A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
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Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
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Donde vimos, para onde vamos...

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Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

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sábado, 17 de janeiro de 2009

Ram ou Rama Estudo da Coletânea Número Três da Revista AQUARIOS da SBE

RAMA
O condutor dos Ários

Rama
A missão de Rama

Quatro ou cinco mil anos antes da nossa era, a antiga Citia, que se estendia do Oceano Atlântico aos mares polares, era ainda uma espessa floresta. Os negros haviam denominado esse continente de "a terra emergida das ondas" ...
não se ouvia senão o grito dos veados e dos cabritos, o mugido dos búfalos e o galopar de enormes rebanhos de cavalos selvagens. O homem branco que habitava tais florestas não era mais o homem das cavernas. Inventara as facas e os machados de silex, o arco e a flecha, a funda e o laço; descobrira dois companheiros de luta, dois amigos dedicados: o cão e o cavalo.
O cão domesticado, guarda fiel de sua casa de madeira, garantia-lhe a segurança do lar. Dominando o cavalo, havia conquistado a terra e submetido os outros animais. Havia começado a civilização: a familia rudimentar, o clã, a tribo já existia. Os citas erigiram, aos seus maiores, monstruosas pedras tumulares.
Quando morria um chefe, enterravam com ele as suas armas e o seu cavalo, a fim, diziam, de que o guerreiro pudesse cavalgar as nuvens e caçar lá no outro mundo, o dragão de fogo.
Daí o costume de sacrificarem os cavalos, que representavam um grande papel entre os Vedas e os escandinavos. A religião começava, assim, pelo culto dos antepassados. Os citas encontraram os deuses no fundo dos bosques; e por isso que a floresta se conservou sempre querida da raça branca .
Desde os tempos mais afastados, que as mulheres profetizavam sob as árvores. Cada trlbo possula a sua profetiza. Essas mulheres, porém, inspiradas a principio, tornaram-se, com o correr do tempo ambiciosas e cruéis.
De profetizas transformaram-se em mágicas. Instituíram os sacrificios humanos e o sangue correu, ao som dos cantos dos sacerdotes. Entre estes, encontrava-se um homem, na flor da idade, de nome Ram, que se destinava ao sacerdócio, mas cujo espírito se revoltava contra esse culto sanguinário. O moço druida era doce e grave. Desde muito novo começava a revelar aptidão singular para o conhecimento das plantas, da virtude dos sucos com elas preparados, assim como para o estudo dos astros e suas influências. Parecia adivinhar, ver as coisas longe, daí sua autoridade precoce sobre os druidas mais velhos. Emanava da sua palavra, de todo o seu ser, uma grandeza benévola. A sua sabedoria contrastava com a loucura das druidisas, que proferiam os seus nefastos oráculos nas convulsões do delírio. Os druidas haviam-no chamado - "o que sabe" e o povo - "o mensageiro da paz". Ram, que aspirava à ciência divina, viajara por toda a Citia e paises do Sul.

Seduzidos pelo seu saber e pela sua modéstia, os sacerdotes iniciaram-no em parte dos seus conhecimentos secretos. Voltando ao Norte do seu país, Ram se assusta ao ver como, entre os seus, se introduz o culto dos sacrifícios humanos. Compreendeu que estava ali a perdição da sua raça. Mas, como combater esse costume propagado pelo orgulho das druidisas, pela ambição dos druidas e pela superstição do povo? Quando um flagelo cai sobre os brancos e Ran julga ver nele um castigo do céu pelo culto sacrílego. Tinham adquirido uma espécie de peste. Essa enfermidade corrompia o homem pelo sangue. O corpo inteiro se cobria de manchas negras, o hálito se tornava infecto, os membros inchados e cobertos de chagas se deformavam e o doente expirava entre dores atrozes.
Propagado o flagelo tombavam aos milhares. Ram, aflito procurava debalde um meio de salvação.
Tinha ele o hábito de meditar debaixo de um carvalho, numa clareira. Uma tarde, em que refletia sobre os males de sua raça, adormeceu sob a árvore. Durante o sono, pareceu-lhe que uma voz forte o chamava pelo nome e teve a impressão de despertar. Então, vê diante de si um homem de estatura majestosa; vestido como ele próprio, da tunica branca dos druidas, trazendo na mão uma vara em torno da qual se enroscava uma serpente. Antes que Ram, perturbado lhe perguntasse quem era e o que queria, o desconhecido, puxando-o pela mão, o obriga a levantar-se e mostra na árvore, sob que se havia deitado, um belíssimo ramo de visco.
"Ó Ram, diz-lhe, eis o remédio que procuras". Tira do peito uma foicinha de ouro, corta o ramo, oferce a Ram quando murmurando algumas palavras sobre a maneira de prepará-lo, desaparece.
Então Ram acorda, sentindo-se aliviado. Uma voz interior lhe dizia que havia encontrado a salvação. Prepara o visco de acordo com o conselho do amigo divino. Faz tomar a sua beberragem a um doente - e o doente se salva. As curas que realizou, tornaram-no celebre em tôda a Cítia.
Chamavam-no de tôda a parte, para ir curar enfermos. Consultado pelos druidas da sua tribo, Ram lhes transmite a sua descoberta, pedindo-lhes segredo, para melhor assegurar, sua autoridade.
Ora, os discípulos de Ram, andanvam por toda a Cítia com os seus ramos de visco, e foram considerados mensageiros divinos, e o seu mestre como o
semi-deus.
Tal acontecimento constituiu a origem de um culto novo: o VISCO tornou-se uma planata sagrada: "Ram consagra-lhe a memória, instituindo a festa do Natal”. Quanto-ao ser misterioso que Ram havia visto em sonho e que lhe havia mostrado o visco, os gregos fizeram dele o seu Esculápio, cuja insígnia é a vara mágica, sob a forma de caduceu.
Ram "o inspirado da paz tinha, porém, vistas mais largas. Queria libertar o seu povo duma praga moral mais nefasta que a peste. Eleito chefe dos sacerdotes da sua tribo, dá ordem de porem fim aos sacrifícios humanos. Seu gesto, aplaudido por uns, foi condenado por outros. Longe de fugir à luta, aceitou-a.
Cada tribo branca possuía sua contra-senha de reunião, sob a forma de um animal.
Os chefes ostentavam nos frontões de seus palácios de madeira águias, cabeças de Javali ou de búfalo, o que constitui a origem dos brasões. A preferida os Citas era o Touro, símbolo da fôrça e da violência.
Ram opõe ao Touro o Carneiro, tornando-o a divisa de seus partidários...
Essa divisa torna-se o sinal de uma verdadeira revolução nos espíritos. Os povos brancos dividem-se em duas facções.
Em face de uma luta iminente, Ram hesita. Instigando essa guerra, não iria agravar o mal, levando sua raça a destruir-se a si mesma? E teve novo sonho: O céu estava carregado de nuvens tempestuosas. De pé sobre um rochedo, uma mulher desgrenhada está prestes a ferir um guerreiro. "Em nome dos antepassados, para”! brada Ram precipitando-se sobre a mulher. Mas esta, ameaçando-o, lança-lhe um olhar que o fere como golpe de navalha. Nisto o trovão rola pelas nuvens espessas, e surge, num fulgor, uma figura luminosa. A floresta parece que desmaia ... e a mulher cai como que fulminada.
Ram não se perturbou, pois reconheceu nas feições da aparição, o ser divino que já lhe havia falado sob o velho carvalho.
E Ram se vê num templo aberto, de imensas colunas. No lugar da pedra de sacrifício, ergue-se um Altar, junto ao qual se conservava o guerreiro, cujos olhos desafiavam a morte. Prostrada sôbre as lajes, a mulher parecia morta. O gênio celeste trazia um facho na mão direita e na esquerda uma taça. E sorrindo, diz:
"Ram, estou contente contigo". "Vês este facho? é o fogo sagrado do Espírito Divino. Ves esta taça? é a taça da Vida e do Amor. Dá o facho ao homem e a taça à mulher".
Ram fêz o que o Gênio lhe ordenava. Logo o facho se acendeu sobre o
altar e os dois transfigurados sob o seu clarão, resplandeceram como o Esposo e a Esposa divinos.
Ao mesmo tempo o templo se alargava e as suas colunas sobem até ao céu, sua abobada se ergue no firmamento. Ram arrebatado pelo seu sonho viu-se transportado ao cume duma montanha, sob o ceu estrelado. De pé, juto a si, o Gênio lhe explicacava as constelações e fazia-lhe ler, nos sinais acesos do Zodíaco, o destino da humanidade. "Espírito maravilhoso, quem es tu?" - diz Ram ao seu Gênio. E êste responde: "Chamam-me a Inteligência Divina. Tu espalharás o meu fulgor por sobre a Terra e eu sempre acudirei, ao teu apelo. Segue o teu caminho. Vai!" E com um gesto da sua mão, o Gênio aponta o Oriente.


ÊXODO E A CONQUISTA

Num sonho, sob luz fulgurante, viu Ram a sua missão e o destino de sua raça. Nunca mais hesitou. Em vez de aceder à guerra, arrasta sua raça até ao centro da Ásia. Instituiu o culto do fogo sagrado, que faria a felicidade dos homens; anunciou que os sacrifícios humanos ficariam abolidos para sempre; que os antepassados seriam invocados em cada lar, pelos esposos, unidos em uma só prece junto ao fogo, que purifica. O fgoo do altar, símbolo do fogo celeste invisível, uniria a famlia, o clã, a trlbo, todos os povos, templo de Deus Vivo sobre a terra. Mas, para isso, era preciso separar o joio do trigo; que os ousados se dispusessem a abandonar a Europa para conquistar terra nova, uma terra virgem. Lá daria ele a lei; lá fundaria o culto do fogo renovador. Tal proposta foi acolhida com entusiasmo por aquele povo moço, ávido de aventuras. Fogueiras acesas sôbre as montanhas foram o sinal da emigração em massa para todos que quisessem seguir o “Carneiro” (Áries)... Essa caravana se pôs em movimento, em direção ao centro da Ásia. Ao longo do Cáucaso, foi ela tomando aos negros várias fortalezas e mais tarde para celebrar essas vitórias, os clãs dos brancos esculpiram, nos rochedos dessa montanha, gigantescas cabeças de carneiro. Ram revelou-se digno da sua alta missão: aplainava dificuldades, penetrava pensamentos, previa o futuro, curava enfermos, apaziguava revoltas, estimulava a coragem. As potências celestes - que nós chamamos Providências - queriam que a raça boreal dominasse sobre a terra, e lançavam, através de Ram, seus raios luminosos sobre o caminho a percorrer. Essa raça havia já sido arrancada do estado selvagem. Ram, poréem, sendo o 1º a conceber a lei social, como expressão da lei divina, foi um inspirador da 1ª ordem.
Alia-se com velhas tribos citicas cruzadas de sangue amarelo, que ocupavam a alta Ásia e as arrasta à conquista do Irã. Ensina a amanhar e semear a terra. Ram foi o pai da seara e da vinha. Cria as castas segundo as proflssões e divide o povo em sacerdotes, guerreiros, agricultores e ártífies. Combate a escravatura e o assassinato, aflrmando que a escravidão do homem pelo homem era fonte de todos os males.
O clã, esse agrupamento primitivo da raça branca, o conserva tal qual era, permitindo porém que elegesse os seus chefes e os seus juizes; a obra principal de Ram, o instrunento Civilizador, por excelência, por ele ciado, foi, porém, o novo papel que destinou à mulher. O homem não conhecera até então a mulher, senão sob dois aspectos: o da escrava, que ele maltratava brutalmente, e o da sacerdotisa, que o dominava contra sua própria vontade, mágica terrível, cujos oráculos temia e perante quem sua alma supersticiosa tremia. - O sacrificio humano era como que a vingança exercida pela mulher sobre o homem. Acabando com esse culto horroroso, elevando a mulher ante o homem nas suas funções divinas de esposa e de mae, Ram a instituiu sacerdotisa do lar, depositária do fogo sagrado, igual ao esposo, invocando com ele a alma dos antepassados.
Como os grandes legisladores, Ram organizou e desenvolveu os instintos superiores de sua raça. A fim de embelezar a vida, ordena a realização de 4 grandes festas no ano: da Primavera ou das gerações, era consagrada ao amor conjugal...
A do Estio, ou das searas, pertencia aos rapazes e raparigas, que ofereciam aos pais as suas colheitas.
A festa do Outono era celebrada pelos pais, que distribuíam frutos aos filhos.
A Mais santa e mais misteriosa de tôdas era, porém, a festa do Natal, ou das grandes sementeiras. Ram consagra simultaneamente aos recém-nascidos-frutos do amor, concebidos na primavera, e à alma dos antepassados.
Formando como que uma conjunção entre o visível e o invisível, essa solenidade era, ao mesmo tempo, um adeus às almas desaparecidas e uma saudação àqueles que voltam a encarnar nas mães e a renascer nas crianças.
Os antigos árias se reuniam nessa noite santa, nos santuários, como outrora o faziam nas florestas. CeIebravam com fogueiras e cantos o renascimento do ano terrestre e solar, a germinação da natureza no coração do inverno, o estremecimento da vida no fundo da morte. Cantavam o universal carinho com que o céu beija a terra e a gestação triunfal do Sol pela grande
Noite–Máter
Ram ligava assim, a vida humana ao das estações, às revoluções cósmicas, ao mesmo tempo que ressltava o seu sentido divino. Estabelecida no Irã, às portas Himalaia, a raça branca não era ainda senhora do mundo. Precisava, para isso, que a sua guarda avançada entrasse na Índia, centro capital dos negros, antigos vencedores da vermelha e da raça amarela. O Zand-Avesta fala dessa marcha de sobre a Índia.
A epopéia hindu a aproveita com os seus temas favoritos.
Rama foi o conquistador do país dos elefantes, tigres e gazelas. É ele quem conduz a 1ª arrancada dessa luta gigantesca em que duas raças disputavam, inconscientenente o cetro do mundo. Exagerando as tradicões ocultas dos templos, a tradição poética da India cria a luta da magia branca com a magia negra. Finalmente, a tradição épica da Índia lhe atribui, como coroamento de sua obra, a conquista de Ceilão.

O TESTAMENTO DO GRANDE ANTEPASSADO

Dizem os livros sagrados do 0¬riente que Ram se tornara, pela sua e bondade, o senhor da Índia e o rei espiritual da terra.
Os sacerdotes, os reis e os poetas se inclinavam diante dêle, como diante de um benfeitor celeste. Os seus emissários propagaram, sob a égide do Carneiro, a lei Ariana, que proclamava a igualdade entre os vencedores e os vencidos, a abolição dos sacrificios humanos e da escravatura, o respeito da mulher no lar, o culto dos antepassados e a instituição do fogo sagrado.
Ram envelhecera. Sua barba encarnecia, mas o vigor não havia abandonada o seu corpo, e a sua fronte irrradiava majestade. Os reis e os enviados dos povos lhe ofereceram o poder supremo; ele pede um ano para refletir e de novo tem um sonho: Reviu-se nas florestas da sua mocidade. Rejuvenescera e ostentava a túnica de linho dos druidas. Era na Noite-Santa, na Noite-Mãe, em que os povos aguardam o renascimento do Sol e do ano. Fazia luar. Rama caminhava sob os carvalhos. Nisto, dirige-se para ele uma bela mulher, trazendo nas nãos uma coroa magnífica. Sua cabeleira brilhava como ouro, sua pele tinha a brancura da neve e seus olhos o azul profundo de após as tempestades. E lhe diz: "Eu era a druidisa selvagem. Transfigurei-me por ti, na Esposa resplandecente. Chamo-me argora Sitá. Sou a mulher glorificado por ti, sou a tua esposa. Ó meu senhor e meu rei! Não tem sido por mim que tens transposto os rios, encantado os povos e derribado os reis? Eis a recompensa. Toma esta coroa, coloca-a sôbre a tua fronte e reina comigo sobre o mundo”! se ajoelhava numa atitude submissa ofertando-lhe a coroa da terra. As pedras preciosas faiscavam, a embriaguez do amor sorria nos olhos da mulher. Pela alma do grande Ram, do pastor dos povos, passou um arrepio de emoção. Mas, de pé sobre o cimo da floresta, Deva Náhuxa - o seu Gênio - aparece e lhe diz: "Se tu pões essa coroa sôbre a tua cabeca, a Inteligência Divina abandonar-te-á. Se estreitares nos braços essa mulher, ela morrerá de felicidade. Mas, se renunciares à sua posse, ela viverá feliz e livre sobre a terra e o teu espírito invisível reinará sobre ela. Escolhe: ou atende-la ou seguir-me. Sitá, sempre de joelhos, fitava o seu senhor com os olhos perdidos de amor e, suplicante esperava a resposta. Ram fica silencioso. O seu olhar, engolfado nos olhos de Sitá, media o abismo entre a posse completa e o eterno adeus. Mas, sentindo que o amor supremo é a suprema renuncia, pousa sua mão sôbre a fronte da mulher branca, a abençoa e lhe diz:
"Adeus: Sê livre e não me esqueças:"
De repente, a mulher desaparece. A moça Aurora levanta sôbre a floresta a sua varinha mágica. O rei estava outra vez velho. Lágrimas banharam as suas cãs, enquanto do fundo do bosque uma voz triste chamava:"Ram!
Mlas o Deva Náhuxa, o gênio respladecente de luz, exclama: - A mim! E o espirito divino transporta Rama a alto duma montanha.
Depois dêsse sonho, que lhe revelou o fim da sua missão, Ram reuniu os reis e os enviados dos povos e lhes disse: "Não quero o poder supremo que vós me ofereceis. Guardai as vossas coroas e observai a minha lei. A minha tarefa está finda. Retirar-me-ei para sempre com meus irmãos iniciados para uma montanha. De lá, velarei por vós. Vigiai o fogo divino. Se o deixardes extinguir, eu reaparecerei entre vós, mas como juiz e vingador." “Depois, se retira com os seus para o monte, em um lugar solitário, unicamnete conhecido dos iniciados”. Ali, ensinou a seus discípulos o que sabia sobre os segredos da terra e do grande Ser. Estes levaram, depois, ao Egito e Oceania, o fogo sagrado, símbolo da unidade divina das coisas e os chifres do carneiro, emblema da religião ariana. Estes chifres tornaram-se as insígnias da iniciação, e em seguida, do poder sacerdotal e real.
De longe, Ram continuou a velar o seu povo e pela raça branca. Os derradeiros anos de sua vida, consagrou-os à fixaçao do calendarlo dos arias, sendo a ele que devemos os signos do Zodíaco. foi esse o testamento do patriarca dos iniciados. Estranho livro, escrito com estrelas, hieróglifos celestes, no firmamento sem fundo e sem limites, pelo maior artepassado da nossa raça:
Fixando em 12 signos o Zodíaco, Ram lhes atribui um tríplice sentido: o 1º, referia-se às influencias do sol sobre cada mês do ano; o 2º relatava, de certa forma, a sua própria história; o 3º, indicava os meios ocultos de que se servia para conseguir o seu fim.
Finalmente, sentindo-se morrer, o grande iniciado ordena aos seus que ocultem a sua morte e que prossigam na sua Obra, perpetuando a fraternidade. Efetivamente, os povos creram, durante séculos que Ram envolto na sua tiara com chifres de carneiro, vivia sempre na sua monta¬nha sagrada.
Nos tempos védicos, o grande Antepassado se transforma em Yama, o juiz dos mortos.

Autora: Profª Maria da Glória V. Cardoso

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