O que se está a passar na Grécia – a revolta de grande parte da juventude – é decerto uma questão também europeia (e mesmo mundial), mas, desde logo, uma questão grega.
Não porque as raízes desta crise se encontrem exclusivamente na Grécia – ao contrário, como veremos, elas encontram-se por toda a Europa e mesmo em grande parte de mundo, em particular no mundo ocidental.
E que raízes são essas? Decerto, também, um regime corrupto – no caso grego, particularmente. Lá como cá, temos um “bloco central”, formado por dois partidos, que vai governando em alternância. Com a agravante de que, na Grécia, esses dois partidos estão dominados por duas famílias. E, apesar do descrédito do actual governo, está bom de ver que o que se pretende não é que a família Papandreou, e o seu PASOK, regresse ao poder.
Poderíamos também falar da força das correntes de extrema-esquerda na Grécia, mas isso não, seria, para o caso, o mais importante. Apesar da histeria que grassa em certos sectores da nossa blogsfera, agora que já se desiludiram com o Obama...
O mais importante é o que esta crise denota: a falta de coesão social. Temos uma juventude, muita dela qualificada, no desemprego ou em emprego precário, sem que a sociedade, no seu conjunto, consiga resolver a questão.
Ainda mais importante do que isso, contudo, é o que essa falta de coesão social denota: a falta de uma consciência nacional. Sem esta, nunca há uma real coesão social. Sem esta, a sociedade atomiza-se. Sem esta, somos apenas um conjunto de cidadãos que pagam e/ou recebem impostos e/ou prestações sociais. Sem esta, cada um procura, sobretudo, tratar da sua vidinha, pisando o vizinho se preciso for.
É curioso isto passar-se, agora, na Grécia: a pátria de Aristóteles e de Platão. Este último, há mais de vinte e cinco séculos, já nos tinha explicado isso: sem a “consciência da polis”, nunca uma sociedade forma uma verdadeira comunidade, o mesmo é dizer, uma sociedade com real coesão social.
Face ao desastre há muito antecipado, a actual geração governante – a que fez o Maio de 68 – quis ainda substituir essa “consciência” por um postiço “patriotismo europeu”. O desastre está, cada vez mais, à vista. Desta geração de governantes – Durão Barroso à cabeça – já nada há a esperar…
Também por isso, importa que Portugal repromova uma consciência nacional e, sobretudo, lusófona…
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5 comentários:
Boa lição, Mestre
obrigado. Dá para entender melhor
Milabraços
Caro Platero
Aqui não há mestres. Apenas franco-atiradores. Apesar de alguns tiros de/ao lado, e nos pés...
Abraço MIL
Acho pouco razoável diagnosticar todos os problemas como falta de consciência nacional e fazer desta a panaceia universal... Começa a parecer uma crença e obsessão religiosa sem transcendência, apenas com idolatria do que não pode ser jamais absoluto, por ser sempre relativo, como é a condição de toda a nação, pátria, história, língua e cultura... Será que a inquietação generalizada que percorre a Europa e o mundo, sinal evidente de uma crise de fim de civilização e desejo inconsciente de outra coisa, se reduz à falta de consciência nacional? Será que verdadeiramente é a mera consciência nacional, no nosso caso portuguesa e lusófona, aquilo que pode dar sentido às nossas vidas frustradas com a desilusão de todos os falsos valores que lhes têm sido propostos, inclusive os do nacionalismo e do patriotismo fechados sobre si mesmos? Não creio, como não creio que esta absolutização da necessidade de uma consciência nacional e lusófona, para além dos seus limites próprios, seja salutar, arriscando a tornar-se antes perigosa e retrógrada. Cultivemos na tradição portuguesa e lusófona o que lhes é mais essencial, precisamente os valores universalistas, os valores que afirmam a prevalência do que é comum aos homens sobre o que os separa, como a história, a língua e a cultura. Esse é o verdadeito legado de Camões, Vieira, Pascoaes, Pessoa e Agostinho da Silva. Pretender o contrário é pretender instrumentalizá-los para fins ideológicos e, sempre que isso acontece, significa que alguém está a querer chegar ao poder usando o seu nome...
Paulo
Eu não “diagnostico todos os problemas como falta de consciência nacional”. Desde logo porque eu não me proponho resolver todos os problemas. Claramente, não entrei na dimensão mais individual dos mesmos. Mantive-me apenas na dimensão colectiva – na dimensão da sociedade enquanto tal. Obviamente, essa dimensão não nos esgota e não é isso o que dará sentido pleno sentido às nossas vidas nem o que resolverá os grandes problemas da existência. Para isso, há outras dimensões, outros caminhos. Eventualmente, até, religiosos. Mas aí cada um terá o seu. Eu nada tenho a dizer a esse respeito.
No plano da sociedade, ou comunitário, continuo a achar que a pátria, a história, a língua e a cultura são – potencialmente - um bom “cimento”, ou seja, um bom factor de coesão social. Sem, obviamente, fazer disso uma religião – aliás, se alguém neste blogue alguma vez falou na criação de uma “nova religião”, esse alguém não fui eu…
Abraço
A questão é que a coesão social não é necessariamente um valor positivo, em todas as circunstâncias... Por vezes, para que sistemas opressivos se desmoronem, como o é a meu ver o do economicismo produtivista-consumista em que vivemos, são necessárias experiências de ruptura do tecido social, para que ele se recomponha de novas formas... Creio ser isso aliás que vai acontecer, espero que não de forma demasiado violenta. Para que essa violência se transmute e oriente para fins superiores creio efectivamente ser necessária, não digo uma nova religião, mas decerto uma nova consciência ético-espiritual.
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