A Águia, órgão do Movimento da Renascença Portuguesa, foi uma das mais importantes revistas do início do século XX em Portugal. No século XXI, a Nova Águia, órgão do MIL: Movimento Internacional Lusófono, tem sido cada vez mais reconhecida como "a única revista portuguesa de qualidade que, sem se envergonhar nem pedir desculpa, continua a reflectir sobre o pensamento português". 
Sede Editorial: Zéfiro - Edições e Actividades Culturais, Apartado 21 (2711-953 Sintra). 
Sede Institucional: MIL - Movimento Internacional Lusófono, Palácio da Independência, Largo de São Domingos, nº 11 (1150-320 Lisboa). 
Contactos: novaaguia@gmail.com ; 967044286. 

Donde vimos, para onde vamos...

Donde vimos, para onde vamos...
Ângelo Alves, in "A Corrente Idealistico-gnóstica do pensamento português contemporâneo".

Manuel Ferreira Patrício, in "A Vida como Projecto. Na senda de Ortega e Gasset".

Onde temos ido: Mapiáguio (locais de lançamentos da NOVA ÁGUIA)

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terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Sobre Agostinho da Silva...

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Ricardo Cabaça
UM HOMEM COMPROMETIDO COM OS VALORES HUMANOS


Os grandes amores de Agostinho da Silva foram a Liberdade e Portugal, sentiu amor pela língua que é falada por 230 milhões de pessoas, foi português no sentido mais profundo.
Não podemos dissociar as duas paixões de Agostinho da Silva, na medida em que sempre procurou o valor mais alto da Humanidade no seu país e no mundo. A sua arma mais perigosa terá sido o intelecto, aquele órgão invisível que assusta as pessoas e o poder.
Agostinho da Silva apreciava as conversas e as trocas de ideias, mas em 1935 não foi na conversa quando o convidaram a assinar a Lei Cabral. Acabou demitido do ensino oficial por se recusar a admitir se pertencia ou se tinha pertencido a algum organismo secreto ou subversivo. Não ficou sem palavras perante a ofensa, pelo contrário, o seu silêncio provou que não podiam impor-lhe ideias, pois a oposição estava implícita.
A desilusão de não poder ensinar em Portugal e conjuntura política levaram-no para Espanha, país que não sendo o seu, podia ao menos estar mais próximo quando o regime caísse. Porém, a vitória dos socialistas nas eleições espanholas irritou algumas pessoas, em particular Francisco Franco, ou como o próprio preferia, o generalíssimo. A urticária da derrota levou os falangistas a pegar nas armas e a declarar guerra à democracia. Agostinho da Silva, avesso a guerras e agressões, decide regressar a Portugal.
Como a luta intelectual pela liberdade não se esgota, a vontade das pessoas funciona como munição inesgotável, o professor continua a defender as suas ideias e acima de tudo, o direito a que todos tenham e possam defender as próprias ideias. A perseguição que lhe foi movida não cessou e em 1943 foi preso pela PVDE, no Aljube. O motivo desta vez não passava por leis ou por graves ofensas ao Estado-Novo, simplesmente a Igreja não gostou dos seus textos “O Cristianismo” e “Doutrina Cristã”. O combate foi acesso, mas no fim, o Cardeal Cerejeira, então Patriarca de Lisboa e figura mais medieval da Igreja portuguesa, bem como o Padre Raul Machado levaram a melhor, ficando o professor preso e toda a sua biblioteca confiscada e inventariada.
Depois da estadia no Aljube, Agostinho da Silva parte para o Brasil, não como conquistador de terras, mas como alguém interessado no povo brasileiro, na história que une os dois países, a cultura. No entanto, a língua assumia um papel preponderante, a escolha pelo Brasil não terá sido ao acaso, quando podia ter optado por qualquer país no mundo, escolheu aquele que lhe permitia manter a ilusão de um certo Portugal. Não fora a primeira vez que um português decidira partir para o Brasil, fugindo de um poder opressor, em 1808 D. João VI, juntamente com uma comitiva de dez mil almas, fugiu às invasões napoleónicas e planeou transferir o poder para o Rio de Janeiro, deixando Lisboa à mercê dos franceses. Agostinho da Silva sempre acalentou o desejo de regressar a Portugal e fê-lo em 1969, já com Salazar fora do poder, vítima de uma hematoma craniano. Para trás deixou uma ditadura militar, cada vez mais dura e sangrenta, liderada por Castelo Branco, Costa e Silva, e por último, Emílio Médici. Agostinho da Silva terá acreditado na tal primavera marcelista, mas só em 1974 veria restituído o seu cargo de professor, bem como o direito a uma reforma pelos serviços prestados no ensino português.
Sempre em fuga, mas com Portugal e a liberdade no pensamento, o corpo tão distante da sua pátria e a cabeça dentro das fronteiras lusas. É este Agostinho da Silva que aprecio, um homem comprometido com os valores humanos, um homem sempre consciente do seu papel no mundo.

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