A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
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Donde vimos, para onde vamos...

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Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

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terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Economistas veem a sustentabilidade como modelo para economia pós crise

Diante de um público atônito, que busca referenciais para pensar e construir alternativas para as empresas e organizações, que ajudem a superar ou, ao menos, minimizar os impactos da crise internacional, economistas reunidos pelo Instituto Ethos para o debate “Perspectivas da Crise Econômica no Brasil” alinhavaram uma série de idéias. Mas, mostraram que ninguém tem, ainda, uma visão clara e sistêmica do desarranjo econômico que varre o planeta. Mediado pela jornalista Miriam Leitão, o debate reuniu José Eli da Veiga, professor titular do departamento de economia da FEA-USP, John Welch, economista-global do Banco Itaú, Sérgio Besserman Vianna, professor da PUC-RJ, e João Carlos Ferraz, diretor de planejamento e especialista em crise do BNDES.

A iniciativa do Ethos mostrou o quanto é importante debater, uma vez que não há consenso sobre os caminhos, nem mesmo em relação ao tamanho e alcance da crise. Para o economista José Eli da Veiga os efeitos desta crise vão muito além de um simples desarranjo dos mercados. Ele vê a necessidade de transformações profundas nas economias para se iniciar a recuperação. “Os mecanismos tradicionais para superar crises não vão dar resultados”, disse. Comparou esta com a crise dos anos 30, que só foi superada com o advento da II Guerra Mundial e disse que o mundo tem de tomar cuidado para não se cair em uma nova confrontação global como forma de remediar os danos desta crise. “Certamente a saída está em investimentos pesados em ciência e tecnologia, além de mudanças profundas nos fundamentos econômicos”, explica. Isto inclui a transição para uma economia de baixo carbono e, também, uma radical mudança na contabilidade dos países para definir o que é riqueza.

O economista Sergio Besserman, que atua na PUC-RJ mas também pertence aos quadros do BNDES, também acredita que vivemos um momento de inflexão da história. “Nada será como antes”, diz ele. Besserman explica que nos últimos 20 anos o mundo vive a mesma crise e que acabaram os paliativos para aliviá-la. “Em 1987 a crise foi contida pela incorporação da Rússia e do Leste Europeu aos mercados, depois em 1990 a Internet teve o papel de expandir os horizontes dos investimentos. Em 2000 foi a incorporação da China e da Índia, mas não há nada neste momento que consiga manter o consumo nos EUA entre 6% e 7% acima do que permite seus próprios fundamentos econômicos.”

Entre os palestrantes pareceu haver um consenso que antes só freqüentava mesas de ONGs e de militantes da esquerda: “É uma insensatez acreditar que o mercado é capaz de se autoregular”. Besserman alerta que valores como ética e sustentabilidade são externos ao mercado e precisam ser impostos a ele. Outro problema a ser enfrentado, segundo o professor da PUC, é a questão da moeda. Os valores relativos estão em crise e a reconstrução da credibilidade monetária é um desafio importante.

Representando o BNDES e as políticas públicas do governo brasileiro para manter a atividade econômica, o economista João Carlos Ferraz vê a crise com diferentes intensidades e impactos distintos entre países, setores e empresas. Para ele nunca foi tão importante pensar e estimular a busca por inovação. E incitou a comunidade Ethos a manter modelos de gestão que tenham a transparência e a sustentabilidade como foco. No entanto fez um alerta importante: “Há mais doutores em uma Instituição como a Fiocruz do que em todo o setor privado brasileiro”. Isso foi apontado pela mesa como um indicador de fragilidade. As empresas não estão investindo em ciência, disse. Para ele a inovação corre riscos em tempos de crise porque os gestores tendem a ser conservadores nas decisões de investimentos. “Se não sei para que serve ainda, porque vou gastar dinheiro nisso”, explica.

O BNDES vai manter os planos de investimentos em infraestrutura, inclusive nas usinas termoelétricas que estão planejadas. E João Carlos Ferraz explica que a sustentabilidade é parte do eixo dos investimentos. Para ele as empresas tendem a ficar mais magras e produtivas, “e isso pode diminuir o espaço para os ecodelinquêntes”, diz. Outro ponto que destacou é que poderá haver mais fusões e aquisições entre empresas e a chance de criação de novos nichos de negócios. Ele vê, também, uma possibilidade concreta de crescimento no que chamou de “empreendedorismo defensivo”, que é quando a sociedade tenta compensar a falta de atividades formais com a criação de novos negócios, formais e informais.

Ferraz alerta que o momento é, também, de sair do estágio do “marketing da governança”, para uma governança substantiva, uma vez que pode haver menos demanda externa por boas práticas e as empresas devem incorporar a gestão sustentável em seu DNA.

O economista global do Itaú, John Welch, explicou como elementos que supostamente buscavam a regulamentação dos sistema financeiro dos Estados Unidos abriram as brechas que possibilitaram e expansão da crise por todos os mercados. Por isso ele alerta que é preciso olhar a regulamentação não apenas vendo os erros do passado, mas imaginando as necessidades do mercado financeiro do futuro. “O mundo está passando por transformações e há sinais de mudanças por todos os lados”, disse. E esta economia que emergirá da crise terá de ser mais sóbria em seus gastos do que o que havia antes. Ele alertou, também, para a existência de uma tendência de protecionismo crescente nos mercados mundiais.

Menos carbono, mais eficiência energética e buscar soluções para o aquecimento global são as mensagens mais claras deste encontro. A jornalista Miriam Leitão lembrou que os países estão em estágios diferentes em relação ao desenvolvimento, não se pode buscar consensos nas ações. E brincou: “Como no samba, se a China não quiser ir, eu vou só”, disse referindo-se a Brasil, EUA e Europa em relação às medidas de mitigação das mudanças climáticas.

Pensar e trabalhar mais

O Instituto Ethos está em uma linha de trabalho voltada para a reflexão e ação para oferecer modelos e alternativos para as empresas. Segundo Ricardo Young, presidente da organização, a idéia deste encontro com economistas foi fomentar o debate e plantar sementes de conhecimento que podem ajudar a inovar. “Vamos fazer mais”, disse. Ele explicou que vai abrir para o público uma série de atividades que estavam programadas apenas para os colaboradores do Ethos.

Young lembrou que é um bom momento para colocar a sustentabilidade, os novos paradigmas de produção e consumo, menos impactantes ambientalmente, socialmente mais responsáveis e economicamente menos predatórios como alternativa viável para a retomada do desenvolvimento. E disse que o Instituto Ethos vai trabalhar para estimular a inovação e a transformação criativa da economia, de forma a incorporar a parte da humanidade que nunca conseguiu acesso aos benefícios da sociedade de consumo.


(Envolverde/Instituto Ethos)

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