito, (ao frei)pois hoje colégios, universidades, luteranos, catolicos etc. abundam por aí...

Ana Margarida Esteves disse...

Mas o corpo, a alma e o espirito nao tem fronteiras estanques, assim como a economia, a escola e a religiao ... Estao interligados e muitas vezes se confundem ...

julio disse...

Certamente, mas os responsáveis por cada área deveriam agir de comum acordo atendendo ao conjunto "homem" (interligados), mas não o fazem cuidando cada um de seu interesse, ou como se ouve sempre as desculpas de que o outro é o culpado.

Essa ladainha já passou da conta.

Como não existem duas pessoas iguais, o não respeito à opinião alheia gera esses conflitos e cobranças.
A Sinarquia é o caminho, mas ainda é só uma ideia.
Assim como a idade de ouro, quando ainda estamos no final da idade do ferro (Kali Yuga)quando o poder proletário encerra as velhas instutuições, derrubando-as, em cada nação com as "armas" que tiver.

No Brasil... bem, aqui é isso que promovem os 3 poderes e se revelam nas noticias diariamente...

Ana Margarida Esteves disse...

Pode explicar o que entende por Sinarquia. Creio que seja um conceito que faca parte do lexico da maioria dos nossos leitores.

julio disse...

Sinarquia, segundo a tradição...com vários chefes por setrores, mas naturalmente nesse inicio de idade de ouro tendo à frente o Rei e Sacerdote de categoria hierárquica espiritual.

Mas,infelizmente, sempre aparece dos "escombros".

E também é necessário compreender
que existe um governo oculto do mundo...
Mas não é ainda o momento apropriado para se falar a respeito.
Desculpe, Ana.
Tampouco sou suficientemente versado ou autorizado a falar mais, para não dizer asneiras.

Casimiro Ceivães disse...

Principalmente escritor.

Casimiro Ceivães disse...

Paul Krugman não é "editorialista" do New York Times. Mantém lá há vários uma coluna, o que é muito diferente. De resto, ganhou o Nobel de Economia em 2008.

Casimiro Ceivães disse...

Aliás,o bode espiatório ganhou imenso poder, agora com as câmaras de vídeo em todo o lado.