“Toda a história, cultura e civilização humanas e divinas não valem um coração grávido de infinito”.
“Quando deixamos o mundo e, súbito, nos encontramos (n)o fundo um do outro, Deus, por sua graça, des-aparece e deixa-nos a sós com (o) Nada. Abençoado seja!”.
“Quando deixamos o mundo e, súbito, nos encontramos (n)o fundo um do outro, Deus, por sua graça, des-aparece e deixa-nos a sós com (o) Nada. Abençoado seja!”.
“Não há Terra nem Céu. Somos Salto. Acrobatas dos Últimos Dias”.
“Entre-somos nos intervalos que entreabrimos no absoluto”.
“Vens de antes de Deus e de tudo. A cada instante”.
“Não nasças. Estanca o fluxo da mente. Desliga o interruptor da morte”.
“Em cada instante se condensa todo o tempo. Mal nasces tens toda a idade do mundo”.
Paulo Borges, A cada instante estamos a tempo de nunca haver nascido, pp. 13, 25, 42, 50, 57 e 58
Apontamento Biográfico
Paulo Alexandre Esteves Borges nasceu em Lisboa, na freguesia da Penha de França, no dia 5 de Outubro de 1959. Comemorou, portanto, 49 anos de idade. Completou o ensino secundário no Liceu Gil Vicente e estudou Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Nesses tempos, dedicou-se ainda à música, quer como vocalista de bandas punk (ainda que pouco soubesse cantar), quer como letrista. Depois de ter concluído a licenciatura, em 1981, leccionou Filosofia no ensino secundário durante três anos e, pouco depois, tornou-se professor do Departamento de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, no qual permanece até hoje.
Tem-se dedicado, principalmente, ao estudo do pensamento português (as suas teses de mestrado e doutoramento versaram, respectivamente, sobre os seguintes temas: A Plenificação da História em Padre António Vieira - estudo sobre a ideia de “Quinto Império” na “Defesa perante o Tribunal do Santo Ofício” (1989) e Princípio e Manifestação no Pensamento Português Contemporâneo. Metafísica e Teologia da Origem em Teixeira de Pascoaes (2000)) e da filosofia das religiões, ao mesmo tempo que se tem debruçado sobre o romance, a tradução e a dramaturgia.
Actualmente, para além de ser presidente da Associação Agostinho da Silva e da União Budista Portuguesa, é também co-director da revista Nova Águia, no entanto, sobre si próprio diz que é “um punk romântico e saudoso, um terrorista espiritual, um fundamentalista (do) sem fundo, um radical sem raiz. Um deus demoníaco. Um iluminado ignorante. E tudo o mais. Todo o Mundo-Ninguém” (A cada instante estamos a tempo de nunca haver nascido, p. 99).
Apontamento Crítico
Apresentarmos um resumo geral da obra de Paulo Borges implica necessariamente termos em conta um conjunto de categorias que, nos últimos dois séculos, em Portugal, se tem realçado e manifestado frequentemente nas filosofias dos nossos autores, a saber, o saudosismo, o providencialismo, o ecumenismo e ainda a reflexão sobre o sentido da existência humana (que se distingue, todavia, de um existencialismo mais convencional, tão próprio de Vergílio Ferreira (1916-1996) ou de Eduardo Lourenço (1923)) e da religiosidade. Mas não só. Além dessas categorias, Paulo Borges tem versado outras, dando-lhe, na maioria dos casos, uma interpretação original própria de quem, como ele, se auto-define como “português e atlântico. Nómada da saudade. Por isso Portugal não me basta. Nem a terra. Nem o céu. Nem o universo. Nem Deus. Nem Nada” (A cada instante estamos a tempo de nunca haver nascido, p. 116). Entre elas, estão as noções de infinito, de Deus, de Nada, de Tudo, de Homem, de absoluto, de espírito, de ser, de não-ser, de criação, de mundo, de saudade, de Portugal, de política, de ética, de mística, de metafísica, de poesia, de filosofia, de amor, de desejo, de renúncia, de apego, de reencarnação, de vazio, de compaixão, de distância, de regresso, de tempo, de instante, de eternidade, de apocalipse, de princípio, de fim, de nascimento e de morte.
Numa das suas obras mais recentes, A cada instante estamos a tempo de nunca haver nascido (2008), grande parte dos seus interesses conceptuais, metafísicos, religiosos e éticos são tratados, ainda que aforisticamente, de um modo imediato, certeiro, decidido, sintetizando noções que estão esparsas e dispersas nos seus outros escritos ensaísticos. Deste modo, nesta sua obra aforística, Paulo Borges alude a um tempo (talvez não-tempo) primordial, infinito, antecessor da criação, no qual todos os seres já existiam plenamente e não eram senão outra coisa do que deuses (ou até o próprio Deus: “Somos Deus, o fundo sem fundo de tudo” (p.73)), princípio e fim, o Nada.
O que o nosso autor constata, nestes aforismos, é que com o advento da Criação (cisão absoluta), os homens sucumbiram ao desejo, ao apego e à cíclica roda da auto e hetero-destruição, esquecendo-se da sua condição essencial e da sua irmandade em relação a todos os outros seres e a todo o Universo. Em A cada instante estamos a tempo de nunca haver nascido, Paulo Borges relembra-nos que uma das soluções para a atenuação dessa falha é a auto-renúncia, é a vontade de libertação e infinitude, é o querer regressar ao tempo e ao instante antes do nascimento do Mundo, de nós próprios. Neste sentido, é uma obra tanto de cariz genesíaco como apocalíptico, na medida em que fala do princípio e do fim como vectores similares. No fundo, o nascimento e a morte são a mesma coisa.
Pode parecer que a maioria dos aforismos deste livro tem uma orientação budista, já que apela para categorias como renúncia, apego, desejo, libertação, reencarnação, vacuidade e até porque, algumas vezes, se refere explicitamente a Buda. Mas não cremos que necessariamente assim seja. A linha que norteia o eixo aforístico de Paulo Borges é apenas convencionalmente metafísica e mística, simultaneamente tão ocidental como oriental. Se menciona Buda e o Vazio, igualmente se refere a Deus e à Criação, ao Génesis e ao Apocalipse. A cada instante estamos a tempo de nunca haver nascido evoca um regresso ao proto-paraíso, ao tempo e ao lugar onde não há distinções e distanciações, onde tudo é a mesma coisa, ao fim e ao cabo, onde só há (e se é) Deus, onde só há (e se é) Nada.
Aquilo que tem reflectido, ao longo de mais de vinte anos, acerca de Portugal enquanto país messiânico e providencialista, é sintetizado, neste livro de aforismos, sob a seguinte forma: “O sentido de Portugal é ser para além de ser e dar exemplo disso: um messianismo da divina transfiguração” (p. 18). Significa isto, portanto, que o futuro de Portugal passa por se assumir como “pátria alternativa planetária” (p. 19), isto é, “despertar a consciência de ser mundo e não Europa, África, América e Oceânia; (...) especializada em pontes, diálogos, mediações, especializada no universal” (p. 19). Na sua concepção, Portugal dever-se-á cumprir no seio de uma união lusófona, como “espaço mundial de encontro de línguas e culturas na promoção de uma consciência inter e transcultural, holística e solidária” (p. 19). Deste modo, este entendimento é o resultado de uma consciencialização muito apurada que remonta aos finais do anos ’80. Nesta época, sobretudo num texto que publica, em 1989, na revista Leonardo – “Portugal: entre a nação e a pátria” –, Paulo Borges concebia já Portugal como “nação universo”. Mas se Portugal se deve pensar no seio da lusofonia, não se pode ignorar, de igual forma, os seus “arquétipos mítico-simbólicos do extremo-ocidente peninsular e finistérrico”, tal como escreve o nosso autor, em 1997, na revista V. Ou seja, as suas raízes enquanto país da Península, da Ibéria, da Finisterra Ocidental que lhe permitiram, em grande medida, erigir-se como país atlântico e universalista. De qualquer maneira, sem se esquecer os seus fundamentos, Portugal deverá equacionar-se enquanto país lusófono, no meio de todos os outros países lusófonos. Todavia, pelas características que desde há muito evidenciou (anseio de universalidade, de paz, de espiritualidade,...), poderá ter um papel importante na edificação da tão almejada constelação lusófona. Cremos que é nesse sentido que Paulo Borges antevê Portugal como “pátria alternativa planetária”.
Discípulo directo de Francisco da Gama Caeiro (1928-1994), de António Quadros (1923-1993) e de Agostinho da Silva (1906-1994), Paulo Alexandre Esteves Borges cedo começou por invocar os ideais do grupo da filosofia portuguesa (e, nesse sentido, acabou por se tornar um dos mais exímios representantes na sua geração) mas, mais tarde, haveria de ampliar o seu universo temático para lá daquele que é típico da filosofia portuguesa, enriquecendo, deste modo, a sua hermenêutica filosófica e a sua obra conceptual.
Bibliografia Indicativa
Trespasse (poesia), 1984
Capital (poesia), 1988
Ronda da Folia Adamantina (poesia), 1992
A Plenificação da História em Padre António Vieira - estudo sobre a ideia de “Quinto Império” na “Defesa perante o Tribunal do Santo Ofício”, 1995
Do Finistérreo Pensar, 2001
Pensamento Atlântico. Estudos e ensaios de pensamento luso-brasileiro, 2002
Tempos de Ser Deus. A Espiritualidade Ecuménica de Agostinho da Silva, 2006
Línguas de Fogo. Paixão, Morte e Iluminação de Agostinho da Silva (romance), 2006
Folia. Mistério de uma Noite de Pentecostes (teatro), 2007
A cada instante estamos a tempo de nunca haver nascido (aforismos), 2008
Princípio e Manifestação – Metafísica e Teologia da Origem em Teixeira de Pascoaes (2 vols.), 2008
Da Saudade como via de libertação, 2008
A Pedra, a Estátua e a Montanha – O V Império no Padre António Vieira, 2008
“Entre-somos nos intervalos que entreabrimos no absoluto”.
“Vens de antes de Deus e de tudo. A cada instante”.
“Não nasças. Estanca o fluxo da mente. Desliga o interruptor da morte”.
“Em cada instante se condensa todo o tempo. Mal nasces tens toda a idade do mundo”.
Paulo Borges, A cada instante estamos a tempo de nunca haver nascido, pp. 13, 25, 42, 50, 57 e 58
Apontamento Biográfico
Paulo Alexandre Esteves Borges nasceu em Lisboa, na freguesia da Penha de França, no dia 5 de Outubro de 1959. Comemorou, portanto, 49 anos de idade. Completou o ensino secundário no Liceu Gil Vicente e estudou Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Nesses tempos, dedicou-se ainda à música, quer como vocalista de bandas punk (ainda que pouco soubesse cantar), quer como letrista. Depois de ter concluído a licenciatura, em 1981, leccionou Filosofia no ensino secundário durante três anos e, pouco depois, tornou-se professor do Departamento de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, no qual permanece até hoje.
Tem-se dedicado, principalmente, ao estudo do pensamento português (as suas teses de mestrado e doutoramento versaram, respectivamente, sobre os seguintes temas: A Plenificação da História em Padre António Vieira - estudo sobre a ideia de “Quinto Império” na “Defesa perante o Tribunal do Santo Ofício” (1989) e Princípio e Manifestação no Pensamento Português Contemporâneo. Metafísica e Teologia da Origem em Teixeira de Pascoaes (2000)) e da filosofia das religiões, ao mesmo tempo que se tem debruçado sobre o romance, a tradução e a dramaturgia.
Actualmente, para além de ser presidente da Associação Agostinho da Silva e da União Budista Portuguesa, é também co-director da revista Nova Águia, no entanto, sobre si próprio diz que é “um punk romântico e saudoso, um terrorista espiritual, um fundamentalista (do) sem fundo, um radical sem raiz. Um deus demoníaco. Um iluminado ignorante. E tudo o mais. Todo o Mundo-Ninguém” (A cada instante estamos a tempo de nunca haver nascido, p. 99).
Apontamento Crítico
Apresentarmos um resumo geral da obra de Paulo Borges implica necessariamente termos em conta um conjunto de categorias que, nos últimos dois séculos, em Portugal, se tem realçado e manifestado frequentemente nas filosofias dos nossos autores, a saber, o saudosismo, o providencialismo, o ecumenismo e ainda a reflexão sobre o sentido da existência humana (que se distingue, todavia, de um existencialismo mais convencional, tão próprio de Vergílio Ferreira (1916-1996) ou de Eduardo Lourenço (1923)) e da religiosidade. Mas não só. Além dessas categorias, Paulo Borges tem versado outras, dando-lhe, na maioria dos casos, uma interpretação original própria de quem, como ele, se auto-define como “português e atlântico. Nómada da saudade. Por isso Portugal não me basta. Nem a terra. Nem o céu. Nem o universo. Nem Deus. Nem Nada” (A cada instante estamos a tempo de nunca haver nascido, p. 116). Entre elas, estão as noções de infinito, de Deus, de Nada, de Tudo, de Homem, de absoluto, de espírito, de ser, de não-ser, de criação, de mundo, de saudade, de Portugal, de política, de ética, de mística, de metafísica, de poesia, de filosofia, de amor, de desejo, de renúncia, de apego, de reencarnação, de vazio, de compaixão, de distância, de regresso, de tempo, de instante, de eternidade, de apocalipse, de princípio, de fim, de nascimento e de morte.
Numa das suas obras mais recentes, A cada instante estamos a tempo de nunca haver nascido (2008), grande parte dos seus interesses conceptuais, metafísicos, religiosos e éticos são tratados, ainda que aforisticamente, de um modo imediato, certeiro, decidido, sintetizando noções que estão esparsas e dispersas nos seus outros escritos ensaísticos. Deste modo, nesta sua obra aforística, Paulo Borges alude a um tempo (talvez não-tempo) primordial, infinito, antecessor da criação, no qual todos os seres já existiam plenamente e não eram senão outra coisa do que deuses (ou até o próprio Deus: “Somos Deus, o fundo sem fundo de tudo” (p.73)), princípio e fim, o Nada.
O que o nosso autor constata, nestes aforismos, é que com o advento da Criação (cisão absoluta), os homens sucumbiram ao desejo, ao apego e à cíclica roda da auto e hetero-destruição, esquecendo-se da sua condição essencial e da sua irmandade em relação a todos os outros seres e a todo o Universo. Em A cada instante estamos a tempo de nunca haver nascido, Paulo Borges relembra-nos que uma das soluções para a atenuação dessa falha é a auto-renúncia, é a vontade de libertação e infinitude, é o querer regressar ao tempo e ao instante antes do nascimento do Mundo, de nós próprios. Neste sentido, é uma obra tanto de cariz genesíaco como apocalíptico, na medida em que fala do princípio e do fim como vectores similares. No fundo, o nascimento e a morte são a mesma coisa.
Pode parecer que a maioria dos aforismos deste livro tem uma orientação budista, já que apela para categorias como renúncia, apego, desejo, libertação, reencarnação, vacuidade e até porque, algumas vezes, se refere explicitamente a Buda. Mas não cremos que necessariamente assim seja. A linha que norteia o eixo aforístico de Paulo Borges é apenas convencionalmente metafísica e mística, simultaneamente tão ocidental como oriental. Se menciona Buda e o Vazio, igualmente se refere a Deus e à Criação, ao Génesis e ao Apocalipse. A cada instante estamos a tempo de nunca haver nascido evoca um regresso ao proto-paraíso, ao tempo e ao lugar onde não há distinções e distanciações, onde tudo é a mesma coisa, ao fim e ao cabo, onde só há (e se é) Deus, onde só há (e se é) Nada.
Aquilo que tem reflectido, ao longo de mais de vinte anos, acerca de Portugal enquanto país messiânico e providencialista, é sintetizado, neste livro de aforismos, sob a seguinte forma: “O sentido de Portugal é ser para além de ser e dar exemplo disso: um messianismo da divina transfiguração” (p. 18). Significa isto, portanto, que o futuro de Portugal passa por se assumir como “pátria alternativa planetária” (p. 19), isto é, “despertar a consciência de ser mundo e não Europa, África, América e Oceânia; (...) especializada em pontes, diálogos, mediações, especializada no universal” (p. 19). Na sua concepção, Portugal dever-se-á cumprir no seio de uma união lusófona, como “espaço mundial de encontro de línguas e culturas na promoção de uma consciência inter e transcultural, holística e solidária” (p. 19). Deste modo, este entendimento é o resultado de uma consciencialização muito apurada que remonta aos finais do anos ’80. Nesta época, sobretudo num texto que publica, em 1989, na revista Leonardo – “Portugal: entre a nação e a pátria” –, Paulo Borges concebia já Portugal como “nação universo”. Mas se Portugal se deve pensar no seio da lusofonia, não se pode ignorar, de igual forma, os seus “arquétipos mítico-simbólicos do extremo-ocidente peninsular e finistérrico”, tal como escreve o nosso autor, em 1997, na revista V. Ou seja, as suas raízes enquanto país da Península, da Ibéria, da Finisterra Ocidental que lhe permitiram, em grande medida, erigir-se como país atlântico e universalista. De qualquer maneira, sem se esquecer os seus fundamentos, Portugal deverá equacionar-se enquanto país lusófono, no meio de todos os outros países lusófonos. Todavia, pelas características que desde há muito evidenciou (anseio de universalidade, de paz, de espiritualidade,...), poderá ter um papel importante na edificação da tão almejada constelação lusófona. Cremos que é nesse sentido que Paulo Borges antevê Portugal como “pátria alternativa planetária”.
Discípulo directo de Francisco da Gama Caeiro (1928-1994), de António Quadros (1923-1993) e de Agostinho da Silva (1906-1994), Paulo Alexandre Esteves Borges cedo começou por invocar os ideais do grupo da filosofia portuguesa (e, nesse sentido, acabou por se tornar um dos mais exímios representantes na sua geração) mas, mais tarde, haveria de ampliar o seu universo temático para lá daquele que é típico da filosofia portuguesa, enriquecendo, deste modo, a sua hermenêutica filosófica e a sua obra conceptual.
Bibliografia Indicativa
Trespasse (poesia), 1984
Capital (poesia), 1988
Ronda da Folia Adamantina (poesia), 1992
A Plenificação da História em Padre António Vieira - estudo sobre a ideia de “Quinto Império” na “Defesa perante o Tribunal do Santo Ofício”, 1995
Do Finistérreo Pensar, 2001
Pensamento Atlântico. Estudos e ensaios de pensamento luso-brasileiro, 2002
Tempos de Ser Deus. A Espiritualidade Ecuménica de Agostinho da Silva, 2006
Línguas de Fogo. Paixão, Morte e Iluminação de Agostinho da Silva (romance), 2006
Folia. Mistério de uma Noite de Pentecostes (teatro), 2007
A cada instante estamos a tempo de nunca haver nascido (aforismos), 2008
Princípio e Manifestação – Metafísica e Teologia da Origem em Teixeira de Pascoaes (2 vols.), 2008
Da Saudade como via de libertação, 2008
A Pedra, a Estátua e a Montanha – O V Império no Padre António Vieira, 2008
2 comentários:
Como ninguém comentava, vim eu. É quase Natal.
Caro Paulo, li com atenção o seu perfil e como em quase tudo temos pontos em comum.
O Punk na sua rudeza e liberdade, foi o meu desabrochar em termos de música e também como livre pensador. O excesso a solução. Coincidiu que descobri o anarquismo por via dum amigo a quem o avõ que era anarquista tinha morrido e de herança tinha lhe deixado a coleção completa do Jornal a Batalha e muitas revistas anarquistas do princípio do séc. XX. Houve uma que me agradou especialmente, de 1908, a Renovação, se não estou em erro, que falava contra as touradas e sobre a emancipação das mulheres e o amor livre, fiquei fascinado com o livre pensamento desses nossos avós e até hoje o estou.
O facto de nascermos com todo o conhecimento do mundo parece-me agora natural, mas a adolescência prega-nos partidas e existem anos de desconstrução e destruição da nossa pureza inicial e nesses anos criamos a incapacidade de sonhar mundos alternativos com a mesma realidade com que os vivemos no mundo material, é a matéria a corromper o espírito.
Lembro-me que até aos 12 anos brincava num espaço de jardim que tinha um metro por 50 cm e aí inventava tudo e a minha imaginação levava-me a tornar real o espaço desse sonho, um dia não sei porquê, ao brincar perdi o sonho, a minha imaginação deixou de voar e fiquei triste, muito triste, tive de passar por muitas experiências e excessos para que o sonho e a imaginação voltassem e com eles a felicidade.
O Homem sem o seu sublime não é mais que matéria que se vai decompondo, a única coisa que nos faz estar vivos neste planeta é a capacidade de imaginação e a criatividade anárquica, quando tentamos pôr freios e obstáculos à liberdade só nós e Deus sofremos com isso.
Não consigo por isso ser Budista, pois o budismo é ateísta e eu sou Deus enquanto Deus quiser.
L+G
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